Cultivo de algodão perde força

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Preços se tornaram menos atrativos para o produtor, que migrou para outras culturas

 



O cultivo de algodão em Minas Gerais vem perdendo força nos últimos anos devido ao fato de que os preços se tornaram menos atrativos para o produtor. Em função disso, muitos agricultores migraram para outras culturas, principalmente a soja, cujos preços pagos pela produção são mais atraentes. Além da desvantagem na remuneração da pluma, outro fator que levou produtores a substituírem suas atividades por outras foi o bicudo-do-algodoeiro, uma praga difícil e custosa de ser combatida.

De acordo com dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o saldo do cultivo de algodão não será positivo neste ano. A projeção é de que os preços, a área colhida e a produção caiam em relação a 2014, mas com a produtividade por hectare aumentando.

Conforme o estudo da Seapa, a área colhida em 2014 foi de 20,9 mil hectares e neste ano deve fechar em 19,1 mil hectares, redução de 8,7%. Desde 2012, quando a área de colheita em Minas foi de 32,3 mil hectares, o cultivo de algodão no Estado vem encolhendo. De lá para cá, a queda foi de 40,9%, ou 13,2 mil hectares.

O uso gradativo de cada vez menos terras para o cultivo de algodão provocou retração da produção. No ano passado, a produção mineira foi de 72,5 mil toneladas de algodão em pluma, volume que deve cair para 67,7 mil toneladas ao final deste ano, retração de 6,7%. De 2012 para este exercício, a queda deve ser próxima de 46,6 mil toneladas.

"O que está impactando no cultivo do algodão em Minas é a queda dos preços, que vêm caindo há quatro anos. Isso desestimulou o produtor. Ao mesmo tempo, muitos produtores migraram para outros produtos como o milho e principalmente a soja, que estão com preços mais atrativos", explica o analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Caio Coimbra.

Cotação -
Com base nas informações da Seapa, de 2011, quando o preço médio real da arroba chegou no seu ápice, a R$ 69,10, para a cotação média esperada para este ano, de R$ 19,30 a arroba, a queda bate na casa dos 72%. Na mesma comparação, o valor da produção mineira caiu 42% e somente de 2014 para 2015 a queda estimada é de 14,7%.

Segundo o analista da Faemg, além dos preços baixos do algodão, o bicudo-do-algodoeiro é uma praga difícil de ser combatida e é um dos motivos que torna o cultivo mais complicado que a soja, por exemplo. "Isso também influenciou o produtor a migrar para outras culturas", diz.

Por outro lado, Coimbra chamou a atenção para os ganhos de produtividade nos últimos anos, o que significa, na avaliação do analista, que apesar de a cultura ter encolhido no Estado em termos de área plantada, produção e preços, o produtor que manteve o cultivo investiu em capacitação e ganhou efetividade. O levantamento da Seapa mostrou que a produtividade em 2014 fechou o período produtivo em 3,4 toneladas de algodão por hectare cultivado e neste ano são projetadas 3,5 toneladas por hectare.

O estudo da Seapa também mostrou quais municípios devem liderar o ranking dos maiores produtores do Estado. Encabeçam a lista Unaí, Buritis, Presidente Olegário e São Gonçalo do Abaeté, todos na região Noroeste, e Coromandel (Alto Paranaíba), que juntos têm participação de 78,1% na produção estadual.

Na divisão por região, as projeções da Seapa para 2015 mostram que o Noroeste de Minas, com 65,6% de participação, continuará como o maior produtor de algodão em pluma do Estado, seguido pelo Alto Paranaíba (20,3%), Norte de Minas (12,5%) e Triângulo Mineiro, que deve chegar a 1,5% de participação da produção estadual.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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