Queda nos preços testa as exportações gaúchas

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Março foi o primeiro mês de crescimento das vendas externas no ano

 



A primeira alta do ano nas exportações gaúchas, registrada em março, expôs uma barreira que produtores de commodities (grãos como soja) e bens industrializados terão de vencer para colher os benefícios da desvalorização cambial. Os números apresentados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) cravaram queda de 11,7% no preço médio dos itens embarcados, enquanto o volume e a receita aumentaram, respectivamente, 22,4% e 8,1%, frente a março de 2014. Para os economistas, essa condição reforça a disputa mais acirrada no mercado internacional, e o efeito do dólar mais elevado em reais ainda vai demorar um pouco mais para favorecer a frente externa.

No mês passado, os dois principais segmentos que alimentam as exportações fecharam com alta - a conta de agricultura, pecuária e exploração florestal avançou 8,3% na divisa total, e a indústria de transformação, 8,7%. O total das exportações somou US$ 1,252 bilhão, frente ao US$ 1,16 bilhão do mesmo mês do ano passado. No trimestre, a conta é negativa, no confronto com os três primeiros meses de 2014. O setor exportador somou US$ 3,09 bilhões, abaixo dos US$ 3,62 bilhões no período passado, com recuo de 5,2%, sendo que, na média dos preços negociados, a redução chegou a 12,4%. Ao mesmo tempo, o volume vendido cresceu 8,2%.

"Isso reflete o perfil da pauta do Estado e do País, que tem peso cada vez maior das commodities, um problema estrutural que afeta a competitividade", adverte o economista do grupo de analistas de comércio exterior da FEE, Tomás Amaral Torezani. Ao mesmo tempo em que a recuperação da economia norte-americana pode abrir espaço para mais vendas locais (os Estados Unidos são o segundo destino de manufaturados do Estado), o mundo registra a valorização do dólar e uma maior disputa entre produtores pelos mercados, gerando rebaixamento de valores das mercadorias.

O Estado ficou em quarto lugar no ranking nacional, tanto em março como no trimestre, destacou o economista da FEE Guilherme Risco, que coordenou a divulgação. Risco lembrou que o Rio Grande do Sul teve, por outro lado, queda inferior à registrada pelas vendas totais brasileiras. O País somou US$ 42,7 bilhões de janeiro a março, ante US$ 49,6 bilhões no mesmo ciclo trimestral de 2014. Além disso, Risco citou que o Brasil também havia apurado saldo em baixa no mês passado, somando US$ 16,98 bilhões, ante US$ 17,62 bilhões de março de 2014, recuo de 3,7% em divisas totais, com volume que ascendeu 17,7%, mas preço médio 18,1% inferior.

"Há claramente o efeito da queda das cotações de commodities", indicou Torezani. O efeito commodities rebaixadas também afetou outros estados, que dependem mais desses itens. Derivados de petróleo foram um dos segmentos que mais afetaram o saldo externo. O Paraguai, que vinha despontando entre compradores de óleo diesel do Estado, quase não demandou o combustível.

Outro fator que puxou o saldo, mas não pelo potencial de preço, foi o trigo. Segundo Risco, depois de pouco ter exportado em 2014, o grão despontou no trimestre com divisa de US$ 209 milhões, acima dos US$ 120 milhões da soja, que é a vedete no ano do segmento agropecuário. "Vendemos para países como Bangladesh, Tailândia e Coreia do Sul, mas ofertando um grão de qualidade inferior", frisou o economista que coordenou a sessão de dados. A queda no preço médio chegou a 28%. Risco observou que o impacto da soja para as exportações está recém começando e deve ser colhido até agosto.

Até agora, a FEE apurou saldo positivo, em março, de fumo, com alta de 95%, e veículos automotores, de 77%. A receita de automóveis arrancou 1.503%, pois foram US$ 42 milhões frente US$ 2,8 milhões em março de 2014. O salto é associado à retomada do fluxo de embarques para a Argentina, segunda posição nas compras, atrás apenas da China.

No trimestre, fumo e automóveis também aumentaram as vendas?, além de caminhões e ônibus. Já derivados de petróleo, químicos e até tratores lideraram os recuos. Celulose, que tem participação ainda pequena nas vendas, triplicou o peso em março, passando a 1,7% do total vendido, somando US$ 17 milhões, alta de 222% frente a março de 2014. O volume triplicou, o que já pode ser associado ao começo da nova capacidade de produção da planta da Celulose Riograndense, em Guaíba.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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