Produção de uva registra crescimento em Minas

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Expectativa para este ano é de que o Estado produza cerca de 13,7 mil toneladas, um incremento de 10% ante 2007.

Apesar da sobrevalorização do real frente ao dólar, que forçou a queda dos preços dos vinhos importados e culminou com aumento da concorrência no mercado interno, as regiões Norte e Sul de Minas Gerais têm se destacado na produção da fruta in natura e de bebidas à base de uvas. A expectativa para este ano é de que o Estado produza 13,7 mil toneladas, o que corresponde a um incremento de 10% na comparação com 2007.

 

De acordo com o técnico do Núcleo de Uvas e Vinhos da Empresa do Estado de Minas Gerais (Epamig), César Augusto Fabrino, a adaptação da uva e a variedade que a cultura apresenta, possibilitou o desenvolvimento de tecnologias de irrigação.

 

"Minas Gerais tem tradição no cultivo de uvas de cascas mais resistentes, as chamadas uvas rústicas. As que não são rústicas têm sensibilidade ao calor e à umidade, o que facilita a propagação de pragas, o chamado "mildio". No entanto, nas regiões Central e Norte existe uma maior adaptação, pois o índice de chuvas nestas áreas é mais baixo", explicou.

 

Ainda segundo o técnico, a uva necessita de luz e calor para gerar um teor ideal de açúcar. Para a produção de vinhos, a fruta precisa apresentar uma casca mais espessa. "O mosto, resultado da prensagem da uva, precisa ser consistente. Quanto mais casca tiver a uva, maior será a qualidade do vinho produzido", revelou.

 

Potencial - A região Sul do Estado é uma área em potencial para a produção de vinhos brancos. Fabrino disse que, por conta do clima favorável, a fabricação de espumantes tem aumentado. Para essa categoria, é preciso que a uva seja mais ácida e com concentração de menos glicose, quando comparada ao teor de açúcar dos vinhos tintos. Essa teoria foi confirmada mediante estudos da Epamig. Foram investidos,
desde 2006, mais de R$ 2 milhões em pesquisas especializadas de biotecnologia.

 

Fabrino comentou sobre os altos custos da mão-de-obra e instalação dos plantios. As verbas direcionadas para a manutenção das lavouras não são acessíveis para os pequenos produtores. "A cultura de vinhos requer trabalhadores qualificados e em constantes treinamentos, o que pode representar caros investimentos para os cultivadores", ressaltou.

 

As cidades de João Pinheiro (região Noroeste), Pirapora (Norte de Minas) e Diamantina (Jequitinhoha) são nichos de mercado em espansão. Na região Sul, os municípios de Andradas, Cordislândia e Três Corações são alvo de estudos e orientações aos produtores locais. "A Epamig fornece mudas para plantações e podemos ver um aumento significativo da vinicultura", disse Fabrino.

 

De acordo com o engenheiro agrônomo e assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, a área de produção do Sul do Estado corresponde a 430 hectares. A do Norte conta com 354 hectares. Em Andradas, a área chega a 125 hectares e em Caldas, 146 hectares. Ainda segundo ele, para se investir no Norte do Estado, os produtores precisam desenbolsar R$ 60 mil por hectare. No entanto, no Sul, como não é necessário irrigar o solo, os investimentos são menores e podem atingir R$ 20 mil.

 

Vilela comentou sobre a concorrência provocada pela invasão dos vinhos importados no mercado nacional. Segundo ele, os produtores mineiros enfrentam o mesmo problema dos cultivadores gaúchos. "Os produtores do Sul reivindicam a taxação dos vinhos importados para aumentar os preços. Atualmente, no mercado brasileiro, pode-se
encontrá-los a preços acessíveis, fazendo com que os nacionais percam espaços"

 

Diante desses entraves, produtores da vinicultura da cidade de Pirapora começaram a investir em sucos de uva. Vilela disse que os investimentos para a infra-estrutura da indústria podem chegar a R$ 800 mil. "Por causa dos problemas enfrentados na produção de vinhos, os cultivadores estão em busca de novos mercados. A fabricação de sucos de uva é mais viável, pois as tecnologias adotadas são mais baratas. Além disso, o suco apresenta um grande apelo nutricional", disse.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG 


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