Fimec reúne demandas da indústria calçadista

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Lideranças se reuniram para debater efeitos da economia e do câmbio

 



De um lado, ajustes que impactam nas operações industriais, de outro, câmbio favorável às exportações. É em meio a tentativa de equilibrar esses dois pesos importantes para a indústria calçadista que ocorre a Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes (Fimec), na Fenac, em Novo Hamburgo, até sexta-feira.

Na tarde de ontem, o presidente da Fiergs, Heitor Müller, visitou a feira com foco em debater demandas da indústria. O dirigente se reuniu com representantes do segmento por mais de uma hora e meia para avaliar o cenário enfrentado pelas empresas do ramo neste ano. "A indústria calçadista serve como um exemplo, porque suas atividades abrangem toda a estrutura industrial brasileira."

Em seguida, Müller avaliou como positiva a desvalorização do real frente ao dólar, que, segundo dimensionou, "estava desfavorável para a exportação e favorável para importação e para o ingresso de empresas de fora do País, aumentando a concorrência interna". A situação, agora, reverteu. Ontem à tarde, o dólar estava sendo comercializadoacima de R$ 3,21. Nesse patamar, a competitividade da indústria brasileira é ampliada. "O câmbio melhorou. Essa situação o mercado resolveu", disse.

No entanto, Müller argumentou que a indústria está sofrendo o impacto do ajuste fiscal conduzido pelo governo neste ano. "O governo reduziu a alíquota do Reintegra de 3% para 1%", criticou. O Reintegra devolve o percentual definido como crédito para abate do PIS e Cofins. "Existe um princípio mundial de que não se exporta imposto. Nós, no Brasil, somos obrigados a exportar impostos."

Ainda entraram na lista de demandas a serem levadas por Müller à Brasília na próxima semana a redução da desoneração da folha de pagamento, o aumento da energia elétrica e a obrigatoriedade de que as empresas paguem o primeiro mês de afastamento dos funcionários em caso de problemas de saúde (antes as empresas arcavam com 15 dias de afastamento e a partir daí o pagamento era efetuado pela seguridade social).

Todas essas medidas, apontou, contrariam a proposta do Plano Brasil Maior, que favoreceu a indústria com o Reintegra, a desoneração da folha e a redução no custo da energia elétrica. "De uma hora para outra tudo foi impactado."

O diretor-presidente da Fenac, Elivir Desiam, participou da reunião, concorda com as demandas, mas enxerga um horizonte um pouco mais otimista para o setor calçadista. "Temos reivindicações, mas eu tenho a convicção de que o nosso setor surpreenderá. Ele sempre surpreende", afirmou, elencando as razões que sustentam a projeção: "o setores automotivo, de aviação civil e de telefonia móvel dobraram, e a construção civil e o mercado imobiliário mais do que dobraram, só que o PIB não cresceu na mesma medida".

Esse contexto, somado ao baixo crescimento econômico, aponta para um consumidor com menos necessidade e interesse em adquirir produtos de alto valor agregado. "O consumidor vai investir em produtos de menor valor agregado, como calçados e confecção", aposta, comemorando, também, as boas perspectivas para exportação. "Podemos ter um segundo semestre melhor."
Expositores apostam em eficiência para driblar a crise

A marca francesa Lectra, que desenvolve soluções tecnológicas para indústrias de médio e grande porte, participa da Fimec há 15 anos. Em todos os anos, traz equipamentos diretamente da França para apresentar na feira. "Nosso objetivo é vender a máquina que trouxemos", explica a gerente de marketing da empresa Daniela Ambrogi. Neste ano, a Lectra trouxe a Vector, máquina automatizada de corte de precisão para tecidos e materiais sintéticos avaliada em R$ 800 mil que já está vendida. A expectativa é de fechar mais negócios após o encerramento da feira. A inteligência e precisão da máquina automática estão entre os argumentos para atrair a atenção dos empresários, aponta Daniela.

"Neste momento, a perda tem que ser mínima e será preciso fazer mais com menos", detalha Daniela, que salienta o perfil dos visitantes neste ano: "estamos recebendo visitantes que estão em fase de planejamento e querem testar a máquina".

Uma área interessante para empreendedores que queiram ver os equipamentos em funcionamento é a fábrica conceito, um espaço composto por máquinas diversas que constroem o processo de produção calçadista.

"Elegemos o que existe de mais moderno, sustentável e inovador em termos de produção e sistemas", descreve o coordenador da Fábrica Conceito, Luís José Coelho, que espera receber 5 mil visitantes para conferir o funcionamento dos produtos expostos nos estandes em funcionamento.




Veículo: Jornal do Comércio - RS


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