Aumento de preços não reduz venda de alimentos

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Expansão do emprego ajuda a manter o País longe da crise mundial



O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, disse que o cenário macroeconômico “ainda é muito bom” e o aumento na criação de vagas formais tem forte influência no comportamento do consumidor, reduzindo efeitos da alta de preços sobre as vendas. “A primeira pauta de consumo de quem consegue emprego é alimentação.”



Segundo os dados do comércio varejista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas de hiper e supermercados cresceram 8,4% em maio ante igual mês do ano passado, apesar da alta de 1,95% nos preços dos produtos alimentícios do IPCA daquele mês. Para a camada de renda mais baixa, cuja inflação é medida pelo INPC, a alta dos alimentos chegou a 2,19% em maio.



As classes C, D e E respondem por cerca de 70% do consumo de alimentos no Brasil, pelos dados da Abras. “Nos produtos básicos, como arroz e feijão, a perspectiva é de continuidade ou aumento do consumo, mas outros produtos considerados supérfluos são mais atingidos. Nossa expectativa é que o consumidor refaça o orçamento e tenha maior destinação para alimentos e menos recursos para outros produtos”, disse Honda.



O diretor de economia da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), Denis Ribeiro, acredita que a alta nos alimentos não impedirá que as indústrias vinculadas a esses produtos cresçam 4,5% este ano. Em 2007, segundo a Abia, a expansão foi de 3,8%.



Segundo ele, os custos da indústria alimentícia estão bastante pressionados, já que incluem não apenas os alimentos in natura, mas também outros itens, como embalagens. Ribeiro disse ainda que a indústria não tem conseguido repassar na íntegra os aumentos de custos porque o consumidor está mais seletivo e substitui as marcas com preços mais elevados.



Mas, ainda assim, de acordo com Ribeiro, “no caso dos alimentos, a pessoa mantém o compromisso com a família: muda o produto, mas compra”.



Os produtores de alimentos de marca própria pretendem aproveitar a oportunidade para vender mais. A presidente da Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro), Neide Montesano, disse que a alta dos alimentos é uma oportunidade para divulgação das marcas próprias. Segundo ela, esse tipo de produto tem crescido muito nos últimos sete anos e, no ano passado, apresentou expansão de 27% no segmento supermercadista. De acordo com ela, no conjunto da cesta básica, a diferença de preço de alimentos de marcas próprias pode atingir de 15% a 20%.



Prévia do IGP-M tem 1ª deflação em 15 meses

 

O mercado financeiro foi surpreendido ontem com a primeira deflação no Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) nos últimos 15 meses. O resultado da primeira prévia de agosto foi de -0,01%, bem inferior à alta de 1,55% em igual prévia de julho. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o resultado do indicador foi derrubado por commodities agrícolas mais baratas no atacado e quedas dos alimentos no varejo. Até a primeira prévia de agosto, o IGP-M acumula altas de 8,7% no ano e de 13,99% em 12 meses.



O desempenho levou os analistas a revisarem suas projeções para o IGP-M fechado do mês, que deve terminar bem abaixo do de julho (1,76%) ou até mesmo com taxa negativa. O analista da consultoria Tendências Gian Barbosa alterou sua projeção para o IGP-M do mês de 0,4% para -0,1%. Ele aposta em manutenção do cenário atual, com quedas bem espalhadas por diferentes setores.



Já o economista-sênior do BES Investimento, Flávio Serrano, prevê alta de apenas 0,2% para o índice do mês. “Talvez não tenhamos deflação do IGP-M no fim do mês. Ele poderá acelerar um pouquinho, mas a taxa vai ser baixa.”



O coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, concorda que o IGP-M de agosto deve ser menor que o de julho, mas observa que ainda é muito cedo para saber se realmente vai fechar o mês com deflação. Ele ressalta também que não há como avaliar se isso vai influenciar a decisão do Banco Central (BC) sobre a trajetória de elevação na taxa básica de juros.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo

Jacqueline Farid e Alessandra Saraiva

 

Beneficiados pelo aumento do emprego, a indústria e o comércio varejista de alimentos estão apresentando expansões significativas de produção e vendas, apesar da forte alta dos preços dos produtos alimentícios este ano (9,78% de janeiro a julho). Antes mesmo da desaceleração apontada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), um conjunto de medidas como promoções, reduções de margem, aposta em marcas próprias e persistência dos consumidores já mantinha produtores e revendedores de alimentos do País ao largo da crise mundial desses produtos.


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