Agregar valor é vital para exportar para Ásia

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Com objetivo de contribuir para elevar em 20% as exportações dos setores de jóias, vestuário, calçados e bolsas e cuidados pessoais para os países asiáticos entre 2009 e 2010, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex) desenvolveu um estudo sobre oportunidades de negócios em tais segmentos na Ásia. As cidades alvo são Pequim, Hong Kong, Xangai, Tóquio e Seul.

 

A despeito da moeda brasileira estar depreciada em relação ao dólar, o que torna o produto brasileiro mais competitivo no exterior, o diretor de negócios da Apex-Brasil, Maurício Borges, disse à Gazeta Mercantil que hoje o fator determinante para vendas ao mercado dessas metrópoles asiáticas são produtos com alto valor agregado destinados principalmente à classe média. Apenas na China, tal público soma 100 milhões de pessoas. É mais da metade da população brasileira, comparou o dirigente do órgão. Conforme entende Borges, é no poder aquisitivo desse público que os empresários brasileiros precisam focar seus negócios.

 

No caso específico da China, ele reconhece o esforço que os brasileiros teriam que fazer para conquistar um mercado conhecido no mundo como fornecedor de produtos baratos. Segundo a pesquisa, existem mercados para produtos de alta qualidade e com designs diferenciados. "A ideia é entrar no mercado com produtos diferenciados, com valor agregado e confecção ligada a sustentabilidade", sugere Borges, que não revela as estratégias do estudo em sua totalidades. "Os concorrentes podem colocar barreiras e impedirem a entrada dos nossos produtos (nesses países)", justifica o executivo.

 

Hoje a China, que possui o maior mercado de jóias, vestuário, calçados e bolsas, e cuidados pessoais e cosméticos - dentre as cidades citadas - já é o terceiro maior comprador dos produtos brasileiros. O estudo da Apex mostra que em Pequim os quatro segmentos juntos movimentam US$ 74,5 bilhões anuais. Apenas o mercado de jóias responde por volume de negócios de US$ 26 bilhões ao ano, com previsão de crescimento de 16% anuais nos próximos cinco anos. O gasto anual com jóias é de US$ 1.230, o equivalente a 7% da renda média anual familiar. As pessoas entre 50 e 59 anos tendem a gastar mais, sendo que os artigos mais vendidos são anéis e colares. Já os broches são menos populares. Dentre os produtos, a platina, o diamante e o ouro são os materiais mais vendidos em Xangai. Segundo o estudo, o mercado de jóias está "relativamente" consolidado. As empresas estrangeiras começam a explorar este setor de luxo. O estudo mostra que as pedras brasileiras têm oportunidades "significativas, caso sejam apresentadas como um produto único do Brasil". Neste caso, é necessário enfatizar a qualidade, técnica e o valor das pedras.

 

Já os negócios no mercado de vestuário atingem US$ 30 bilhões, com perspectiva de crescimento de 10% nos próximos cinco anos, sendo que a "qualidade é o critério mais importante" na hora da compra.

 

O estudo mostra que os consumidores de Pequim ainda não sentem o impacto da crise financeira no bolso. Por essa razão, não mudaram o seu comportamento. A economia chinesa cresceu mais de 6% no primeiro trimestre deste ano, mesmo diante do agravamento da crise mundial.

 

Foram entrevistadas cerca de 135 pessoas no decorrer dos últimos oito meses, entre representantes de distribuidores, lojas de departamento e compradores em geral. A Apex recolheu ainda opinião de representantes de revistas de moda, agências de promoção, consultores, fazendo com que a o documento chegasse a mais de quatro mil páginas. Borges disse que o estudo traça as diretrizes necessárias para auxiliar os empresários brasileiros a fazer negócios nos países asiáticos, seja por meio de parcerias, seja por meio de investimentos diretos.

 

A expectativas são de que as estratégias comecem a ser implementadas a partir de junho. Até lá, as partes envolvidas farão reuniões setoriais para definirem as estratégias de marketing, comunicação e divulgação.

 

As vendas de produtos têxteis e confecções do Brasil para China ainda são modestas. No ano passado, os valores somaram US$ 53,6 milhões, 8,03% a mais que o ano anterior, segundo dados da Apex. Para Hong Kong os valores atingiram US$ 2,085 milhões, 171% a mais, na mesa base de comparação. Não existem informações das vendas para os demais países asiáticos citados.

 

Os Estados Unidos, onde explodiu a crise financeira internacional, ainda é o principal comprador dos produtos brasileiros, na frente da Argentina e China. As compras respectivas em 2008 foram de US$ 27,6 bilhões, US$ 17,6 bilhões e China, US$ 16,4 bilhões.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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