O lado bom e o ruim da desvalorização do dólar

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Presentes importados devem ficar, em média, até 20% mais baratos no Natal deste ano, ante igual época do ano passado, segundo as contas da Associação Brasileira dos Importadores de Produtos Populares (Abipp). O fator principal da redução é a desvalorização do dólar neste mês, justamente no período em que as importadoras começam a realizar as compras para o final do ano. De acordo com o presidente-executivo da associação, Gustavo Dedivitis, as vendas do setor podem recuperar o movimento de 2008, quando a moeda chegou a R$ 1,70 no final de julho do ano passado também reduzindo os preços dos importados. Ontem, a moeda americana  fechou em alta de 1,17% em R$ 1,90.

 

Bom para o comércio de importados e  para viagens internacionais, o dólar baixo é uma dor de cabeça para exportadores e para a indústria de bens de capital. Para o setor de máquinas e equipamentos, dólar desvalorizado significa mais importações de máquinas em detrimento da indústria nacional. Cálculos da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) mostram que as exportações de bens de capital nos cinco primeiros meses do ano caíram aproximadamente 40% em relação a igual período do ano passado. O faturamento do setor teve queda de 25%. Por outro lado, as importações continuam em igual  nível do ano passado, considerado um ano forte para a economia. "O setor de máquinas e equipamentos precisa, hoje, que o Banco Central controle os fluxos especulativos de capital reduzindo a volatilidade da economia. Ao mesmo tempo, precisamos da manutenção nos investimentos do governo e da desoneração da produção o que aumentaria a competitivade do setor", disse o assessor da presidência da Abimaq, Mário Bernardini.

 

Nas viagens ao exterior, neste mês de férias, apesar do dólar favorável aos brasileiros, a gripe A (H1N1) prejudicou as operadoras de turismo. Segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), cerca de 50% dos pacotes para Buenos Aires foram cancelados ou adiados. Para Bariloche, houve cancelamento de 30% dos pacotes que já estavam fechados e deixou a capacidade hoteleira local operando com  50% de ocupação. Neste ano, só  para Buenos Aires,  a estimativa era receber pelos menos 700 mil brasileiros, segundo o Ministério do Turismo do país.
No caso das exportações de commodities, a desvalorização do dólar  já afeta a sojicultura do Mato Grosso. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira da Silva, o comportamento da moeda americana amplia a demanda pela soja produzida nos Estados Unidos prejudicando a comercialização da safra estadual, que já tem 85% da produção negociada. Assim, os 15% restantes disponíveis à venda poderão ter uma remuneração menor que o previsto.

 

Importados populares terão selo

 

Associado ao contrabando, o setor de importação de produtos populares, conhecido como o mercado de R$ 1,99, acaba de conquistar da Secretaria de Direito Econômico (SDE) uma certificação inédita entre empresas e associações brasileiras. A compliance é um conjunto de regras e conceitos de promoção da concorrência para inibir práticas desleais de comércio e a estimular o combate à pirataria, ao contrabando, à formação de cartéis e ao dumping (política de preços abaixo dos custos para conquistar novos mercados).

 

Segundo o presidente-executivo da Abipp, Gustavo Dedivitis, das 30 companhias que entraram com processos para receber a certificação cerca de 25 já foram recusadas nos últimos dois anos. Em 2008, foram decretadas 53 prisões temporárias e preventivas por crimes contra a concorrência. As multas pela infração chegam a 30% do faturamento da empresa.

 

Com a certificação, a Abipp espera, neste ano, passar de 18 para 30 associados. O segmento de produtos importados reúne, atualmente, cerca de 500 empresas. Juntas, elas são  responsáveis por cerca de R$ 4 bilhões no faturamento total do setor de produtos populares, que somou R$ 11 bilhões em 2008.

 

Veículo: Diário do Comércio - SP


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