Produção de cerveja patina, mas melhora pode vir no 4º tri

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Cenário. Fabricantes continuam investindo em bebidas premium para tentar alavancar a atividade. Em junho, até ontem, produção era dois terços do volume de igual mês de 2015



São Paulo - Apesar de uma série de iniciativas da indústria de bebidas para impulsionar as vendas de cerveja, a produção do setor continua patinando, dizem especialistas. A expectativa é de uma recuperação a partir do último trimestre do ano.

Depois de um fraco primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2015, as cervejarias registraram uma melhora da atividade na passagem de abril para maio, influenciada pelo calor atípico, diz o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), Paulo Petroni. Mas, o ritmo não se manteve em junho.

Dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) da Receita Federal registravam, até ontem (22), a produção de apenas dois terços dos 976 milhões de litros de cerveja entregues em junho no ano passado. Em maio a produção atingiu 1.006 bilhão de litros e em abril, 1.020 bilhão de litros. Nos mesmos meses de 2015 foram, respectivamente, 999,7 milhões de litros e 921 milhões de litros.

Na visão de Petroni, a atividade deve permanecer nesse ritmo até o terceiro trimestre para só depois engatar uma melhora.

"É impossível ter melhora rápida sem que a situação político-econômica do País avance. Para voltar a consumir, o brasileiro precisa voltar a ter emprego. Esperamos que os números voltem a subir no último trimestre. Fatores como calor e festas de final de ano também favorecem".

Até lá, as fabricantes devem lançar mão de uma série de medidas para ampliar as vendas, que vão de cervejas especiais à seleção de público alvo, acredita Petroni.

"As empresas estão focando em determinados nichos. Marcas conhecidas lançam produtos premium e conseguem atender um público que consumia cervejas mais caras e que hoje busca um meio termo com valor agregado e preço acessível", explica.

A Brasil Kirin, por exemplo, decidiu reposicionar, no começo do mês, a Devassa. O público-alvo da nova versão da cerveja são os jovens, entre 18 e 35 anos, das classes A e B, afirma o vice-presidente de marketing Minás Vourodimos, em entrevista do DCI.

"Queremos nos conectar com esse jovem que busca eventos, que é digital, quer compartilhar". A marca, que ingressa agora no segmento premium de bebidas alcoólicas, com as linhas Tropical Lager e a Devassa Sunset, receberá a maior parte do aporte de R$ 400 milhões que companhia fará em marketing no Brasil este ano.

Já a gigante do setor, a Ambev, está há mais tempo de olho nesse segmento. Além de investimentos em pequenas cervejarias, para ampliar a oferta de produtos especiais, a companhia vem mantendo expansão com as cervejas premium. Em maio, durante a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, a empresa informou que teve crescimento de dois dígitos no segmento. A marca Budweiser liderou a alta entre os rótulos da categoria.

"A demanda por [cervejas] premium vem crescendo, o que influencia positivamente a nossa receita. Mas claro que temos custos maiores [com esses produtos]", declarou o vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores da Ambev, Nelson Jamel, na ocasião.

Em 2016, uma das principais novidades da fabricante foi o lançamento da Corona, que teve aumento de produção e pontos de distribuição, em março passado.

Essa aposta no segmento premium deve continuar contribuindo para o bom desempenho da Ambev, destaca o analista da Coinvalores, Felipe Silveira.

"As cervejas premium representam apenas 10% deste mercado, mas elas tiveram um crescimento significativo nos últimos cinco ou seis anos. Apostar nelas em tempos de crise econômica é apostar no público A e B, que tem um resistência maior às dificuldades financeira", diz Silveira.

Dona da marca Itaipava, o Grupo Petrópolis também buscou um espaço no segmento das cervejas premium. Segundo a gerente de propaganda do grupo, Eliana Cassandre, a novidade vem da percepção das tendências do mercado. "Estamos falando de um setor ágil e que pede mudanças constantes. Queremos dar um fôlego extra para a marca garantindo ainda mais crescimento e consolidação", afirma.

Apesar disso, ela ainda vê "uma tendência de estagnação" do mercado no curto prazo.

A previsão da companhia é que o "mercado volte a ganhar fôlego" a partir do ano que vem, conforme conta Eliana Cassandre. "Continuamos com perspectiva de crescimento apesar das fortes pressões sobre os custos".

 

Olímpiadas


Fora do segmento premium, o foco da Ambev no segundo semestre será levar a marca Skol aos Jogos Olímpicos, de acordo com a gerente da Skol para a Olimpíada, Bruna Buás. "Será a maior campanha da nossa maior marca se comparada com as demais ações do ano".

Apesar disso, o analista da Coinvalores, não acredita que o evento trará os mesmos resultados da Copa do Mundo de 2014, que impulsionou as vendas da bebida em julho de 2014.

"Não vejo grande potencial para os Jogos [Olímpicos]. Pode até ocorrer algum aumento nas vendas, mas não com o mesmo efeito que a Copa causou. É um evento concentrado em apenas uma cidade", explica.

 

Veículo: DCI


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