Mercado de bebidas de baixo teor alcoólico é pouco explorado no País

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A maior preocupação com a saúde por parte da população tem aberto espaço para bebidas de baixo teor alcoólico no mercado brasileiro. Apesar de ainda pouco representativo no faturamento da indústria, este nicho desperta interesse de pequenas a gigantes do setor.

 

“Bebidas com baixo ou zero teor alcoólico estão emergindo como uma tendência global, não só no Brasil. Uma maior variedade de produtos com essas características iria prover ao consumidor mais alternativas, mas muitos mercados, incluindo o brasileiro, não têm muitas opções inovadoras em sabor, estilo e embalagem”, avalia a especialista global de tendências em alimentos e bebidas na Mintel, Jenny Zegler.

 

De acordo com levantamento da empresa, desde janeiro de 2017, Schin, Brahma, Itaipava e Estrella Galicia lançaram versões zero álcool. “Algumas cervejarias também produziram bebidas com teor alcoólico entre 2,5% a 3,5%. No total, esse segmento representa menos de 1% das bebidas alcoólicas lançadas de outubro de 2013 a setembro de 2018”, aponta Jenny.

 

Ela acredita que esse nível reduzido mostra quão recente é essa tendência de consumo e seu grande potencial de mercado. A pesquisa também aponta que cerca de dois quintos dos adultos brasileiros consumidores de bebidas alcoólicas estão reduzindo seu consumo e diminuindo gastos com esse tipo de bebida.

 

Além da saúde, a preocupação em reduzir o consumo também é causada pela crise econômica e a necessidade de economizar dinheiro no Brasil.

 

Jenny destaca que é importante para as cervejarias explorar essa tendência, para não perder consumidores. “Cervejas de baixo ou zero teor alcoólico podem ajudar a reter consumidores que de outra forma não comprariam seus produtos, assim evitando redução de vendas”, explica.

 

A Ambev tem em sua meta global o aumento de participação de produtos não alcoólicos ou de baixo teor no volume no total de vendas para 20% até 2025, conforme posicionamento tomado em 2016. O atual percentual é mantido em sigilo. Recentemente, a empresa afirmou que irá expandir seu portfólio nessas categorias a partir de 2019.

 

Além das cervejarias, Jenny vê oportunidades para fabricantes de outros tipos de bebidas alcoólicas, como sidras e vinhos. “Há espaço para criar mais formulações de baixo ou zero teor alcoólico, aumentando as alternativas para quem quer reduzir o consumo.”

 

Refrigerantes

 

A preocupação com hábitos mais saudáveis também tem afetado o mercado de refrigerantes. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir), desde 2014 o consumo per capita do produto vem diminuindo no Brasil.

 

“O mercado de refrigerantes cai de 5% a 6% ao ano. O consumidor está migrando para outras bebidas, como água mineral, sucos integrais, chás e água de coco”, relata o diretor-presidente da gaúcha Famiglia Zanlorenzi, Giorgeo Zanlorenzi. Fabricante do mercado de vinhos, nos últimos anos passou a apostar em bebidas saudáveis por meio da marca Campo Largo. “Entramos no segmento de sucos integrais. Nossa prioridade é trabalhar sem conservantes, utilizando a fruta como único ingrediente”, conta o executivo. Recentemente, a empresa lançou uma linha de chás.

 

Zanlorenzi afirma que a empresa tem expectativa de crescer de 22% a 26% em faturamento neste ano. “É um mercado que traz muitas possibilidades, pela migração de consumidores de refrigerantes. Considerando que este setor produz cerca de 12 milhões de litros por ano, 5% disso é um número absurdo.”

 

Ele projeta crescimento de 20% a 30% nos próximos cinco anos diante do potencial do segmento. Para isso, a companhia tem investido em sua fábrica e no aumento da distribuição nacional. A fabricante possui uma propriedade em São Marcos (RS) e um polo industrial em Campo Largo (PR), onde realiza o envase das bebidas. “Em 2017, investimos R$ 40 milhões e trouxemos novas tecnologias ao parque fabril. Atualmente, nosso foco é o comercial. Estamos contratando representantes e entrando em regiões que ainda não tínhamos presença”, explica.

 

Fonte: DCI

 

 


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