O consumidor que está aguardando uma promoção ou esperando uma boa oportunidade para adquirir produtos como fogões, geladeiras e outros eletrodomésticos (a chamada ‘linha branca') pode ter uma surpresa quando for às lojas. O motivo é o aumento significativo nos preços do aço, matéria-prima vital para a fabricação dessas mercadorias e de uma uma série de outros produtos, incluindo eletroportáteis, como liquidificadores, batedeiras e ventiladores, e até motos e automóveis.

 

As altas acumuladas no aço, desde o final do ano passado, chegam perto dos 50% e a grande preocupação dos fabricantes de eledomésticos é com relação ao aumento no custo final de seus produtos, que já subiram entre 4% e 6%, e podem sofrer novos aumentos.

 

Pequenos reajustes já foram notados no mercado, nos produtos da chamada ‘linha branca', que responde pela produção de eletrodomésticos. A gerenciadora de categorias da rede supermercadista Coop, Débora Alves Correia, conta que os eletrodomésticos apresentam aumentos de 4%, em média. "Vivemos em função do mercado, quando o custo da matéria-prima aumenta, isso vai se refletir", comenta.

 

Segundo Débora, alguns produtos já estão em falta. "Os fabricantes alegam que não estão recebendo componentes de aço no mesmo ritmo de sua produção, devido à alta de preços. Isso nos preocupa porque só temos estoque para, no máximo, 40 dias", enfatiza.

Para evitar que os preços assustem o consumidor, a estratégia dos lojistas é negociar descontos com os fabricantes. Mas a medida somente consegue retardar a elevação de preços até o final do estoque.

 

O Extra, do Grupo Pão de Açúcar, disse que ainda não registrou altas nos produtos de linha branca nas últimas semanas. Ciente dos seguidos aumentos do aço, a rede antecipou suas encomendas, para driblar o possível reajuste de preços, explicou a assessoria da rede.

 

MERCADO

 

"Se a indústria tiver que absorver reajustes na mesma proporção que os aumentos do aço, o impacto em termos de competitividade dos produtos será inevitável", adverte Lourival Kiçula, presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos). O assessor econômico da Fecomércio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), Fábio Pina, atribui esse cenário ao aumento da demanda mundial pelo aço. "Outros países, como a China e a Índia, estão em plena expansão econômica, consomem mais aço do que produzem e são obrigados a comprar no Exterior. Muita procura para pouca matéria-prima resulta em aumento dos preços", explica.

 

Ele prevê, inclusive, uma retração nas vendas com o provável aumento de preços na linha branca. Para ele, "é natural o mercado venha a sentir um recuo no volume de vendas, considerando que os produtos devem subir mais que a renda do consumidor."

 

Veículo: Diário do Grande ABC