Alta de combustíveis não deverá repor defasagem

Leia em 3min

Cálculos internos da Petrobrás indicam que a gasolina e o diesel teriam de subir 18%; analistas estimam reajuste de combustíveis entre 12,15% e 13,5%


A redução no preço da energia, em janeiro, abrirá espaço para que a Petrobrás reajuste os preços de seus combustíveis, mas ainda de forma insuficiente para que a empresa os equipare aos do mercado externo. De acordo com fontes, a Petrobrás calcula internamente em 18% a defasagem atual entre o preço doméstico da gasolina e o internacional. O diesel seguiria igual proporção.

O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) estima que a redução de 16,2% na eletricidade residencial, anunciada pelo governo para a partir de janeiro, equivale a um recuo de 0,54% na inflação medida pelo IPCA. Com essa redução, seria possível reajustar em 13,5% o diesel e a gasolina sem impacto na inflação, diz o consultor Adriano Pires.

O IBGE é mais conservador: estima impacto de 0,49 ponto porcentual no IPCA, o que abriria espaço para um reajuste mais baixo nos combustíveis, de 12,15%. A estimativa de defasagem de 18% nos preços, usada pela Petrobrás, é também bem inferior à do mercado. O CBIE, por exemplo, calculou ontem a atual diferença de preços em 27,2% para a gasolina e de 27,7% para o diesel.

Independentemente do cálculo, o alívio que o barateamento da conta de luz vai proporcionar à inflação a partir de janeiro é insuficiente para que a companhia equipe seus preços com o mercado internacional, caso o governo opte por essa estratégia.

A diferença de preços, no primeiro semestre, custou US$ 6 bilhões à Petrobrás, que para dar conta do crescimento da demanda do mercado interno precisa importar combustíveis mais caros que os vendidos em postos.

Gráficos da própria companhia mostram que, desde janeiro de 2011, a defasagem de preços gera prejuízo à Petrobrás. Há quase oito anos não há reajuste de preços com impacto nas bombas. Os aumentos vinham sendo compensados com cortes na Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), zerada desde o último reajuste de diesel (3,94%) e gasolina (7,83%), em junho deste ano.

A possibilidade de usar a redução na conta de luz para reajustar o preço dos combustíveis sem impacto na bomba foi citada na última reunião do conselho de administração da Petrobrás, em 3 de agosto, segundo fontes.

Porém, essa não foi a única estratégia para melhorar a remuneração da companhia mencionada pelo conselho, ou em estudo no governo. O possível aumento da mistura do etanol (de 20% para até 25%) à gasolina também foi citado. Além disso, o governo apostaria na possibilidade de redução dos preços do petróleo tipo Brent no mercado internacional nos próximos meses. Outra possibilidade seria a diminuição da margem de distribuidores, estratégia ainda não confirmada.

Sem data. Segundo fontes, o governo (a União controla a estatal de capital misto) ainda não tem data para reajustar os combustíveis. Tampouco está estabelecida se a estratégia será a de dar aumento só no ano que vem, quando entra em vigor o corte no preço de energia e a nova safra de cana-de-açúcar, ou de parcelar os reajustes e permitir algum aumento ainda este ano.

Mas o governo tem sido cobrado para que estabeleça uma política de reajuste de preços com um período claro para a paridade. O tema foi tratado em carta de investidores estrangeiros e brasileiros encaminhadas à companhia, como revelou a Agência Estado na semana passada. Também foi motivo de cobrança de conselheiros da companhia, segundo uma fonte. Já a Petrobrás diz que sua política é de médio e longo prazos, de forma a não repassar a volatilidade do mercado externo aos preços internos.



Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Nordeste quer apoio para estocagem e venda na região

Temerosos quanto à sobrevivênvia dos rebanhos, os estados nordestinos pedem ao governo federal medida provi...

Veja mais
Inflação no varejo paulistano cai 0,1%, diz FecomercioSP

Em função da redução do IPI, veículos contribuíram para a baixa do Índi...

Veja mais
Inmetro quer mudanças na fabricação de fornos e fogões

Volume de reclamações registradas no Inmetro em relação à alta temperatura de fornos ...

Veja mais
Setor de chocolates cresce mais de 4% no primeiro semestre

Produção nacional no período foi de 228 mil toneladasO último balanço da Associa&cced...

Veja mais
Confiança Supermercados comemora 29 anos

Com o slogan "A Casa é sua!" a rede Confiança Supermercados tem o objetivo de traduzir o sentimento com to...

Veja mais
Domingo é o segundo melhor dia em vendas

Ter as portas abertas aos domingos e feriados é uma estratégia que mostra-se cada vez mais lucrativa para ...

Veja mais
Fabricantes de cama, mesa e banho tentam se reestruturar

Após um primeiro semestre de vendas fracas, as fabricantes de cama, mesa e banho moderam o otimismo para a segund...

Veja mais
Agricultura familiar ganha espaço nos supermercados

Produtos orgânicos e frescos nas prateleiras não é mais exclusividade de feiras. Hoje, varejistas in...

Veja mais
Setor atacadista espera faturar 5% a mais neste ano

Mesmo com a desaceleração econômica vivenciada pelo país, o setor atacadista distribuidor esp...

Veja mais