Copa 2014 e eleições darão trabalho para redes do varejo

Leia em 4min 30s

Os empresários do comércio varejista terão de redobrar a atenção este ano, por conta justamente de eventos como a Copa do Mundo e as eleições. Apesar de serem dois possíveis fomentadores de vendas, os acontecimentos exigirão estratégias distintas das empresas, que para passarem pela sazonalidade dos períodos sem sustos deverão adequar estoques e investir em governança corporativa, além de buscar entender novos hábitos dos consumidores, por exemplo. 


"Temos de ter em mente três pontos distintos: a sazonalidade [dos eventos], que gera incerteza; o baixo crescimento médio da economia, além da mudança do hábito do consumidor", detalhou o sócio da consultoria McKinsey & Company, Bruno Furtado. O executivo afirmou, em encontro com empresários na Amcham, em São Paulo (SP), que a sazonalidade deve fazer com que as empresas de varejo se preparem para a demanda de maneiras distintas. "Assertividade e flexibilidade devem ser levadas a sério. Você não pode ter ruptura no ponto de venda (falta de produtos), mas não deve ter estoques sobrando", explicou ele. Para que isso aconteça, políticas de governança corporativa se fazem necessárias. "Os empresários devem fazer previsões de demanda baseada por regiões e não por produtos", pontuou.

 

Em ano de mundial do futebol, o segmento de vendas de itens especializados é um dos mais preocupados. Ao DCI, a rede de artigos esportivos Decathlon disse ter se estruturado com oito meses de antecedência para evitar surpresas nos próximos meses. "Boa parte dos produtos é importada, como o caso da bola oficial, a Brazuca, produzida pela Adidas. Por isso, temos de nos planejar com antecedência, pois reposição de produtos nos próximos meses pode ser complicado devido ao processo de importação", afirmou anteriormente o diretor comercial de futebol e esportes coletivos da rede, Rodnei Mendonça. Sobre os estoques, o executivo mencionou terem se estruturado com cautela. "Em eventos esportivos você trabalha com a sorte. Se o Brasil chegar só até às quartas de final, as vendas de camisas e demais produtos param, pois o torcedor vai ficar frustrado. Se o Brasil ganhar, aí temos de nos preocupar também, pois as camisas com cinco estrelas não serão vendidas, o consumidor vai querer a camisa do hexa", argumentou.

 

Como a mão de obra é um dos gargalos no setor, ter em sua equipe profissionais capacitados para exercer mais de uma função também pode ser uma das estratégias para o período. "Na Pizza Hut, por exemplo, existem profissionais que são acionados para ajudar no atendimento telefônico. Eles fazem isso de casa", disse Furtado. Outro ponto mencionado, que deve ser levado em consideração, é a mudança de hábito do consumidor. Furtado explicou que de 2006 para cá, o mercado passou por uma grande mudança, e que categorias que antes eram consideradas supérfluas hoje passam a ser consideradas artigos de primeira necessidade. "O brasileiro passou a se preocupar mais com os cuidados com a saúde, logo, a venda de itens correlatos a isso tem boaperspectiva de crescimento", disse. O consultor da McKinsey afirmou ainda que uma pesquisa de opinião apontou que o Brasil está se igualando ao mercado norte-americano no consumo de produtos saudáveis. "Em 2006 o consumo era de 6%, em 2010 ele passou para 15% e a perspectiva para 2015 é que o segmento chegue a 21% no Brasil", enfatizou Bruno Furtado.


Outros setores


Mesmo com todos os pontos positivos que se espera com a realização de uma Copa do Mundo em um país, a conjuntura econômica brasileira será a responsável pelo resfriamento do consumo, até o ano que vem. "O setor tem tido altos e baixos. O crescimento médio do consumo das famílias brasileiras tem variado entre 6,9% (índice esse atingido em 2012) e de 2% a 2,5%, que é a perspectiva para 2014. No ano que vem, ele será menor ainda, estimado em 1,9%", argumentou Fortunato.


Mas, mesmo com as perspectivas ainda cautelosas, players da indústria e serviços têm se preparado para o "complicado" ano de 2014. Na HP, além da Copa sinalizar aumento de vendas dos produtos, as eleições parecem ser ainda mais importantes para a companhia, como afirmou o diretor de vendas da empresa Renato Barbieri. "É um ano que teremos de converter grande profusão de dados em informação, logo podemos ter incremento em linhas como os dispositivos de impressão e de armazenamento".


Na JBS, estima-se que similar a um efeito ocorrido no último Natal, os meses de junho e julho poderão ter migração para os insumos de churrasco. "No Natal e no Ano Novo, como os feriados foram na quarta-feira, os consumidores, ao invés de comprarem aves da época, optaram pelo churrasco. Isso pode acontecer no período da Copa", disse o diretor executivo comercial da empresa, André Skirmunt. Ele ressaltou que o maior entrave para a JBS foi ter uma marca reconhecida pelo consumidor, fato esse que já ocorria com seus concorrentes. "No ano passado, intensificamos a campanha da marca Friboi, justamente para ela ficar na memória do consumidor. Além disso, reforçamos a visibilidade de nossos produtos nas gôndolas."


Flávia Milhassi



Fonte: DCI (24.01.2014)

 


Veja também

Quem reduzir consumo de energia terá bônus na conta, diz secretário

Bônus será para quem economizar 10% de energia com relação a 2020   O Brasil passa pel...

Veja mais
Confaz prorroga até 31 de dezembro a isenção de ICMS sobre transporte no enfrentamento à pandemia

Convênios prorrogados também amparam empresas, autorizando que os estados não exijam o imposto por d...

Veja mais
Mapa estabelece critérios de destinação do leite fora dos padrões

PORTARIA Nº 392, DE 9 DE SETEMBRO DE 2021   Estabelece os critérios de destinação do le...

Veja mais
Empresa não deve indenizar por oferecer descontos apenas a novos clientes

Não há vedação legal para que fornecedores de serviços ofereçam descontos apen...

Veja mais
Justiça do Trabalho é incompetente para execução das contribuições sociais destinadas a terceiros

A 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ), ao julgar um agravo de petiç&...

Veja mais
Corte Especial reafirma possibilidade de uso do agravo de instrumento contra decisão sobre competência

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu embargos de divergência e reafirmou o entend...

Veja mais
Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociais

Seis legendas buscam no STF a suspensão dos efeitos da norma assinada pelo chefe do Executivo federal.   O...

Veja mais
Consumo das famílias cresce 4,84% em julho, diz ABRAS

Cebola, batata e arroz foram os produtos com maiores quedas no período   O consumo das famílias bra...

Veja mais
Lei que prorroga tributos municipais na epidemia é constitucional, diz TJ-SP

Inexiste reserva de iniciativa de projetos de lei versando sobre matéria tributária, a teor do dispos...

Veja mais