'Casa digital' é próxima aposta do setor de TI

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Quando o vídeo cassete era o que havia de mais moderno no espaço do entretenimento doméstico, havia piada recorrente de que os americanos costumavam dizer que o único e grave defeito do equipamento estava em seu relógio digital, teimoso em marcar, sempre, as "12:00". A ironia flertava com a dificuldade infernal que o usuário tinha para conseguir, simplesmente, ajustar o horário do seu equipamento. O cassete passou, mas o "tecniquês", não. Ainda assim, fabricantes de equipamentos acreditam que o idioma cifrado da tecnologia já está maduro o suficiente para preparar o terreno da chamada "casa digital", um negócio de potencial bilionário que tem mexido com os planos das grandes companhias do setor. 

 

Um relatório elaborado pela empresa de pesquisas CreditSights mostra que a idéia futurista de se montar um lar 100% conectado - onde equipamentos como TV, computador, impressora e celular compartilham conteúdo por meio da internet - não tem metas nada imaginárias. Estima-se que a oportunidade de mercado do lar digital atingirá, até 2012, cerca de US$ 250 bilhões somente nos EUA, e US$ 1 trilhão em todo o mundo. 

 

No ano passado, a consultoria americana Access Market International (AMI) avaliou o potencial desse mercado no Brasil. Os usuários residenciais de internet, segundo o estudo, gastarão US$ 13 bilhões com tecnologia neste ano. Desse total, 60% será destinado a serviços de telecom, e o restante dividido entre acessórios, sistemas e atualização de equipamentos. 

 

Diversos fabricantes preparam seus lançamentos. No próximo mês, a Hewlett-Packard (HP) traz ao país um micro de mesa onde o monitor terá tela sensível ao toque (touch screen). "Uma máquina como essa muda o conceito do computador no ambiente doméstico", diz Valéria Molina, diretora de sistemas pessoais de consumo da HP Brasil. "O PC vai para a sala de estar e passa a ser o centro do entretenimento digital." 

 

A fabricante de chips Intel, uma das maiores interessadas na experiência da casa conectada, também prepara novidades. Em parceria com o Yahoo e a Samsung, a empresa lançará no país o "Widget Channel Framework". Trata-se de um "set-top box", uma caixinha que, uma vez plugada na TV, permite que o usuário navegue em diversos serviços de internet. 

 

Segundo Américo Tomé, gerente de novas tecnologias da Intel, a falta de padronização de sistemas e redes é algo que ainda atrapalha a integração de equipamentos de diferentes fornecedores, mas esses problemas começam a perder força à medida que tudo passa a se basear em comunicação via internet. "Esse movimento fica ainda mais claro com a disseminação das redes sem fio", diz. 

 

A convergência entre eletrônicos e equipamentos de informática também coloca em discussão qual deverá ser o dispositivo que tende a centralizar a gestão e o armazenamento de conteúdo na casa do usuário. De um lado estão companhias como Positivo Informática, Dell e HP, interessadas em fazer do computador o centro de integração digital. Do outro estão empresas como LG, Sony, Samsung e Panasonic, que tendem a levar o núcleo da casa conectada para a TV. "Já temos um modelo de 50 polegadas que armazena dados, acessa internet e integra a imagem de câmeras espalhadas pela casa, tudo por meio de um controle remoto", diz Marcelo Miake, gerente-geral de marketing da Panasonic. 

 

Há casos de quem opta por uma terceira via, como o da Apple. O Apple TV, que chegou ao país no primeiro semestre do ano, é uma caixa que funciona como um centro de mídia onde é possível armazenar conteúdo do PC e acessar, pela televisão, vídeos de sites como o YouTube. 

 

As iniciativas, segundo Osvaldo Barbosa de Oliveira, diretor-geral de mercado consumidor e on-line da Microsoft, mostram que a casa digital não é papo futurista. "Estamos falando de uma realidade", diz ele. Ainda que para poucos. 


 
Veículo: Valor Econômico


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