SANTIAGO (CHILE) - Para o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano, a corrente internacional de comércio de alimentos passará por uma reconfiguração nos próximos dez anos. Com os países desenvolvidos, principalmente na Europa, ainda se esforçando para superar a crise econômica, a tendência é que os grandes exportadores de alimentos e commodities sejam afetados caso não priorizem a agregação de valor em suas cadeias produtivas.
"Depois do crescimento brutal do Mercosul como exportador de grãos, cereais, carnes e ovos, está ocorrendo no mundo uma reação a essa comodiditização da alimentos. Na Europa, há uma tentativa de reforçar a agricultura regional e recuperar o consumo de produtos tradicionais. Eles não querem mais ter um produto padrão para importar. O maior objetivo disso é incrementar o comércio regional", disse Graziano na manha de hoje, antes da abertura da 33ª Conferência Regional da FAO para América Latina e Caribe, que acontece em Santiago, capital chilena.
"Isso vai resultar em uma reconfiguração importante do comércio internacional. O Brasil, por exemplo, já está sendo afetado na demanda por sucos, a começar pelo suco de laranja. Na Europa, o consumo de suco já está sendo substituído por outros produtos, locais ou regionais. Então o comércio mundial de alimentos vai experimentar uma reconfiguração de sua cadeia. Países que apostaram na agregacao de valor de suas cadeias produtivas estão e estarão em melhores condições de competir internacionalmente", complementou Graziano.
Por Luciano Máximo | Valor
Fonte: Valor Econômico (08.05.2014)