Prefeitura de SP vai limitar aumento de IPTU a 20% e ampliar faixa de isenção

Leia em 3min 40s

Em nova proposta feita pela base governista, o teto para imóveis comerciais ficará em 35%. A faixa de isenção para aposentados donos de único imóvel também deve subir de 3 salários mínimos (R$ 2.034) para 5 salários (R$ 3.420)

 

Quinze dias após anunciar aumento de até 45% no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) dos paulistanos, a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) recuou e vai reduzir os limites máximos de reajuste previstos para 2014. Os tetos de 30% para residências e de 45% do comércio foram reduzidos para 20% e 35%, respectivamente, em nova proposta feita pela base governista. A faixa de isenção para aposentados donos de um único imóvel também deve subir de 3 salários mínimos (R$ 2.034) para 5 salários mínimos (R$ 3.420).


As mudanças foram costuradas na noite de terça-feira, durante reunião entre o secretário de Relações Governamentais, João Antonio, e 15 líderes da base governista. Após o encontro na Prefeitura coube ao vereador Paulo Fiorilo (PT) mudar na quarta-feira pela manhã o discurso do governo, que dizia estar inflexível a qualquer alteração no aumento. Haddad afirmou, no dia 3, que o reajuste do IPTU ajudaria a manter a tarifa de ônibus a R$ 3 no ano que vem.


"São mudanças razoáveis e que o governo sinalizou como viáveis. Além de reduzir as travas, queremos aumentar o limite de isenção para os aposentados", afirmou Fiorilo. Procurado, o secretário de Relações Governamentais admitiu as mudanças ao Estado. "É uma possibilidade que será analisada. É algo verídico e que o governo está estudando", argumentou Antonio. A reportagem conversou com outros integrantes do governo que deram como certas as mudanças anunciadas nesta quarta pela base do prefeito no Legislativo.

 

Ao todo, 1,385 milhão de imóveis - 986 mil residências e 399 comércios - iriam pagar o teto máximo do aumento. A arrecadação da Prefeitura com o tributo cresceria 24%, o equivalente a R$ 1,6 bilhão a mais para os cofres públicos no ano que vem. Ao governo, entretanto, os vereadores governistas argumentaram que não poderiam chancelar, de forma integral, um aumento que teria ampla repercussão negativa em 2014, ano eleitoral - pelo menos 19 dos 55 vereadores vão tentar vagas como deputados no Congresso e na Assembleia Legislativa.


"O governo não está intransigente em relação às mudanças na trava. Provavelmente vamos diminuir as travas em segunda votação. Nunca um projeto de aumento do IPTU do Executivo passou pela Câmara sem sofrer mudanças", afirmou Arselino Tatto (PT), líder de governo. Na segunda-feira, porém, Tatto havia dito aos líderes governistas que o projeto seria votado "impreterivelmente", em primeira discussão, nesta quarta-feira, e sem mudança. "Vamos esperar as emendas dos vereadores com as alterações propostas, fazer uma audiência pública na Comissão de Finanças e votar só na semana que vem", justificou o líder de governo ao adiar a votação prevista para a sessão desta quarta.

 

Mudanças


Presidente da Comissão de Finanças, por onde a proposta do aumento do IPTU terá agora que passar, o vereador Roberto Tripoli (PV) avalia que as reduções podem ser maiores que as aceitas até agora pelo governo. "O governo já reduziu as travas. Se apertar dá pra baixar ainda mais esse aumento abusivo", argumentou Tripoli, que nesta quarta-feira ameaçou renunciar à presidência da comissão, caso o projeto não fosse discutido em audiência pública. "Não estou aqui só para apertar botão", emendou.


A bancada de oposição do PSDB também defende um projeto substitutivo que reajusta o IPTU em apenas 6%, de acordo com a reposição inflacionária prevista pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). "O governo não mostrou até agora um único estudo que justifique aumento tão expressivo. A sociedade refuta esse tipo de cobrança feita de atropelo e sem explicações", criticou Andrea Matarazzo (PSDB), presidente da Comissão de Política Urbana.

 

Por bairros


Segundo projeção da Secretaria de Finanças, o aumento médio de IPTU nos próximos três anos, em bairros da região central como Brás (88,58%) e Bela Vista (88,33%), será o mesmo de áreas nobres como Vila Mariana (89,16%), Pinheiros (88,86%) e Itaim-Bibi (88,62%). "Isso é uma distorção com o que planeja o Plano Diretor, que quer levar mais moradores para o centro", afirmou o vereador Police Neto (PSD).


Diego Zanchetta

Fonte: O Estado de São Paulo (17.10.2013)


Veja também

Quem reduzir consumo de energia terá bônus na conta, diz secretário

Bônus será para quem economizar 10% de energia com relação a 2020   O Brasil passa pel...

Veja mais
Confaz prorroga até 31 de dezembro a isenção de ICMS sobre transporte no enfrentamento à pandemia

Convênios prorrogados também amparam empresas, autorizando que os estados não exijam o imposto por d...

Veja mais
Mapa estabelece critérios de destinação do leite fora dos padrões

PORTARIA Nº 392, DE 9 DE SETEMBRO DE 2021   Estabelece os critérios de destinação do le...

Veja mais
Empresa não deve indenizar por oferecer descontos apenas a novos clientes

Não há vedação legal para que fornecedores de serviços ofereçam descontos apen...

Veja mais
Justiça do Trabalho é incompetente para execução das contribuições sociais destinadas a terceiros

A 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ), ao julgar um agravo de petiç&...

Veja mais
Corte Especial reafirma possibilidade de uso do agravo de instrumento contra decisão sobre competência

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu embargos de divergência e reafirmou o entend...

Veja mais
Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociais

Seis legendas buscam no STF a suspensão dos efeitos da norma assinada pelo chefe do Executivo federal.   O...

Veja mais
Consumo das famílias cresce 4,84% em julho, diz ABRAS

Cebola, batata e arroz foram os produtos com maiores quedas no período   O consumo das famílias bra...

Veja mais
Lei que prorroga tributos municipais na epidemia é constitucional, diz TJ-SP

Inexiste reserva de iniciativa de projetos de lei versando sobre matéria tributária, a teor do dispos...

Veja mais