Em crise, frigorífico Quatro Marcos recorre à Galeazzi

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Mergulhado numa crise que se aprofundou após a tentativa frustrada de joint venture com o frigorífico Margen e alvo de rumores sobre possível venda, o Quatro Marcos contratou a Galeazzi&Associados, há cerca de um mês, para reestruturar a empresa.
 


Há um ano, a Galeazzi já havia feito um diagnóstico para melhorar a gestão do Quatro Marcos, mas após um trabalho de três meses, acabou não assumindo a operação. "A Galeazzi poderia ter assumido, mas o Douglas [Xavier, controlador da empresa] não estava maduro para ter uma gestão interina [na empresa]", disse Glauco Abdala, sócio da Galeazzi, e chefe da equipe que trabalha num plano estratégico para viabilizar novamente o Quatro Marcos. 

 

Um ano depois, ainda com problemas de gestão e após a fracassada operação com o Margen - que praticamente paralisou as duas empresas -, o Quatro Marcos recorreu novamente à Galeazzi. 

 

Abdala disse que a equipe que cuidará da reestruturação do frigorífico ainda não está completa. Henning Von Koss, ex-Bayer, assumiu como CEO, e Jonas Sales, a diretoria financeira. 

 

Segundo Abdala, o trabalho da consultoria se dará em fases. O primeiro passo é conseguir estruturar a capitalização da companhia. Se esse objetivo for alcançado, a "Galeazzi deve permanecer nesse projeto". "Vamos apresentar ao mercado [a empresa], vamos buscar investidores financeiros e bancos, renegociar dívidas". 

 

Apesar do ciclo negativo que o setor de carne bovina vive no país - por causa da escassez de oferta que eleva o custo do boi gordo -, o negócio é "estrategicamente bom", disse Abdala. É isso que a Galeazzi quer mostrar os investidores e credores do Quatro Marcos. 

 

O diagnóstico para melhorar a gestão do Quatro Marcos, feito há um ano pela Galeazzi, começará a ser atualizado, mas viabilizar a companhia financeiramente é fundamental para a continuidade do plano. Abdalla observou que o trabalho da Galeazzi é "agregar valor através da gestão", mas acrescentou que "só gestão não faz milagre". 

 

Ele admitiu que a venda de ativos do Quatro Marcos para fazer caixa não está descartada, embora essa não seja uma saída desejável. "Entendemos que [a empresa] tem viabilidade para fazer turnaround (...) Mas vamos analisar tudo, inclusive isso", disse, quando questionado sobre a possível venda de plantas do frigorífico. Nas últimas semanas, houve rumores no mercado de que o Bertin e a Sadia estariam negociando arrendamento de fábricas do Quatro Marcos. Tanto Bertin quanto Sadia negaram as informações. 

 

Indagado sobre possíveis demissões na empresa, Abdalla disse que "a princípio gostaria de manter todos os ativos em pé". 

 

O Quatro Marcos tem oito fábricas no país. Seis estão no Mato Grosso (Colíder, Vila Rica, Cuiabá, Juara, São José dos Quatro Marcos e Alta Floresta) . Tem ainda uma em Quirinópolis (GO), além de unidade de desossa em Jandira (SP). 

 

A capacidade de abate total é de 7.200 cabeças de gado por dia, informa o site da companhia. Mas por falta de capital de giro, o Quatro Marcos tem trabalhado com capacidade ociosa. Abdala não soube dizer qual o tamanho da ociosidade, mas afirmou que as fábricas "não estão full (cheio em inglês)". No ano passado, a empresa faturou R$ 944 milhões, sendo que 33% das vendas foram destinadas ao mercado externo. 

 

Veículo: Valor Econômico


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