IBGE descarta impacto do dólar alto

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Rio - A valorização do dólar em setembro ainda não impactou a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), segundo avaliação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice passou de 0,37% em agosto para 0,53% em setembro, puxada pelos aumentos nos preços de transportes e alimentos.

"O dólar no último mês aumentou de forma bastante forte, mas esse impacto ainda não é visível nos resultados de setembro. Podemos até pensar que nos resultados das passagens aéreas haja algum efeito do dólar, mas os outros efeitos de demanda são muito mais fortes", afirmou a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.

As passagens aéreas foram o item de maior impacto na inflação do mês (0,09 ponto percentual), após um aumento de 23,40%. "As passagens aéreas têm uma forma diferenciada de cobrança. Dependendo da demanda, as empresas retiram as tarifas mais baratas. E nesse mês de setembro houve vários eventos, como feriado e Rock in Rio, que fizeram com que os preços se elevassem", explicou Eulina Nunes.

A coordenadora do IBGE conta que o efeito do aumento do dólar é sentido mais de imediato no preço dos alimentos. "O tempo para o impacto não sabemos, porque, em geral, não é no mesmo mês (em que ocorre a valorização), porque há estoques e contratos firmados a preços antigos", disse.

"Embora se possa ter reflexos já ocorrendo no atacado, até chegar ao varejo existe uma diferença, não só em termos de tempo como também se vai chegar ou não, e com aquela intensidade. Porque, muitas vezes, o comerciante se apropria de um possível aumento de custo que possa estar havendo para ele. Vai depender da demanda e de como ele vai conseguir botar o produto dele a um novo preço, dada a sua receita, o seu faturamento", explicou a coordenadora do IBGE.


Metodologia - Segundo Eulina Nunes, a partir de janeiro de 2012, o instituto vai mudar a metodologia para o cálculo do IPCA e pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O objetivo é atualizar o peso dos itens e grupos medidos no orçamento das famílias brasileiras.

A primeira leitura realizada de acordo com os novos critérios será divulgada em fevereiro de 2012, referente a janeiro. "O IBGE vai atualizar as estruturas de consumo dos índices de preços de produtos, com base nas estruturas obtidas a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizada em 2008/2009", disse a coordenadora de Índices de Preços.

"Esse é um aspecto importante, porque atualiza a estrutura de consumo do brasileiro. Embora o hábito possa não ter mudado em termos de introdução de novos itens, muitas vezes o valor gasto com determinado item muda", acrescentou Eulina Nunes.

O aumento no consumo de produtos alimentícios pode expandir o peso do item, assim como a disseminação das tecnologias de informação e telecomunicações pode dar mais corpo ao grupo comunicação. "Como mais pessoas estão comendo, dada a renda, então nós podemos ter, por exemplo, um aumento do peso dos produtos alimentícios. O grupo comunicação pode ficar mais robusto, mais forte, porque mais pessoas passaram a ter acesso à internet, ao telefone celular, a novas tecnologias", disse ela.

A coordenadora explicou que a recomendação internacional é que os institutos que produzem índices de preços atualizem suas bases de cálculo de cinco em cinco anos. " isso que o IBGE está fazendo. As mudanças são relevantes dependendo da conjuntura. No caso do Brasil, está havendo mudanças grandes em termos de conjuntura. Isso pode levar a algumas diferenças para cima ou para baixo em determinados itens", concluiu.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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