Varejo crê em desaquecimento

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Com a crise econômica puxada pelos Estados Unidos, as vendas no varejo do Estado devem desacelerar no fim do ano, segundo projeções da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Minas Gerais (FCDL-MG). Nos seis primeiros meses de 2008, foi registrado um incremento de 10% nos negócios do comércio, frente a igual período anterior. Para julho a dezembro, a previsão é de alta entre 7% e 8%.

 

"Há alguns anos, qualquer problema fora do país gerava danos graves no mercado interno. Agora, não é mais assim que acontece", disse o presidente da entidade, José César da Costa, destacando o bom momento da economia brasileira. O ganho no poder de compra das classes C e D, com aumentos reais de salários, foi apontado por ele como um dos motivos para a maior solidez da economia brasileira.

 

Na avaliação de Costa, produtos como bens duráveis, que dependem mais diretamente de financiamento, devem ter a demanda retraída nos próximos meses. A previsão se baseia no encarecimento do crédito e na redução do número de parcelas oferecidas no crediário. Já os bens de consumo, como artigos de vestuário, não devem sofrer conseqüências tão fortes, segundo o presidente da entidade.

 

Analistas apontam que ainda é cedo para medir o impacto, que deve ser percebido mais fortemente apenas no início de 2009. De acordo com o vice-coordenador do Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Sílvio Laban, a atual crise financeira mundial não deve prejudicar, num primeiro momento, as compras no mercado interno.

 

Para ele, não são apenas os fatores racionais que determinam o comportamento do consumo da população. "A economia brasileira está passando por um bom momento, com aumento da oferta de crédito, incremento no poder de compra e maiores taxas de emprego. Portanto, não podemos dizer que as pessoas comuns deixarão de adquirir bens apenas porque foi instaurada uma crise nos Estados Unidos", afirmou.

 

O especialista acredita que, mesmo com o crédito ficando mais caro, a efetiva redução no volume de vendas só será sentida nos primeiros meses do próximo ano. Segundo o vice-coordenador, geralmente o movimento do varejo no segundo semestre é mais aquecido do que no primeiro, estimulado, principalmente, pela demanda do Natal. Porém, neste ano, a expectativa é de que haja uma redução do consumo de produtos com maior valor agregado.

 

Laban lembra que os resultados de janeiro de 2008, se comparados com os mesmos meses dos anos anteriores, foram positivos, mas o mesmo não deve acontecer no início de 2009. Segundo ele, somente depois do Natal as pessoas devem começar a diminuir o ritmo de consumo no mercado interno.

 

Por outro lado, o momento atual é considerado favorável para as exportações, sendo que até há pouco tempo era mais propício para as importações. No entanto, as vendas para o mercado externo não devem resultar em grandes impactos para a economia brasileira, pois há a tendência de haver uma desaceleração nos níveis de consumo nos principais mercados.

 

Veículo: Diário do Comércio


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