Em um ano, cesta básica na região fica R$ 88 mais cara

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No período de um ano, a cesta básica ficou R$ 88,07 mais cara para os consumidores do Grande ABC. Com a alta de preços de produtos essenciais para as refeições das famílias, como arroz, feijão e carne bovina, fica cada vez mais difícil encaixar o valor total de R$ 730,69 dentro de orçamentos cada vez mais apertados. Isso porque a pandemia e o isolamento físico tiveram consequências, como desemprego e redução de salários.

O valor das compras subiu 13,70% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando a cesta custava R$ 642,69. O percentual é correspondente a praticamente sete vezes a inflação oficial acumulada nos últimos 12 meses, que, segundo o IPCA (índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), está em 1,88%.

O levantamento foi feito pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) e considera a cotação de 34 itens baseados no consumo de uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças. Do total dos itens, apenas nove tiveram redução de preços no período, sendo produtos que têm impacto menor no consumo diário, como alface e tomate, por exemplo.

"Isso porque nós cotamos o básico do básico. Algumas coisas podem ser substituídas, mas é muita coisa, como, por exemplo, fruta ou legume. Os números mostram que é alto o preço do kit básico de alimentos. Na lista não entram produtos como desodorante ou até mesmo iogurte. É muito o básico de uma família, isso sem falar dos outros gastos", disse o engenheiro agrónomo responsável pelo levantamento, Fábio Vezzá De Benedetto.

O grande vilão da cesta neste período é um item indispensável no almoço e no jantar da maioria dos brasileiros: o feijão. Com alta de 57,78% nos últimos 12 meses, o preço do quilo está em cerca de R$ 8,90. De acordo com Benedetto, o valor foi pressionado por questões climáticas e pelo consumo. "O inverno e o período de seca são piores porque as plantações começam a depender de irrigação. Além disso, houve maior consumo das famílias em casa por causa da quarentena, o que também pode ter pressionado os preços", contou.

Além disso, a alta do dólar foi responsável pelo aumento no preço de série de alimentos. Entre eles, carnes, óleo de soja (que teve aumento de 25,11% e atualmente está R$ 3,96) e o açúcar (incremento de 34,28%, custando R$ 2,73 o quilo). O impacto acontece pelo fato de serem commodi-ties, ou seja, bens classificados como matérias-primas e que têm o preço determinado pela oferta e procura internacional. "A farinha de trigo também sofre interferência neste caso, o que, consequentemente, acaba impactando o biscoito e o macarrão, por exemplo. Alguns produtos são substituíveis, mas o arroz e feijão não têm como deixar de consumir. É o que as pessoas estão sofrendo mais nessa época, porque o preço acaba pressionando e afeta principalmente as famílias mais pobres", disse o engenheiro agrónomo.

Para economizar, a alternativa é o consumo de feijão-preto, que costuma ser mais barato do que o carioca. A ’mistura’ também representa problema para o bolso, já que as carnes bovinas de primeira e de segunda tiveram aumento (o co-xão mole com alta de 20,32%, custando R$ 28,29, e o acém, 29,12%, a R$ 22,31 o quilo), assim como o frango (5,25% a R$ 7,24) e a dúzia de ovos, que sai por R$ 7,01 (10,67%).


Fonte: Diário do Grande ABC  


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