Câmara deve concluir este mês mudanças na Lei da Arbitragem

Leia em 3min 10s

O relatório sobre o projeto que trata dos mecanismos extrajudiciais da mediação e arbitragem na resolução de conflitos no país pode ser votado ainda este mês. Hoje (5), a comissão especial criada há um mês na Câmara para analisar a matéria fez a primeira e última audiência sobre o tema.

 

O projeto (PL 7.108/14) foi elaborado no Senado, por uma comissão de juristas. Eles concluíram a proposta depois de debates e negociações no ano passado, que duraram vários meses. O deputado Sergio Zveiter (PSD-RJ), que comanda o colegiado especial na Câmara, quer que o projeto seja rapidamente votado.


Segundo o parlamentar, o relatório sobre a matéria será apresentado na próxima terça-feira (10), para que seja votado ainda em junho. Como o texto tramita em caráter conclusivo na Casa, depois de aprovado será levado à sanção da presidenta da República.


A ideia de parlamentares e juristas é modernizar a chamada Lei da Arbitragem (Lei 9.307/96) para tornar o recurso mais acessível e, com isso, reduzir o volume de processos que chegam à Justiça anualmente. Zveiter lembrou que o Brasil já ocupa o terceiro lugar entre os países que utilizam esse recurso, mas que, com as alterções necessárias na lei, pode passar a liderar o ranking.


Números da Justiça revelam que, anualmente, cerca de 30 milhões de novas ações são iniciadas no país, provocando um congestionamento da Justiça. A estimativa dos juristas é que em cada dois cidadãos brasileiros, um tem processo judicial em andamento.


"A avalanche de causas no Judiciário reflete que é preciso contornar essa situação, apresentando soluções eficazes", disse o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luis Felipe Salomão. Para ele, a arbitragem e a mediação de conflitos antes que as questões sejam transformadas em processos são algumas das saídas para desafogar os tribunais.
Salomão, que presidiu a Comissão de Juristas do Senado para a reforma da Lei de Arbitragem, é ainda mais otimista sobre os prazos para que a proposta se torne lei.


Segundo ele, há sinais de que na próxima semana o texto já poderia ser votado. "Claro que não vai se resolver da noite para o dia, mas é uma tentativa que vem sendo utilizada largamente no mundo todo. Além de desafogar o Judiciário, vai abrir as portas para a população carente que hoje não tem acesso ao Poder Judiciário. Com essas medidas ela poderá ter acesso amplificado", completou.


Na Câmara, o texto já passou pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (Ctasp), onde recebeu nove emendas. O prazo para novas emendas na comissão especial termina hoje, mas o relator, deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), não acredita em impasses que possam dificultar a aprovaçao do texto. Segundo ele, o trabalho da Comissão de Juristas facilitou a tramitação na Câmara já que, no Senado, várias partes envolvidas com o tema foram ouvidas e contempladas na proposta.


"A sociedade quer celeridade e leis adequadas ao momento. Não se trata de criar mais varas, juízes e agentes, mas desafogar a Justiça com uma solução extrajudicial. As emendas apresentadas até agora foram apresentadas quando o projeto tramitou na Comissão de Trabalho. Estou aguardando ainda".


Pelo texto formulado no Senado, os órgãos da administração pública direta e indireta poderiam recorrer à arbitragem para resolver conflitos de direitos patrimoniais com as empresas, por exemplo. A lei atual já prevê o recurso nos casos que envolvem apenas empresas.


As mudanças propostas no Senado também autorizam a arbitragem em conflitos de relações de consumo quando a iniciativa for do próprio consumidor, sobre relações trabalhistas, para os casos de empregados que ocupam cargos de administrador ou diretor estatutário e conflitos societários, entre acionistas de uma empresa.


Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil


Edição: Graça Adjuto

 

 

Fonte: Agência Brasil (05.06.2014)

 


Veja também

Quem reduzir consumo de energia terá bônus na conta, diz secretário

Bônus será para quem economizar 10% de energia com relação a 2020   O Brasil passa pel...

Veja mais
Confaz prorroga até 31 de dezembro a isenção de ICMS sobre transporte no enfrentamento à pandemia

Convênios prorrogados também amparam empresas, autorizando que os estados não exijam o imposto por d...

Veja mais
Mapa estabelece critérios de destinação do leite fora dos padrões

PORTARIA Nº 392, DE 9 DE SETEMBRO DE 2021   Estabelece os critérios de destinação do le...

Veja mais
Empresa não deve indenizar por oferecer descontos apenas a novos clientes

Não há vedação legal para que fornecedores de serviços ofereçam descontos apen...

Veja mais
Justiça do Trabalho é incompetente para execução das contribuições sociais destinadas a terceiros

A 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ), ao julgar um agravo de petiç&...

Veja mais
Corte Especial reafirma possibilidade de uso do agravo de instrumento contra decisão sobre competência

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu embargos de divergência e reafirmou o entend...

Veja mais
Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociais

Seis legendas buscam no STF a suspensão dos efeitos da norma assinada pelo chefe do Executivo federal.   O...

Veja mais
Consumo das famílias cresce 4,84% em julho, diz ABRAS

Cebola, batata e arroz foram os produtos com maiores quedas no período   O consumo das famílias bra...

Veja mais
Lei que prorroga tributos municipais na epidemia é constitucional, diz TJ-SP

Inexiste reserva de iniciativa de projetos de lei versando sobre matéria tributária, a teor do dispos...

Veja mais