Alimento feio é vendido com até 40% de desconto em supermercados

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Estratégia ajuda a reduzir o desperdício e também a enfrentar a disparada de preços nas compras mensais das famílias

 



No Brasil, cerca de sete milhões de toneladas de frutas e aproximadamente seis milhões de toneladas de hortaliças são desperdiçados por ano. O volume seria equivalente a 30% e 35% do total produzido, respectivamente.Para tentar reduzir este percentual, as redes supermercadistas estão investindo no controle do desperdício. O consumidor pode economizar até 40% no preço dos produtos.

O alimento fora dos padrões, apesar de manter a mesma qualidade nutricional, não costuma ser visto com valor comercial pelo varejo. No entanto, a visão está mudando.

No país, o grupo Carrefour criou o Sans Form — programa que vende frutas,legumes e verduras com até 40% de desconto para os consumidores. Estes produtos são sinalizados por meio de um mobiliário específico, instalado em lojas da rede Atacadão — bandeira de atacarejo do Carrefour — e vendem onze tipos de legumes e frutas. A iniciativa, até o momento, se restringe a São Paulo, nas unidades Vila Maria e Parelheiros.

“A ideia do projeto é mudar a cultura do desperdício. Todas as quintas-feiras os estandes são montados e, além deste programa, a rede doa anualmente mais de 1.160 toneladas de alimentos que são destinados a bancos de alimentos no país”, diz o diretor-presidente do Atacadão, Roberto Müssnich. A doação se estende a outras bandeiras do Grupo Carrefour, que doaram 1.800 toneladas de alimentos em 2014, além das arrecadadas no Atacadão.

OUTRAS INICIATIVAS
Concorrente do Carrefour, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) também segue o mesmo caminho com a oferta de alimentos com descontos de até 40%. Eles são apresentados em gôndolas sinalizadas nos supermercados. O objetivo, além de apresentar opções mais acessíveis ao consumidor, é evitar desperdício dentro das lojas da rede. O grupo também faz doações de alimentos para instituições cadastradas e validadas pelo Instituto GPA — braço social da varejista. No ano passado, foram doados quase três toneladas de alimentos a mais de 300 instituições.

Segundo o pesquisador da Embrapa, Antônio Gomes Soares, o Brasil ainda engatinha neste tipo de iniciativa. Mas ele afirma que existem iniciativas em andamento que precisam de mais divulgação e engajamento: “Há iniciativas como sacolões volantes que vendem as frutas e hortaliças que estão fora de padrão de comercialização, mas possuem qualidade e segurança alimentar para serem consumidas”.

Iniciativa pioneira surgiu em Portugal em 2013

Um dos maiores incentivos para os programas de consumo dos produtos “feios” vem da repercussão internacional de uma cooperativa portuguesa chamada Fruta Feia, surgida no final de 2013. Hoje, a iniciativa conta com 500 consumidores associados e impede o desperdício semanal de duas toneladas de alimentos.

Produtos pequenos, grandes demais ou disformes e que não conseguem ser escoados para supermercados são selecionados e vendidos em duas opções de cestas, com custos mais baixos. Os compradores são famílias cadastradas, predominantemente de baixa renda.

Todos os anos, no mundo, o equivalente a US$750 bilhões (R$ 2,38 tri) é registrado em desperdício de alimentos, seja por contaminação ou pelo fato de um percentual de frutas, legumes e verduras serem considerados “feios”, ou seja, fora dos padrões estéticos para venda. Os dados são da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em relatório sobre custo das perdas.

Prática reduz gasto com comida

As iniciativas que buscam destinação para os produtos “feios” também são uma boa novidade para aliviar o bolso do consumidor, em um momento em que a inflação aperta as finanças das famílias.

Desde o início do ano, os preços das frutas tiveram aumento de 6,74%, segundo o IBGE. No mês passado houve desaceleração no índice, que passou de 1,77%, em março, para 0,72% em abril. “Os sacolões volantes vendem frutas e hortaliças para comunidades com baixo poder aquisitivo, por preços mais em conta, com a meta de reduzir perdas ou desperdícios dos produtos aptos ao consumo humano. Os bancos de alimentos também fazem este papel”, diz Antônio Gomes Soares, da Embrapa.

Ainda de acordo com o especialista da Embrapa, a entidade tem trabalhos de pesquisa para produzir técnicas voltadas aos pequenos e médios produtores rurais, diminuindo problemas de qualidade e também de estética que impeçam a comercialização no mercado. “O trabalho é mais um meio de geração de renda para o produtor”, continua Soares.



Veículo: O Dia Online - RJ


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