Alta de alimentos foi de 12% para os mais pobres

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A movimentação dos preços dos alimentos foi a principal contribuição para a inflação acumulada em 2008 medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), calculado com base nas despesas de consumo das famílias com renda de 1 a 2,5 salários mínimos mensais, e que subiu 7,37% no ano passado.

 

Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), que anunciou o índice, os preços dos alimentos acumularam elevação de 12,14% no ano passado, a maior da série histórica do índice, e esse setor respondeu por 65% da variação acumulada em 12 meses do IPC-C1 em 2008.


 
Entre os destaques de elevação de preços dos alimentos na inflação do varejo entre os mais pobres, durante o ano de 2008, estão os aumentos de preços registrados em carnes bovinas (27,28%), hortaliças e legumes (13,97%) e panificados e biscoitos (18,50%). Esses itens contam com considerável peso na cesta de consumo das famílias mais pobres, segundo a FGV.

 

Entretanto, na passagem de novembro para dezembro, a principal contribuição para a aceleração do IPC-C1 (de 0,38% para 0,57%) partiu do grupo Transportes, cujos preços voltaram a subir (1,28%). Esse setor foi pressionado por aumento de preços na tarifa de ônibus urbano, cuja taxa de variação passou de zero para 1,40%, no mesmo período.

 

De novembro para dezembro, das sete classes de despesa usadas para cálculo do índice, quatro apresentaram aceleração ou fim de deflação de preços. Além de Transportes, é o caso de Habitação (de 0,34% para 0,39%); Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,16% para 0,73%); e Despesas Diversas (de -0,23% para 0,53%). As outras classes de despesa apresentaram desaceleração ou queda de preços, no mesmo período. É o caso de Alimentação (de 0,60% para 0,55%); Vestuário (de 0,42% para -0,13%); e Educação, Leitura e Recreação (de 0,47% para 0,43%).

 

Já na capital paulista, os alimentos não podem ser avaliados como os vilões da inflação. Ao menos, não os únicos. Bem menos visado que o grupo Alimentação, o grupo Habitação foi um dos que registraram as maiores altas de preços no ano passado. Juntos, Alimentação e Habitação são os grupos com maior peso no cálculo do ICV - e também no bolso dos mais pobres.

 

O ICV calculado pelo Dieese fechou 2008 com elevação de 6,11%, bem superior aos 4,80% de 2007 e abaixo apenas da taxa de 2004, quando o ICV encerrou o ano em 7,70%. A alta dos preços em 2008 foi puxada pelos grupos Alimentação (9,90%) e Habitação (7,65%). Alimentação representou 27,1% do indicador e Habitação, 22,6% - e são grupos que afetam mais fortemente as famílias de baixa renda.

 

Os gastos com alimentação consumiram 37,55% do orçamento das famílias com renda média de R$ 377,49 (estrato 1) e 23,68% do orçamento das famílias com renda superior a R$ 2.792,90 (estrato 3). De forma semelhante , o grupo Habitação exigiu mais da renda dos mais pobres (25,02%) que dos mais ricos (22,21%).

 

Em 2004, quando a inflação foi maior que a de 2008, os mais prejudicados foram os mais ricos, já que os grupos que puxaram o aumento dos preços foram aqueles que mais se caracterizam o consumo da classe média. Naquele ano, o grupo Alimentação subiu 4,14%, e o grupo Habitação teve alta de 6,87%. O grupo Saúde liderou a inflação naquele ano, com 16,37% - puxada pelo aumento dos preços dos planos de assistência médica (19,09%). Em seguida, destacou-se a inflação do grupo Transporte, com alta de 9,94% - influenciada pelo aumento dos custos do transporte individual, de 13,52%. Em terceiro, aparecia o grupo Educação, com alta de 9,76%, puxada pela mensalidade escolar, que aumentou 10,21%.

 

A inflação dos alimentos oscilou muito ao longo de 2008, mas foi a maior entre os dez grupos que compõem o cálculo do ICV, com alta de 9,90% e contribuição de 2,68 pontos percentuais no índice. Ainda assim, ela recuou 2,58 pontos percentuais em relação a 2007, quando fechou em 12,48% e contribuiu com 3,15 pontos percentuais do ICV. Já o grupo Habitação avançou e muito - saiu de 1,65% em 2007, com contribuição de 0,39 ponto no ICV, para 7,65% no ano passado e contribuição de 1,73 ponto. Foram nada menos que 6 pontos percentuais a mais que no ano passado.

 


Veículo: Jornal do Comércio - RS


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