Zona Franca de Manaus já trabalha com perspectiva de voltar ao pré-crise

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A Zona Franca de Manaus (ZFM) está próxima de retomar os níveis de emprego e faturamento anteriores ao estouro da crise financeira internacional. Com anúncios de novos investimentos e a recuperação de setores como os de motocicletas e de eletroeletrônicos, a Superintendência da Zona Franca (Suframa) já trabalha com a perspectiva de que no ano que vem os principais indicadores apresentem resultados superiores aos de 2008. Apenas na última semana, ao menos três empresas anunciaram a intenção de levar novas unidades de produção para o Polo Industrial da capital do Amazonas.

 

Nas estimativas da superintendente da Suframa, Flávia Grosso, o faturamento deste ano do Polo Industrial de Manaus (PIM) deverá ser entre 7% e 16,5% inferior ao do ano passado, quando foi registrado um resultado de US$ 30 bilhões. Porém, segundo ela, para 2010 o órgão trabalha com uma previsão de superar os mesmos US$ 30 bilhões. "Acredito que a ZFM sairá da crise com mais empresas e empregos do que quando entrou", disse a representante da Suframa, ao informar também que o PIM emprega hoje 108 mil pessoas, contra 115 mil do período pré-crise.

 
 
De acordo com ela, o caso mais recente de retomada de investimentos é o da multinacional Samsung, que pretende produzir aparelhos de ar-condicionado na região. A Suframa ainda não recebeu o pedido da companhia, mas a superintendente do órgão relatou ter conversado com a direção da empresa e ter sido informada de que o objetivo da Samsung é de iniciar a produção já no ano que vem. As declarações de Flávia foram dadas durante o lançamento da Feira Internacional da Amazônia, realizada em São Paulo na semana passada. A empresa não comentou o assunto.

 

Os demais investimentos anunciados na semana passada são do setor de duas rodas. Na Índia, a Bajaj Auto informou a pretensão de produzir em Manaus já no ano que vem. E aqui no Brasil, a MVK, que apenas importa motocicletas e quadriciclos da China, anunciou no começo da semana um investimento de R$ 32 milhões para a instalação de uma fábrica no PIM. Segundo Guillermo Altrichter, diretor da empresa, a capacidade da unidade será de 20 mil unidades por ano. "Já estamos com o projeto aprovado na Suframa e pretendemos iniciar a produção em março do ano que vem", contou.

 

Além da unidade da MVK, outros dez projetos do segmento já estão aprovados pela superintendência. Na opinião de Paulo Takeushi, presidente Abraciclo (entidade que reúne os fabricantes), o volume de projetos de instalação de fábricas no polo reflete a expectativa de crescimento expressivo das vendas já no ano que vem.

 

Ainda assim, neste ano o número de novos projetos segue em queda, com 170 até setembro, enquanto que em 2008 foram 335. A superintendente não estimou um número de projetos para 2010.
"Passamos por momentos difíceis neste ano, mas estamos em processo de retomada, o que deve atrair novos investidores", analisou. Conforme os dados da entidade, a previsão de produção para este ano é de 1,7 milhão de unidades, 18% inferior a de 2008 e similar ao registrado em 2007. No entanto, para 2010 a Abraciclo já trabalha com a possibilidade de um crescimento de até 12% em relação ao desempenho deste ano.

 

A meta ainda pode ser revista até dezembro, já que os fabricantes de motocicletas estão pleiteando a prorrogação dos incentivos dados pelos governos federal e estadual. No fim de março, o governo federal anunciou a redução de 3% para 0% da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) cobrada nas vendas de motos com até 150 cilindradas. Já o governo estadual renunciou parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

 

O argumento, além da presença forte no número de projetos aprovados pela Suframa, é de que o segmento de duas rodas representa 40% da mão de obra do PIM, com cerca de 40 mil trabalhadores empregados nas montadoras e fornecedores.

 

No caso dos fornecedores, apesar da produção inferior em 2009, o sentimento é de alívio, pois os novos investimentos significam mais clientes. Na Mangels, que instalou um centro de serviços de aço no fim de 2008, ainda que os volumes não tenham se recuperado por completo, a situação já melhorou significativamente. "Temos uma visão bastante otimista. Nosso objetivo era o atendimento da Honda [maior montadora de motocicletas do país] e seus subfornecedores. Ambos estão apresentando resultados melhores", disse Thomas Angiyalossy, superintendente da divisão aços.

 


Veículo: Valor Econômico


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