São Paulo - Com 45% da área de 930 mil hectares de cana-de-açúcar colhida, os produtores de Goiás iniciam o período de pico das atividades no Estado de olho no clima. Se a projeção de chuva para o mês de outubro se concretizar, a produção estimada em 70 milhões toneladas deverá ser revista.
De acordo com o analista técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Alexandro Alves, os modelos meteorológicos indicam que a safra 2017/2018 deve se repetir o que aconteceu no ciclo anterior, quando a chuva interrompeu a colheita em outubro, reduzindo a produção. "Se isso se concretizar, não alcançaremos as 70 milhões de toneladas estimadas para este ciclo, não por falta de cana, mas pela interrupção dos trabalhos de colheita", explica o analista.
Ele se refere aos produtores independentes que representam 14% da produção do Estado. O restante da produção é das usinas. "Mas, por enquanto, nossa expectativa é de estabilidade para a produção deste ano em relação ao ciclo passado", destaca.
Ele afirma que o resultado deste ciclo dependerá dos próximos dois meses, os principais para a colheita no Estado, para os quais a perspectiva é de um clima favorável. "Se os produtores conseguirem um bom índice de colheita em agosto e setembro essa queda - se ocorrer - poderá ser menos acentuada", pondera o analista.
Até julho a produtividade alcançada no campo é de 85 toneladas por hectare, em linha com a obtida no ciclo passado, afirma Alves. Ele destaca algumas características desta safra, como o baixo índice de renovação dos canaviais. "Esperávamos uma renovação de 18% da área e tivemos de 9% a 10% de renovação", afirma. Canaviais mais velhos tendem a ter produtividades menores, o que poderá afetar a produção deste ano, diz o analista.
Conforme Alves, os focos de incêndio no campo também preocupam os produtores goianos. "Isso pode exigir uma colheita antes do momento ideal, o que pode se refletir na produção", destaca.
Otimismo
A safra atual começou mais tarde, em razão das chuvas registradas nos meses de abril e maio. Alves calcula que esse atraso seja de 10% em relação a safra 2016/2017, entre os produtores independentes.
Alguns produtores comemoram boas produtividades a campo neste começo de safra justamente a chuva prolongada até maio deste ano.
Em Quirinópolis, no sul de Goiás, as propriedades registram um aumento médio de 6% em relação ao ciclo passado, com produtividades de 80 toneladas por hectare, diz o coordenador agrícola da Associação dos Fornecedores de Cana de Goiás (Aprocana), Weliton Vieira da Silva.
Na região são cultivados 110 mil hectares de cana-de-açúcar e a colheita já atinge em torno de 40% desse total. A maior parte da área, 90 mil hectares, fica em Qirinópolis e o restante em Gouvelândia. A expectativa é que sejam colhidos 11 milhões de toneladas, entregues a duas usinas.
Na fazenda Tupi, no município de Edeia, no Sul do Estado, os ganhos de produtividade são ainda maiores, conta o proprietário Caio Junqueira Reis. Até o momento Junqueira conta com 50% da área colhida - ele não revela o número de hectares - e relata um resultado superior ao do ciclo passado. "A produtividade está muito boa, 15% maior do que em 2016/2017", afirma.
Segundo ele, a situação é semelhante entre os produtores com maior nível de tecnificação. "Essa chuva até final de maio não é normal para Goiás", diz. "Com isso, a produtividade, de uma forma geral, vai melhorar", projeta.
No ano passado, a média foi de 100 toneladas por hectare. Neste ano, foram 114 toneladas por hectare. "Eu viajo muito e tenho visto aumento médio de 15% na maioria das propriedades", relata.
Alguns produtores do Estado estão experimentando os dois lados dessa moeda. É o caso do proprietário da Fazenda Macaúba, Fábio Machado, com sedes em Inaciolândia, no Sul do Estado.
Na área em que mantém a variedade "32-50", a produtividade da safra atual está em torno de 60 toneladas por hectare, queda de 20% ante as 75 sacas colhidas no ciclo passado. "A maioria dos produtores enfrenta esse problema, devido a ferrugem na área cultivada com a variedade", explica.
Ele tem 880 hectares, dos quais 600 hectares foram cultivados com essa variedade.
"Vou ter que investir na renovação do canavial para o próximo ciclo", afirma. Até o momento, 580 hectares da propriedade foram colhidos.
Por outro lado, nas áreas com cana mais nova e de variedade distinta, a produtividade chegou a 120 toneladas por hectare. Já a cana mais velha de outras variedades obteve até o momento 87 toneladas por hectare ante a 76 no ciclo passado.
Fonte: DCI São Paulo