Crescimento da produção e emprego

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) indiretamente confirmou, com os seus indicadores do mês de julho, um aumento de atividade que o IBGE já antecipara. Nos números do IBGE, a produção aumentou 2,2% em volume. Nos da CNI, o faturamento real cresceu 3,2%, sem contar com a indústria de mineração. A maior divergência entre os dois levantamentos é sobre o emprego: nos dados do IBGE, cresceu 0,4%; nos da CNI, apenas 0,2%, o que dessazonalizado representa apenas estabilidade do nível de emprego.

 

A CNI, na sua apresentação, destaca que o "emprego não acompanha a expansão do faturamento". De fato, a confederação registra crescimento de 3,2% do faturamento real, de 2,8% das horas trabalhadas, mas de apenas 0,2% do emprego, embora a massa salarial tenha apresentado, em termos reais, aumento de 3,7%.

 

Esse divórcio entre crescimento da produção e do emprego se observa também nos EUA ou na União Europeia, onde a melhora da produção é acompanhada por uma queda do nível de emprego. Na realidade, os países estão pagando por terem tido um aumento muito grande da sua produtividade antes da crise, que as empresas percebem melhor quando são obrigadas a perder gordura por meio de uma administração de custos mais rigorosa.

 

Essa produtividade, no caso brasileiro, pode ser medida na comparação do mês de julho com o mês anterior, pois o faturamento real, como já vimos, cresceu (3,2%) bem mais do que as horas trabalhadas (2,8%).

 

Um outro indicador é o índice de Utilização da Capacidade Instalada (UCI), que ficou em 79 em julho deste ano, mas era de 83,2 um ano atrás - a queda na utilização dos equipamentos não foi acompanhada pela do faturamento real, o que indica que houve melhora na utilização dos investimentos produtivos. Essa melhora da produtividade permitiu aumento da massa salarial real, apesar da queda do nível do emprego.

 

É interessante notar que esse crescimento da massa salarial real é o segundo registrado, no ano, em comparação com o mês anterior. Todavia, para os sete primeiros meses de 2009, comparados com o mesmo período de 2008, verificamos que há uma queda de 1,6% e aumento real apenas para 6 setores, dos 19 analisados.

 

Em julho, podemos considerar que os dados da CNI mostram uma nítida tendência de recuperação da produção industrial, que, no entanto, deverá ficar abaixo da do ano anterior até o final do exercício.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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