Preço do feijão e do trigo começa a cair

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Proximidade do período de colheita das lavouras já reduz o valor dos dois produtos no mercado interno

 

Fabíola Salvador, BRASÍLIA

 

A proximidade do período de colheita das lavouras de feijão e de trigo reduziu os preços dos dois produtos no mercado interno. Um levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que os preços dos dois produtos recuaram na média de julho na comparação com a média de junho. A colheita de trigo e da terceira safra de feijão começa neste mês. A pesquisa foi feita com base nos preços recebidos pelos agricultores.

 

Os preços do feijão, apontado como um dos vilões da inflação, recuaram de R$ 191,27 por saca de 60 quilos na média do mês de junho para R$ 167,30 por saca de 60 quilos na média de julho. O levantamento foi feito nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Nas praças de comercialização do Paraná, os preços voltaram a cair nesta semana. Alguns lotes foram vendidos a R$ 148 por saca no Estado, informou a Conab.

 

Os preços do trigo recuaram de R$ 36,94 para R$ 34,48 por saca de 60 quilos no mesmo período. “A variação do preço do trigo independe do cenário internacional. A queda está relacionada a aspectos internos”, disse o diretor de Logística e Gestão Empresarial da estatal, Silvio Porto.

 

Ao divulgar o resultado da 11ª estimativa da Conab para a safra 2008/2009 de grãos, que será de 143,7 milhões de toneladas, o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Silas Brasileiro, destacou que a meta do governo é reduzir a dependência externa por trigo. A produção total de grãos será recorde. A colheita será 9,1% superior à produção da safra 2007/2008.

 

De acordo com Silas Brasileiro, a expectativa é já no próximo ano ter colheita de cerca de 6 milhões de toneladas de trigo, volume similar ao produzido em 2003. Desde então, a produção vem caindo e o mercado interno vem sendo abastecido por trigo importado da Argentina.

 

Com a decisão do governo argentino de limitar as exportações para garantir o abastecimento do mercado local, o Brasil voltou a adotar uma política de estímulo à produção nacional. Entre as medidas anunciadas pelo governo, está a correção dos preços mínimos de garantia e a alocação de mais recursos para plantio das lavouras.

 

A produção de trigo será de 5,43 milhões de toneladas neste ano, com aumento de 41,9% em relação ao volume colhido em 2007. Já a produção na terceira safra de feijão será de 821,6 mil toneladas, crescimento de 6% em relação ao mesmo período do ano passado. No total, a produção de feijão será de 3,544 milhões de toneladas no ano, crescimento de 6,1%.

 

De acordo com Porto, não há motivo para o preço do feijão estar num nível tão elevado, já que o consumo anual é estimado em 3,4 milhões de toneladas. Sobre a próxima safra de grãos, ele destacou que o clima atual é ideal para o plantio da safra de verão, que começa a ser cultivada a partir do mês que vem.

 


IBGE eleva projeção da safra de grãos em 1%

 

A previsão da safra 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) subiu para 145,1 milhões de toneladas no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de julho, volume 1% maior que o projetado no mês anterior. O clima favorável, a alta dos preços internacionais das commodities agrícolas e os investimentos no campo são os motivos apontados pelo gerente da pesquisa, Mauro Andreazzi, para justificar a safra recorde prevista para este ano.

 

O milho, impulsionado pela lacuna deixada pelos Estados Unidos - maior produtor e exportador do produto - no mercado internacional, que abriu espaço para a produção brasileira, elevou a sua participação no total da safra nacional de grãos de 39% no ano passado para 40,3% em 2008.

 

Andreazzi explica que a produção de etanol nos EUA tem absorvido todo o milho, o que está elevando os preços do produto no mercado internacional e abrindo oportunidades para outros países que o cultivam em larga escala, como o Brasil.

 

A colheita de milho deverá atingir 58,46 milhões de toneladas este ano, com 40 milhões na primeira safra (aumento de 68,5% ante a safra anterior) e 18,4 milhões na segunda safra (alta de 31,5%).

 

Além da colheita, a área plantada cresceu 4,3% em relação à safra anterior, para 47,3 milhões de hectares. Segundo Andreazzi, os produtores estão mais capitalizados por causa dos preços dos alimentos no mercado internacional e o bom desempenho da safra do ano passado e, desse modo, investiram mais em máquinas e equipamentos, adubos e sementes de qualidade.

 

O gerente avalia que o ótimo desempenho da safra 2008 sinaliza boas perspectivas para a safra do ano que vem, já que os produtores vão prosseguir capitalizados. A primeira projeção para a safra 2009 do IBGE será apresentada no levantamento de outubro.

 

REVISÃO

 

A revisão para cima da projeção de safra do IBGE foi puxada especialmente pelas projeções para o milho e o feijão, sobretudo no Mato Grosso, onde haverá colheita recorde para ambos os produtos.

 

Na comparação com a safra do ano passado, os maiores crescimentos previstos nos grãos em 2008 serão registrados no arroz em casca (9,6%), café em grão (27,7%), feijão em grão 2ª safra (40,6%), milho em grão 1ª safra (10,9%), milho em grão 2ª safra (17,3%), soja em grão (3,6%), sorgo em grão (31,5%) e trigo em grão (32,5%). Entre os 25 produtos agrícolas analisados pelo IBGE, 19 apresentam alta na estimativa de produção em relação a 2007.

 

A safra da laranja, em plena colheita, será 0,4% superior à de 2007. A área total foi revista em 1,4%, e a área destinada à colheita, em 2,5%. Bahia, Sergipe, Minas e Paraná são os Estados responsáveis pelo acréscimo. Mas algumas alterações do cenário citrícola nacional se devem também aos números de São Paulo, maior produtor do País, que responde por mais de 80% da produção brasileira. O Estado deve produzir 360 milhões de caixas de 41 quilos, um acréscimo de 3,6% de junho para julho.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo

 


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