Cade: governo pode rever proibição de preço diferente para compra com cartão

Leia em 2min 20s

O governo pode rever a proibição de cobrança diferenciada de preços para pagamento à vista e com cartão de crédito. O assunto será discutido na sexta-feira (6), em uma reunião da Secretaria Nacional do Consumidor e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A possibilidade de mudança de posicionamento foi admitida nesta terça-feira (3), pelo assessor do Departamento de Estudos Econômicos do Cade, Alexandre Henriksen, em audiência pública conjunta das comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; e de Finanças e Tributação da Câmara.


Segundo ele, a proibição surgiu a partir das queixas de vários órgãos de defesa do consumidor sobre repasses excessivos de custos de cartão de crédito ao preço final. "Pode ser que em alguns setores da economia, alguns tipos de comércio, isso seja repassado e em outros não. Por isso, é um tema que merece um estudo bastante aprofundado antes de se ter uma mudança efetiva", afirmou. "Os países que permitem a diferenciação permitem com certos condicionamentos. Não é uma permissão totalmente livre, indiscriminada e sem regras."
Na prática, alguns estabelecimentos já concedem descontos para pagamento em dinheiro ou cheque, mas, formalmente, esses descontos são irregulares. O advogado da Divisão Jurídica da Confederação Nacional do Comércio, Cácito Esteves, defende a diferenciação de preços.


Para Esteves, a proibição parte de um pressuposto equivocado de que o consumidor seria prejudicado. Entretanto, de acordo com o representante do comércio, da forma como é hoje, os custos de cartões de crédito para os lojistas são repassados para todos os consumidores - os que pagam e os que não pagam com cartão de crédito.


"As pessoas mais simples acabam pagando duas vezes. Primeiro porque, quando pagam à vista, pagam [o repasse de custos] por quem usa cartão de crédito e porque não buscam descontos que poderiam ter. São pessoas que sequer sabem que isso é possível", argumentou.



Custos


Atualmente, no Brasil, duas bandeiras - Visa e Mastercard - respondem por mais de 90% do total de operações do segmento. O presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, Roque Pellizzaro Júnior, reclamou dos altos custos impostos pelas empresas aos comerciantes, que podem chegar, segundo ele, a 6,5% do valor da compra no caso dos cartões de benefício, como vale-alimentação.


O economista da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços, Juan Férres, defendeu que, se houver permissão de cobrança diferenciada, ela seja limitada ao custo efetivamente pago pelo cartão. Ele alertou ainda para a possibilidade de aumento da sonegação fiscal nas compras em espécie.
A audiência foi sugerida pelo deputado Guilherme Campos (PSD-SP).



Reportagem - Marise Lugullo/Rádio Câmara
Edição - Daniella Cronemberger


Fonte: Agência Câmara de Notícias (03.07.12)

 


Veja também

Quem reduzir consumo de energia terá bônus na conta, diz secretário

Bônus será para quem economizar 10% de energia com relação a 2020   O Brasil passa pel...

Veja mais
Confaz prorroga até 31 de dezembro a isenção de ICMS sobre transporte no enfrentamento à pandemia

Convênios prorrogados também amparam empresas, autorizando que os estados não exijam o imposto por d...

Veja mais
Mapa estabelece critérios de destinação do leite fora dos padrões

PORTARIA Nº 392, DE 9 DE SETEMBRO DE 2021   Estabelece os critérios de destinação do le...

Veja mais
Empresa não deve indenizar por oferecer descontos apenas a novos clientes

Não há vedação legal para que fornecedores de serviços ofereçam descontos apen...

Veja mais
Justiça do Trabalho é incompetente para execução das contribuições sociais destinadas a terceiros

A 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ), ao julgar um agravo de petiç&...

Veja mais
Corte Especial reafirma possibilidade de uso do agravo de instrumento contra decisão sobre competência

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu embargos de divergência e reafirmou o entend...

Veja mais
Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociais

Seis legendas buscam no STF a suspensão dos efeitos da norma assinada pelo chefe do Executivo federal.   O...

Veja mais
Consumo das famílias cresce 4,84% em julho, diz ABRAS

Cebola, batata e arroz foram os produtos com maiores quedas no período   O consumo das famílias bra...

Veja mais
Lei que prorroga tributos municipais na epidemia é constitucional, diz TJ-SP

Inexiste reserva de iniciativa de projetos de lei versando sobre matéria tributária, a teor do dispos...

Veja mais