Variação de 0,11% no IPCA-15 é a menor desde setembro de 2006

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Com o fim da pressão dos gastos com educação no orçamento dos brasileiros, que tipicamente ocorre no início do ano letivo, e um alívio vindo dos preços de alimentos, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,11% em março, 0,52 ponto percentual abaixo da taxa apurada em fevereiro, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa é a menor variação do IPCA-15 desde setembro de 2006 e a menor variação já vista no mês de março desde 2000.

 

A prévia da inflação oficial ficou abaixo da expectativa do mercado financeiro, que apostava numa alta em torno de 0,19%. Em março de 2008, o IPCA-15 teve acréscimo de 0,23%. Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a desaceleração da atividade, principal efeito da crise financeira internacional, parece ter prevalecido sobre o reajuste de preços administrado por contratos ou monitorados pelo governo, e sobre a desvalorização cambial ocorrida no quarto trimestre de 2008, sinalizando para uma inflação menor ao longo deste ano. Em doze meses a variação caiu de 5,78% para 5,65%. "A queda do IPCA-15 em março e no primeiro trimestre de 2009 confirma então o cenário de inflação menor ao longo de 2009, mesmo com os preços que necessitam ser reajustados, como administrados e educação, tendo uma variação maior", analisa Gonçalves.

 

O recuo pode ser confirmado pelo núcleo do IPCA-15 por médias aparadas com suavização, que caiu de 0,35% para 0,32%, por médias aparadas sem suavização, de 0,33% para 0,19%, e por expurgo de alimentos e administrados, de 0,84% para 0,08%. "O índice veio bem abaixo do esperado, o que mostra que não estamos tendo consumo", diz o gerente da mesa financeira da Hencorp Commcor, Rodrigo Nassar.

 

Considerado uma prévia da inflação oficial, os números divulgados ontem pelo IBGE dão força às apostas do mercado de que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode continuar a política de flexibilização de juros iniciada em janeiro. Com o IPCA em queda, os analistas reforçam a previsão de um corte 1 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do colegiado, em abril. "A desaceleração do IPCA reforça a perspectiva de cortes adicionais de juros ao longo de 2009, podendo chegar a 9% ao ano em junho", prevê o economista-chefe do Banco Fator.

 

No primeiro trimestre deste ano a inflação acumulada, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), avançou 1,14% abaixo do resultado do mesmo trimestre de 2008 (1,58%). Nos últimos 12 meses o indicador acumula inflação de 5,65%. Segundo o IBGE, o forte recuo do índice se deve a redução dos grupos educação (4,95% para -0,43%), que em fevereiro respondeu por 54% da inflação de 0,63%, e alimentos (0,44% para 0,21%).

 

Em março, itens importantes no consumo das famílias ficaram mais baratos de um mês para o outro: feijão preto (de 5,52% para -7,78%), feijão carioca (de 2,14% para -10,17%), carnes (de -0,80 % para -3,01%) e tomate (de -6,74% para -8,67%), por exemplo. Alguns itens, porém, continuaram em alta: açúcar cristal (de 8,20% para 17,00%), açúcar refinado (de 1,96% para 10,72%), frutas (de 0,64% para 3,03%), hortaliças (de 5,22% para 9,69%), refeição fora de casa (de 0,99% para 0,66%) e ovo (de -1,95% para 3,66%) foram alguns deles. Por outro lado, refletindo o grupo educação, os produtos não-alimentícios cederam de 0,69% em fevereiro para 0,08% no mês subsequente.

 

Dentre os índices regionais, o maior foi registrado em Recife (0,56%), devido principalmente ao grupo alimentação e bebidas, cuja variação ficou em 0,94%. O menor foi o do Rio de Janeiro, que chegou a apresentar deflação de 0,23%, tendo em vista a queda de 0,97% nos produtos alimentícios.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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