BNDES prevê que a indústria vai crescer 4% no 4º trimestre

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A turbulência econômica que a indústria brasileira vive desde o último trimestre de 2008 está ficando para trás. A expectativa é de que no quarto trimestre o setor produtivo apresente um crescimento de pelo menos 4% em comparação ao mesmo período do ano passado. Essa é a estimativa do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Além dele, o economista e professor do Instituto de Economia da Unicamp, Júlio Gomes de Almeida, acredita que esse resultado possa alcançar um índice mais elevado ainda, consequência da retomada da atividade industrial brasileira.

 

De acordo com o acadêmico, ao final do primeiro trimestre do próximo ano o setor industrial brasileiro já estará com seu nível de atividade comparado aos níveis pré-crise, desde que a tendência atual seja mantida. Coutinho também avalia que 2010 será um ano de crescimento para o setor industrial, e estima em 5% se comparado a 2009, porém ele não apontou uma data para que esse nível seja alcançado.

 

A afirmação do presidente do banco de fomento está baseada no número de consultas que a instituição vem registrando e que podem levar o banco a aumentar os desembolsos em mais de 46% comparado a 2008. "Devemos fechar 2009 com um volume recorde de R$ 135 bilhões ou mais", afirmou ele. Grande parte desse montante será liberada neste semestre, que é historicamente mais forte que o primeiro, além disso, contará também com ajuda extra da retomada industrial, que fará o período de julho a dezembro mais forte ainda a ponto de levar o banco à superação do recorde de desembolsos de R$ 92 bilhões registrado no ano passado.

 

A cadeia petrolífera deve ser o destino de uma boa fatia desse valor em decorrência dos investimentos que a Petrobras vem fazendo, e que passaram de R$ 60 bilhões no primeiros semestre do ano. "Apoiamos a Petrobras com um empréstimo de longo prazo no valor de R$ 25 bilhões, agora uma grande preocupação é assegurar o desenvolvimento de uma cadeia produtiva suficientemente densa, competitiva e inovadora no Brasil neste setor", explicou.

 

Outro segmento que tem registrado aumento da atividade econômica no Brasil é o automotivo, estimulado em grande parte pela redução do IPI e pela redução das taxas de juros. Segundo o diretor de Relações Governamentais da Ford, Rogélio Golfarb, que foi presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as projeções da montadora apontam que as vendas totais do setor no Brasil devem chegar a cerca de 3,1 milhões de veículos.

 

"Em 2010, o crescimento do setor deve chegar a 5% sobre o número que nós da Ford projetamos para este ano", afirmou o executivo. "Estamos avançando e o mercado nacional torna-se altamente atrativo para aqueles que estão à procura de novas fronteiras, e isso significa que precisamos aumentar nossa competitividade", completou ele.

 

Competitividade

 

Golfarb disse ainda que um sintoma dessa atratividade do mercado é a chegada da chinesa Chery, que hoje apresenta seu primeiro modelo no Brasil, o Tiggo. O executivo justifica essa atração ao comparar os dados de queda nas vendas no mercado internacional. "Nos Estados Unidos a queda foi de 37%, na Europa, 11% e 30% na Argentina, enquanto isso, o Brasil deve crescer no cerca de 6%", concluiu ele.

 

Em busca de melhorar essa competitividade que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) reuniu ontem em São Paulo líderes de diversos segmentos do setor produtivo brasileiro para lançar o manifesto Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). O objetivo, segundo a entidade, é movimentar a iniciativa privada para duplicar o número de empresas que investem em inovação nos próximos quatro anos. Segundo dados da CNI, hoje, esse número é de 6 mil empresas.

 

Dentre os apoiadores que marcaram sua presença no evento estavam a Gerdau, Coteminas, Siemens, Braskem, Weg, Grupo Ultra, Ford, 3M, Brazil Foods e Embraer. Segundo o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, esse desafio da inovação será fundamental para o Brasil manter sua competitividade no mercado internacional e no doméstico, senão correrá o risco de se limitar a ser exportador de commodities. Uma das formas apontadas é o fortalecimento nas relações entre universidades e empresas, que na avaliação da entidade ainda precisa avançar muito com a criação de novos centros de excelência.

 

A indústria deverá fechar o quarto trimestre do ano com crescimento de pelo menos 4% em comparação ao desempenho registrado no mesmo período de 2008. Essa é a previsão do presidente do BNDES, Luciano Coutinho que afirmou ainda que em 2010 a economia se recupera e que sobe mais 5%. Esse posicionamento otimista do executivo é compartilhado pelo professor de Economia da Unicamp, Júlio Gomes de Almeida, que indica ainda que o setor produtivo alcançará o nível de atividade do pré-crise ainda no primeiro trimestre de 2010, consequência de uma alta ainda mais positiva que a apontada pelo presidente do banco de fomento.

 

Com isso, a expectativa é de que os desembolsos do BNDES este ano devam ser 46% maiores que os de 2008, somando no mínimo R$ 135 bi, disse Coutinho.

 

A cadeia produtiva de petróleo e gás (excluindo a Petrobras) será uma das que receberão mais recursos do BNDES este ano.

 

Veículo: DCI


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