Mesmo diante das altas taxas cobradas pelas administradoras e da demora no repasse dos recursos aos lojistas, os cartões de crédito continuam a ser a principal modalidade de pagamento a prazo. Segundo pesquisa do Departamento de Economia da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), o "dinheiro de plástico" respondeu por 72% dos parcelamentos registrados pelo varejo em novembro. O cheque pré-datado ocupou o segundo lugar (22%) e os carnês e boletos bancários ficaram em terceiro (6%).
Na avaliação da coordenadora do Departamento de Economia da entidade, Silvânia de Araújo, o cartão é atraente tanto para os consumidores quanto para os empresários, apesar de seu alto custo. "Do comerciante, as administradoras cobram taxas entre 3% e 5% sobre o valor de cada compra. Já o cliente paga juros de refinanciamento, que ultrapassam os 300% ao ano", disse. Ainda assim, de acordo com a economista, ele "blinda" o lojista do risco da inadimplência e oferece ao consumidor mais liquidez.
Silvânia de Araújo destacou que, enquanto em alguns países as operadoras pagam ao varejista em quatro dias, no Brasil esse processo pode demorar até mais de um mês. "As empresas já se acostumaram a trabalhar com esse prazo longo. O grande diferencial do cartão é que ele possibilita compras por impulso, porque permite o parcelamento sem juros, que acaba se encaixando no orçamento de qualque cliente", afirmou.
Ainda de acordo com o levantamento da Fecomércio Minas, em 77% das operações, as compras são divididas de duas a seis vezes. Já nos parcelamentos com cartão próprio, em 67% dos casos os pagamentos são feitos entre 10 e 24 meses.
Tendência - A série de pesquisas realizadas pela entidade em 2010 aponta para uma diminuição na utilização do cheque pré-datado - de 26% em janeiro para 22% em novembro. O último levantamento mostra que apenas 32% dos comerciantes aceitam esta modalidade de pagamento, enquanto 95% trabalham com o "dinheiro de plástico". O percentual é bem menor do que o registrado em fevereiro, quando 45% dos empresários aceitavam transações com cheques.
Para 50% dos entrevistados, a principal razão para o não-recebimento de cheques é o medo da inadimplência. Dos que aceitam essa forma de pagamento, 27% afirmam usar o cadastro próprio de clientes como forma de evitar o calote, enquanto 13% oferecem descontos para que as vendas sejam quitadas à vista.
"Existem estabelecimentos que estão oferecendo descontos para pagamento em cheques, para clientes cadastrados, para tentar fugir das taxas das administradoras de cartão de crédito. Mas grande parte dos consumidores já migrou para a forma eletrônica de pagamento e já não usa mais essa forma de pagamento", disse Silvânia de Araújo. "A tendência é de intensificação das transações eletrônicas, que trazem segurança para os lojistas e mais poder de compra para o consumidor", concluiu.
A sondagem de dezembro de 2010, referente às operações realizadas no mês de novembro, identificou que a mediana de cheques sem fundo foi de 8%, com queda de 2% em relação ao mês anterior. Já em relação ao mesmo período de 2009, o índice apresentou alta de 5%.
Já os carnês e boletos são usados por 8% dos comerciantes. O número de parcelas nesse tipo de transação varia entre 10 e 24, com concentração nos parcelamentos de longo prazo (77%). Em compras a prazo nos carnês, a taxa média de juro varia entre 5,1% e 8% ao mês.
Veículo: Diário do Comércio - MG