Regulação do etanol pela ANP é aprovada; falta votar destaques sobre Correios

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Texto determina que todos os biocombustíveis, não só o biodiesel, serão controlados pela agência; reestruturação dos Correios, também estabelecida pela MP, ainda pode ser alterada por destaques da oposição, que acusa o governo de estar abrindo as portas para a privatização da empresa.
O Plenário aprovou, nesta quarta-feira, a Medida Provisória 532/11, que atribui à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a fiscalização e a regulamentação do setor produtivo de etanol, antes considerado um subproduto agrícola. Os deputados devem concluir a análise dos destaques ao projeto de lei de conversão do deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) na próxima semana.
A MP também amplia as áreas de atuação da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que poderá explorar serviços postais eletrônicos, financeiros e de logística integrada, e passará a ter a mesma estrutura prevista para empresas de sociedade anônima, com decisões tomadas por uma assembleia geral.
Devido a um acordo de lideranças, a análise da MP avançou no início da noite, após o fim da obstrução dos partidos de oposição. Em uma das votações previstas no acordo, o Plenário rejeitou, por 218 votos a 151 e 6 abstenções, um destaque do PSDB que pretendia excluir do texto todas as mudanças feitas pela MP na estrutura dos Correios. O PDT apresentou destaque de igual conteúdo.
A ECT poderá constituir subsidiárias, atuar no exterior e adquirir o controle ou participação acionária de empresas já estabelecidas. Os debates ficaram centralizados nessas mudanças, defendidas pelos governistas com o argumento de modernização e atacadas pelos oposicionistas com a alegação de que isso abrirá caminho para privatizar os Correios.
Na próxima semana, o Plenário deverá votar nominalmente um destaque do PPS que pretende excluir do texto a permissão dada aos Correios para adquirir o controle acionário de outras empresas ou participar de seu capital. Outro destaque que será analisado na terça-feira (23), de autoria do DEM, quer excluir essa permissão e também a de constituição de subsidiárias.


Biocombustível


Segundo a legislação atual, apenas o biodiesel era regulado pela ANP. Agora, todos os biocombustíveis terão sua produção, importação, exportação, estocagem e venda controlados pela agência.
Uma das mudanças feitas pelo relator no texto permite que a ANP exija das empresas reguladas a manutenção de estoques mínimos de combustíveis e biocombustíveis, em instalação própria ou de terceiro. A agência poderá exigir ainda comprovação de capacidade das empresas para atender à demanda do mercado por esses combustíveis.
Para ajudar a renovação tecnológica do parque produtivo, o relator determinou que o Executivo adote ações para tentar garantir a competitividade dos biocombustíveis em relação aos de origem fóssil quando reduzir ou restabelecer alíquotas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide-Combustível).
Segundo Arnaldo Jardim, garantir o suprimento de etanol é insuficiente. “O desafio maior é ampliar a produção e garantir volume suficiente para a exportação do produto”, afirmou.
O texto aprovado prevê que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) criará uma linha de crédito específica, com taxas de juros reduzidas, para financiar a modernização dos sistemas de produção de cana-de-açúcar, álcool e geração de energia com essa matéria-prima.


Energia de biomassa


Jardim incluiu na MP um modelo defendido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em audiências públicas na Câmara que obriga as distribuidoras a contratarem, durante dez anos, um mínimo de 200 MW de energia elétrica gerada a partir de biomassa.
Entretanto, a contratação somente será feita se o preço ganhador do leilão de compra não for superior ao preço-teto estabelecido pelo Ministério de Minas e Energia. Outra condição imposta às geradoras é de que elas comprovem um índice mínimo de nacionalização de seus equipamentos de 60%.


Álcool na gasolina


A MP também reduziu o percentual mínimo de álcool que pode ser adicionado à gasolina (de 20% para 18%), com o objetivo de diminuir o impacto direto do preço do etanol na gasolina.
A adulteração de combustível passará a ser fiscalizada pela ANP, que poderá controlar dados sobre a produção e a comercialização dos produtos usados para adulterar combustíveis.


Regras gerais


Devido à ampliação das atribuições da ANP, que passará a regular a indústria de biocombustíveis, o relator incluiu na MP regras gerais para as empresas obterem autorização de funcionamento.
Elas deverão estar quites com as Fazendas públicas, apresentar licença ambiental e projetos de controle da segurança e de instalação. Aquelas que também produzirem ou comercializarem energia elétrica deverão atender também às regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Já para facilitar a regulamentação, Arnaldo Jardim incluiu no texto definições de etanol e de bioquerosene de aviação.


Reportagem – Eduardo Piovesan
Edição – Marcos Rossi

 Fonte: Câmara dos Deputados (17.08.11)


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