Amazon PC pede recuperação judicial

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Os fabricantes de computadores têm driblado com alguma habilidade os efeitos da crise econômica, mas isso não significa que a queda das vendas ocorrida entre o fim do ano passado e início deste não venha fazendo suas vítimas. Nesta semana, a fabricante brasileira de computadores Amazon PC entrou com um pedido de recuperação judicial. O requerimento foi registrado na segunda-feira, na primeira Vara de Falências de São Paulo.

 

Se tiver seu pedido acatado pelo juiz da Comarca, a empresa terá um prazo de até 180 dias para apresentar um plano de recuperação e quitação de suas dívidas. Procurado pelo Valor, o presidente da Amazon PC, Carlos Diniz, não retornou ao pedido de entrevista até o fechamento desta edição.

 

A situação financeira da Amazon PC se complicou nos últimos 12 meses. Um levantamento obtido pelo Valor aponta que, apenas entre julho de 2008 e maio deste ano, a empresa acumulou pendências financeiras que, somadas, superam R$ 9 milhões. Entre os principais credores estão as empresas Zfac e a Brickell. No primeiro semestre deste ano, a Amazon PC recorreu a empréstimos bancários para quitar suas pendências financeiras, mas parte deles já foi convertida em novas dívidas. O ABN Amro cobra da empresa financiamentos que ultrapassam R$ 1,5 milhão, obtidos em abril. Com o Bradesco, a Amazon PC tem uma dívida de R$ 195 mil a saldar. Outro empréstimo de R$ 110 mil está em aberto com o Tribanco, que pertence ao grupo atacadista Martins.

 
 
Na internet, a Amazon PC tem sido alvo de críticas de consumidores, que reclamam de atraso no conserto de equipamentos. O Valor conversou com a AHS Informática, assistência técnica da companhia em São Paulo. A atendente da empresa confirmou que a entrega de peças, de fato, tem atrasado.

 

Em atividade desde 1997, a Amazon PC iniciou suas operações como uma pequena fábrica de componentes de informática, instalada na Zona Franca de Manaus. A decisão da companhia de passar a fabricar suas próprias máquinas foi tomada quando Carlos Diniz, que até então distribuia peças da empresa, adquiriu a companhia e injetou capital na operação. De uma pequena montadora de peças, a empresa se transformou no Grupo MCD/Amazon PC, representado pela fábrica de micros, a MCD Distribuidora, voltada a componentes para o atacado; e a MCD Indústria, unidade de fabricação de placas-mãe.

 

Os negócios da empresa ganharam um novo ritmo em 2004, quando a redução da carga tributária fez explodir a demanda do mercado de PCs. Em 2006, o faturamento da empresa chegou a R$ 200 milhões. À época, em entrevista ao Valor, Carlos Diniz afirmou que a meta da companhia era dobrar de tamanho no ano seguinte, apoiada por lançamentos de PCs e notebooks, além da venda de placas-mãe para outros fabricantes. As instalações da empresa, então com 300 profissionais, eram preparadas para receber mais 200 colaboradores. A capacidade de produção era de 78 mil máquinas e de até 300 mil placas-mãe por mês. No varejo, os equipamentos da Amazon PC já eram encontrados em lojas das redes Carrefour e Citylar, além dos sites de comércio eletrônico Americanas.com, Submarino e Shoptime.

 

No segundo semestre de 2008, a rota de crescimento tomou a direção oposta. A queda das vendas do setor, somada ao impacto do câmbio, reduziu as já estreitas margens de lucro dos equipamentos - normalmente, entre 2% e 4%. O cenário levou a Amazon PC a dispensar 200 profissionais que havia colocado em treinamento em julho de 2008, para atender a demanda do fim do ano. As vendas de Natal, então projetadas para atingir 25 mil unidades, foram revistas para 10 mil equipamentos. No fim do ano passado, a Amazon PC já trabalhava com uma perspectiva de retração entre 4% e 5% no mercado, embora Diniz acreditasse na possibilidade de a companhia ampliar seu volume de vendas, superando os 180 mil equipamentos comercializados em 2008. Em fevereiro, a Amazon PC lançou um novo modelo de computador portátil, em que os comandos são realizados por meio de uma tela sensível ao toque, dispensando o teclado.
 


Veículo: Valor Econômico


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