Analistas prevêem estabilidade no varejo

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O salto das vendas do varejo observado na abertura do segundo semestre não vai se repetir em agosto, avaliam economistas, mas fatores como a perda de fôlego da inflação e a estabilidade do mercado de trabalho devem garantir uma reação do consumo na média do terceiro trimestre. Após a forte alta de 1,9% registrada em julho, a média de 19 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data indica crescimento nulo do comércio restrito em agosto ante o mês anterior, feito o ajuste sazonal.

Essa expectativa é vista pelos analistas com um certo otimismo, pois significa manutenção das vendas em patamar mais elevado do que no início do ano. As estimativas para a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) referente a agosto, a ser divulgada hoje pelo IBGE, vão de queda de 0,9% a expansão de 0,8%. Já para o varejo ampliado, que considera, além dos oito segmentos pesquisados no restrito, os de automóveis e material de construção, 12 economistas projetam aumento de 0,6% na passagem mensal.

Com o desaquecimento dos indicadores de emprego e das concessões de crédito ao longo do ano, os preços dos produtos se tornaram os principais determinantes do comportamento do varejo e devem impulsionar uma recuperação no terceiro trimestre, na avaliação de Paulo Neves, da LCA Consultores. A inflação média mensal nos três meses encerrados em setembro foi de 0,21%, ante 0,39% no trimestre anterior, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Neves estima que o volume de vendas do varejo restrito vai aumentar 0,3% em agosto, feito o ajuste sazonal, com base no avanço de 0,6% das vendas reais dos supermercados, segundo o indicador da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) dessazonalizado e deflacionado pela LCA Consultores, e na alta de 0,4% das consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) na cidade de São Paulo, também após o ajuste sazonal da consultoria.

O economista observa, porém, que uma acomodação é normal após o avanço de quase 2% registrado no mês anterior. Na média do terceiro trimestre, no entanto, ele trabalha com expansão de 3,5% das vendas restritas, acima da alta de 0,9% do segundo trimestre. "O cenário para o varejo é de aceleração, já que a inflação melhorou e os ganhos reais dos trabalhadores também, dado que os reajustes nominais estão relativamente estáveis", disse.

Caso sua projeção de variação de 0,2% para o varejo restrito se confirme e as vendas marquem estabilidade no mês de setembro, o economista Guilherme Maia, da Votorantim Corretora, calcula que esse indicador terá acumulado aumento de 2,5% na média do terceiro trimestre. Segundo Maia, a análise mensal não é um bom termômetro para os dados do varejo - que, em sua opinião, estão ganhando velocidade, ainda que sem espaço para crescer no mesmo ritmo dos últimos anos. Em 2013, a corretora estima que as vendas restritas vão crescer cerca de 2,5%.

O economista da corretora Votorantim sustenta que os principais vetores de aceleração do consumo no terceiro trimestre devem ser uma ligeira melhora nos números de comprometimento de renda e nível de endividamento das famílias - que, excluindo-se o crédito habitacional, mostram um pequeno recuo - e a dinâmica ainda favorável da ocupação, com estabilidade da taxa de desemprego dessazonalizada nos mesmos níveis, entre 5,3% e 5,6%, desde meados do ano passado.

Após a perda de ritmo da criação de novos empregos na primeiro semestre, diz Maia, a expectativa era que o início do segundo semestre já mostrasse demissões, hipótese que acabou não se concretizando. O analista da Votorantim continua avaliando que a taxa de desocupação deve subir em algum momento, mas este cenário foi adiado para o último trimestre do ano.

Para André Muller, economista da Quest Investimentos, a evolução do varejo nos últimos meses tem surpreendido para cima, mesmo com a retração de 0,1% projetada para as vendas restritas em agosto. "Apesar da queda mensal, as vendas vão se manter em nível mais elevado, porque a alta de julho foi bastante expressiva", disse Muller.

Em sua opinião, o mercado de trabalho não tem mostrado desempenho muito melhor do que o esperado, tampouco a confiança dos consumidores ou as concessões de crédito. Assim, diz Muller, a única explicação para a retomada prevista para o comércio no terceiro trimestre estaria na descompressão dos preços.

Muller ainda acrescenta que as vendas de automóveis são outro segmento que tem mostrado comportamento mais positivo nos últimos meses do que o esperado anteriormente. A partir de números da Fenabrave, entidade que reúne os revendedores de veículos do país, a Quest projeta que o setor de veículos deve ser a principal influência de alta sobre o varejo ampliado em agosto, para o qual estima aumento de 0,6%.


Veículo: Valor Econômico


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