BC libera R$ 25,7 bi com redução de compulsório

Leia em 3min 30s

Com a medida anunciada ontem, bancos vão reter um porcentual menor das operações, ampliando o volume disponível para crédito

 

BRASÍLIA - O Banco Central reduziu nesta quarta-feira, 28, as parcelas que os bancos são obrigados a reter na instituição, os chamados depósitos compulsórios. A medida vai liberar R$ 25,7 bilhões no sistema financeiro e, com isso, os bancos passarão a ter mais dinheiro livre para empréstimos.

 

O BC afirmou que entre os objetivos da medida também está reduzir os custo que os bancos têm ao manter o dinheiro retido no órgão regulador. Assim, as instituições financeiras podem diminuir o spread bancário, que é a diferença entre a taxa que o banco paga ao tomar um empréstimo e a que cobra ao conceder crédito.

 

As medidas, aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), reduziram a exigência de parcela que deve ser mantida no BC de 40% para 25% no caso dos depósitos em conta corrente (à vista). Já os porcentuais para os depósitos da poupança caíram de 24,5% para 20% e, no caso da poupança rural, o mínimo passou de 21% para 20%. As novas regas entram em vigor em abril. Os R$ 25,7 bilhões que serão liberados com a medida representam 5% do total de compulsórios que estão retidos hoje no Banco Central.

 

Quando um cliente faz um depósito na sua conta ou coloca dinheiro na poupança, o banco é obrigado a reservar uma parte desses recursos em uma conta no BC, o que impede a instituição de usar esse dinheiro para emprestar. Dessa forma, o BC controla a quantidade de dinheiro disponível para empréstimos e financiamentos.

 

“Voltamos aos patamares das alíquotas pré-crise de 2008”, apontou o diretor de Regulação do BC, Otávio Damaso. Após afirmar que a redução das alíquotas de compulsórios cria condições para potenciais reduções nos spreads bancários, no entanto, o diretor não respondeu quando e o quanto cairão os spreads cobrados nas operações de crédito.

 

Ele também não respondeu se a medida pode ampliar a projeção da autoridade monetária para o crescimento do mercado de crédito em 2018. Nesta semana, o BC revisou de 3,0% para 3,5% a previsão de expansão da carteira crédito total neste ano. Perguntado se novas medidas de liberação de compulsório poderão ser adotadas, ele afirmou que o BC nunca esgota nada nessa linha, mas, se será feita ou não “são outros quinhentos”.

 

Pacote. Além da redução das alíquotas, o CMN aprovou a alteração de outras regras relativas ao compulsório. Uma das mudanças foi que os bancos não poderão mais utilizar o saldo de caixa para cumprir as exigências, inclusive os recursos mantidos em caixas eletrônicos (ATMs).

 

Outra alteração foi o aumento da faixa que é isenta de recolhimento de compulsório, que passará de R$ 70 milhões para R$ 200 milhões. Com isso, serão beneficiadas principalmente as instituições financeiras menores, que têm depósitos mais instáveis e acabavam tendo custos maiores para cumprir as regras de compulsório exigidas pelo Banco Central. Também foram eliminadas regras que permitiam que depósitos feitos em bancos públicos por empresas públicas, como a Petrobrás, fossem deduzidos do compulsório

 

Pagamentos. O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu também vedar que instituições financeiras aceitem o pagamento em espécie de boletos com valores iguais ou superiores a R$ 10 mil. De acordo com o Banco Central, a medida tem o objetivo de prevenir a lavagem de dinheiro e estimular a eficiência do sistema financeiro.

 

Para boletos inferiores a R$ 10 mil, os banco somente poderão recusar o pagamento em espécie se houver indícios de tentativa de burlar a proibição. Essa norma vale a partir de 28 de maio deste ano. Os bancos também terão que implementar um registro específico de recebimento de boletos com recursos em espécie a partir de março de 2019. O Banco do Brasil, já tinha um limite de R$ 2 mil para pagamentos de boleto em espécie e agora terá de se adequar.

 

Fonte: Estadão – 28/03/2018.

 

 


Veja também

Quem reduzir consumo de energia terá bônus na conta, diz secretário

Bônus será para quem economizar 10% de energia com relação a 2020   O Brasil passa pel...

Veja mais
Confaz prorroga até 31 de dezembro a isenção de ICMS sobre transporte no enfrentamento à pandemia

Convênios prorrogados também amparam empresas, autorizando que os estados não exijam o imposto por d...

Veja mais
Mapa estabelece critérios de destinação do leite fora dos padrões

PORTARIA Nº 392, DE 9 DE SETEMBRO DE 2021   Estabelece os critérios de destinação do le...

Veja mais
Empresa não deve indenizar por oferecer descontos apenas a novos clientes

Não há vedação legal para que fornecedores de serviços ofereçam descontos apen...

Veja mais
Justiça do Trabalho é incompetente para execução das contribuições sociais destinadas a terceiros

A 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ), ao julgar um agravo de petiç&...

Veja mais
Corte Especial reafirma possibilidade de uso do agravo de instrumento contra decisão sobre competência

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu embargos de divergência e reafirmou o entend...

Veja mais
Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociais

Seis legendas buscam no STF a suspensão dos efeitos da norma assinada pelo chefe do Executivo federal.   O...

Veja mais
Consumo das famílias cresce 4,84% em julho, diz ABRAS

Cebola, batata e arroz foram os produtos com maiores quedas no período   O consumo das famílias bra...

Veja mais
Lei que prorroga tributos municipais na epidemia é constitucional, diz TJ-SP

Inexiste reserva de iniciativa de projetos de lei versando sobre matéria tributária, a teor do dispos...

Veja mais