Confiança do consumidor recua ao nível de setembro de 2005

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O índice de confiança do consumidor registrado no primeiro trimestre deste ano despencou para o mesmo patamar de setembro de 2005. Trata-se de avaliação obtida a partir do cálculo do Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC), feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice divulgado ontem foi de 106,3 pontos, o que representa queda de 3,2% na comparação com os 109,8 pontos registrados em dezembro. A retração chega a 8,1% quando a comparação é feita com o pico histórico de 115,6 pontos do INEC registrado em setembro de 2008, época em que a economia ainda não estava contaminada pelos efeitos da crise financeira internacional.

 

Segundo a avaliação da CNI, são dois semestres seguidos de quedas, depois de uma continuada trajetória de crescimento do otimismo que se consolidava desde o início de 2007. O INEC é calculado a partir de expectativas dos consumidores relativas a seis itens: inflação, desemprego, renda, situação financeira, endividamento e compras de bens de maior valor.

 

Em relação ao trimestre anterior, houve piora das expectativas quanto a cinco itens pesquisados, apenas a inflação escapou do pessimismo. A per-cepção dos consumidores quanto à possibilidade de compra de bens de maior valor caiu 6%. A expectativa quanto ao item emprego caiu 4,2%; a estimativa de situação financeira recuou 3,9%, a percepção quanto à renda retraiu 1,3%; e a expectativa quanto ao endividamento ficou 2,7% pior. Quanto à inflação, o consumidor mantém o otimismo, melhorando em 1,4% sua percepção na comparação com dezembro.

 

O INEC tem o número 100 como padrão de referência, tratando-se das expectativas registradas em 2001, quando a pesquisa foi reformulada e iniciou-se a série histórica. O índice de expectativa de desemprego do primeiro trimestre deste ano foi de 101,2 pontos, enquanto que de 2006 até o terceiro trimestre do ano passado nunca havia caído abaixo dos 120 pontos.

 

Os mais pessimistas quanto ao aumento do desemprego são os consumidores com renda familiar acima de dez salários mínimos. Nessa faixa, 24% acreditam que o mercado de trabalho vai restringir oferta, enquanto que parcela de 17% do público com renda de até um salário mínimo aposta em aumento do desemprego. Por região, os mais pessimistas quanto ao desemprego são os moradores do Norte, Centro-Oeste e Sudeste, onde 20% dos consultados acreditam em maior desemprego. No Sul, 14% dos consultados acreditam em uma futura retração do mercado de trabalho.

 

Para o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, a queda do INEC pelo segundo trimestre consecutivo mostrou que o consumidor brasileiro ajustou suas expectativas, adequando-as ao agravamento do cenário de crise da economia mundial e seus reflexos no Brasil. "É um reconhecimento de que as dificuldades atingiram a economia nacional", disse Castelo Branco. A pesquisa foi elaborada a partir de consultas a 2.002 pessoas, em 144 municípios.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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