Os vinhos tintos que marcaram o ano

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É natural que um ranking com os 200 melhores vinhos que degustei este ano seja dominado pelos tintos. Dos quase 5 mil vinhos que testei em 2008, cerca de 3,5 mil eram tintos. Esta proporção é ainda maior em restaurantes, onde o consumo pode chegar a 90% de tintos, e onde raras são as casas (mesmo de frutos do mar) em que os brancos são os mais pedidos. Boas opções, no entanto, não faltam, como mostrei na última sexta-feira, com os 90 rótulos eleitos dentre os melhores que provei em 2008, nas categorias: brancos, rosados, espumantes, doces e fortificados. Espero que o brasileiro em breve descubra estas delícias, mas até lá bons tintos também não faltarão!

 

Vejamos os 110 tintos eleitos, por faixa de preço (acompanhe na tabela todos os vinhos e a descrição detalhada de alguns destaques):

 

Até R$ 50

 

Esta é a faixa dos vinhos do dia-a-dia, em que fazemos concessões em nome do baixo custo. Não precisamos, contudo, beber mal por causa disto. O grande vinho sempre (e cada vez mais) custará caro, mas ninguém degusta grandes vinhos todos os dias, e o "vinho do dia-a-dia" é um hábito dos mais saudáveis, para o corpo, a mente, o paladar, e torna ainda mais especiais os vinhos das ocasiões especiais. Nesta faixa dominam os tintos da Argentina e Chile, com vocação para produção com baixo custo de vinhos frutados e fáceis de beber. Como novidade e como tendência para 2009, assim como comentei ao falar dos brancos, surge a Espanha, com o quatro dos 11 vinhos desta faixa de preço.

 

De R$ 50,01 até R$ 100

 

Nesta faixa, garimpando, já é possível apreciar ótimos vinhos. Argentina e Chile nesta faixa também se destacam com seis indicados, todos fáceis de beber e compras garantidas. Para os que acham que todo vinho francês de qualidade é necessariamente caro, recomendo provar alguns dos seis que selecionei para esta faixa de preço, de quatro regiões e estilos distintos, mas com um ponto em comum: todos são deliciosos, elegantes e gastronômicos. Outro aspecto interessante é que destaquei três vinhos do Douro, região de vinhos de alta qualidade, mas com pouca vocação para aliar qualidade a um custo acessível.

 

De R$ 100,01 a R$ 200

 

Esta é a categoria seguinte. As de maior valor são as mais competitivas e onde foi mais difícil a escolha. Ë possível degustar alguns vinhos excepcionais sem precisar ir além destes preços. Alguns rótulos deste time são verdadeiras pechinchas, como o chileno Las Cruces Old Bush Vines, o francês Château La tour de By, o espanhol Vetus e os portugueses Gouvyas Vinhas Velhas e Esporão Garrafeira Private Selection, por exemplo, vinhos de alto gabarito, que valem cada centavo.

 

De R$ R$ 200,01 até R$ 350

 

Nesta categoria já fica fácil escolher bons vinhos, embora o mercado ainda suporte alguns engodos de alto custo. Todos mencionados daqui para cima estão na categoria de excelentes ou excepcionais. Aqui o Velho Mundo domina e apenas cinco vinhos do Novo Mundo figuram entre os 32 laureados. Alguns vinhos desta faixa estão entre os melhores que provei este ano, independentemenet de preço, como o sardo Barrua 2003, Caballo Loco número 9, Amarone Cinque Stelle 2004, The Dead Arm 2005, Sfursat 5 Stelle 2003, Em Puntido 2004 e vários outros caldos memoráveis, que me fazem aguar só de lembrar.

 

Acima de R$ R$ 350

 

Esta é a categoria máxima, dos pesos pesados, os vinhos especiais, de celebrações. Todos no mínimo excelentes e muitos excepcionais. Também aqui o Velho Mundo domina e apenas cinco vinhos do Novo Mundo aparecem, com muito louvor, como o Icono 2005, de Luigi Bosca, talvez o melhor vinho argentino da atualidade. Dentre as jóias do Velho Mundo destaco os espetaculares italianos Giusto di Notri 2005 e Barolo Big´d Big 2000, os gigantes franceses Hermitage 2003 do Guigal e Cornas Les Ruchets 2004 de Jean-Luc Colombo, ambos do Rhône, e o espanhol La Nieta 2005, um verdadeiro monumento líquido.

 

Espero que esta seleção seja útil aos leitores da Gazeta Mercantil e que estes vinhos lhes proporcionem bons momentos, em ótima companhia. Aos preocupados com a crise, lembro Napoleão, que disse, sobre o champanhe, uma frase que vale para qualquer vinho: "Na vitória, merecemos o champanhe e na derrota precisamos dele."

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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