Brasileiro começa a substituir a carne

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Com os preços dos cortes em alta, consumidor muda hábitos e põe mais peixe, frango e até ovo no cardápio do almoço

Diante da alta da carne bovina, que segue pressionando os índices de inflação com reajuste médio, em julho, de 4,35%, os cortes, tanto de primeira quanto de segunda, deixaram de ocupar lugar de destaque no cardápio doméstico. Com isso, o frango passa a ser mais presente na mesa do consumidor, que agora, atento às ofertas, pode variar os pratos, levando para casa também itens importados, de peixes a carnes exóticas. Com a queda do dólar, a oferta cresce nos supermercados e alimentos considerados nobres podem ser encontrados por preços que surpreendem. Um exemplo, como mostra pesquisa do site Mercado Mineiro, são os pescados. Enquanto o quilo do salmão teve uma variação negativa entre janeiro e julho, passando de R$ 22,84 para R$ 19,79, a popular sardinha apresentou no mesmo período alta de 48,91%, subindo o quilo de R$ 5,48 para R$ 8,16. O surubim, também um peixe nobre, apresentou variação bem inferior à da sardinha, de R$ 15,14 para R$ 15,89, uma aceleração de 4,95%.

O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, pondera que a desvalorização do dólar, associada à tendência gourmet que se instalou no Brasil, aquece as importações. “Uma carne de ovelha pode ser considerada exótica no mercado nacional, mas é facilmente importada de países produtores. Com o dólar em baixa, esses alimentos muitas vezes conseguem chegar aos supermercados com preços bastantes competitivos”, afirma. Dona de restaurante, a comerciante Ana Carolina Comini, notou a diferença de preços entre a carne bovina e o bacalhau importado. “O filé mignon subiu demais desde o ano passado, já o bacalhau está estável”, comenta Ana Carolina, que este ano reajustou em pelo menos 10% o preço dos pratos que levam o filé mignon.

 

Em época de comida cara, pesquisar passa a ser uma tarefa para o consumidor que deseja economizar. O diretor-executivo do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, aponta que a maior aceleração foi observada nos alimentos mais baratos. Enquanto o produto de segunda, como o acém, registrou uma variação de até 25,84% de janeiro a julho, cortes como o filé mignon recuaram, no mesmo período, 2,09% e a alcatra, 2,16%. “Muitas vezes, devido ao custo-benefício vale a pena para o consumidor levar o corte de primeira, ou quem sabe uma carne exótica, ou um peixe nobre? No momento da pesquisa, esses produtos devem ser incluídos na lista”, sugere. De acordo com Adilson Rodrigues, o consumidor já deu a resposta para a alta da carne bovina: “Nos supermercados o consumo em julho caiu 10%.” Por outro lado, o superintendente da Amis ressalta o aumento das vendas de frango, que, nos últimos seis meses, apresentou recuo de 2,39% nos preços, sendo comercializado a uma média de R$ 2,45 o quilo do produto congelado.

A dona-de-casa Cláudia Souza Nunes conta que, até o ano passado, sua família comia carne vermelha quatro vezes por semana, agora a freqüência caiu para uma vez. “Vou variando a forma de fazer o frango. Devido ao preço, é o que mais compro. Aumentamos também o consumo de ovos.” O superintendente da Amis, alerta que nos próximos dias entrará em vigor campanha nacional para incentivar o consumo de peixes no país. “Os supermercados vão fazer parte da campanha. Os preços estarão bem mais atrativos, o que deve elevar o consumo.”

 

 Veículo: O Estado de Minas


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