Exportador de frango confia em 2009

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Apesar das incertezas em relação a 2009, a expectativa dos exportadores de frango do Brasil é de que os embarques no próximo ano cresçam 10%, mantendo a média histórica do setor. A justificativa de Christian Lobauer, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), para essa previsão é de que "os mercados que se mantêm crescem". Podem ser incluídos nessa lista os países do Oriente Médio e Hong Kong. 

 

Os demais mercados, porém, ainda são incógnitas. "A feira deixou a impressão de que há muitas incertezas", disse Lobauer, ao fazer um balanço do Salão Internacional de Alimentação (Sial), que terminou na quinta-feira em Paris, onde estiveram presentes várias empresas exportadores brasileiras e estrangeiras do setor. 

 

Além da crise financeira internacional que reduz a oferta de crédito para exportação no Brasil, há incerteza em relação às cotas de exportação de frango e peru para a Europa - o bloco adiou pela segunda vez, a emissão das licenças de importação -, admitiu o executivo. Com a crise, importadores europeus já começam a pressionar para reduzir preços, acrescentou. Para a tonelada de peito de frango (fora da cota), houve ofertas de até US$ 1.900 , segundo ele. O valor médio é de US$ 2.900. 

 

Outro mercado que preocupa é a Rússia, para onde as vendas brasileiras não têm crescido. Na distribuição de cotas que o país faz, o Brasil está na rubrica "outros" (68 mil toneladas) e tem embarcado 150 mil toneladas por ano. 

 

Como a Rússia vive uma disputa com os EUA (que têm a maior parte da cota do frango) por causa do conflito na Geórgia, a Abef avalia que poderia haver espaço para o Brasil crescer no mercado russo. O próprio Lobauer lembrou, no entanto, que a Rússia é um dos países com mais "ausência de crédito" por causa da crise financeira. 

 

O Japão, outro cliente importante do Brasil, deve reduzir as compra nos próximos meses, já que está estocado após grandes aquisições em setembro e outubro. E há, ainda, a África do Sul, onde a desvalorização da moeda preocupa, e a Venezuela, que apesar de ter ampliado volumes, já tem casos de inadimplência. 

 

Ainda entre as incertezas está a China, que apesar de ter aprovado 22 plantas de frango brasileiras para exportar, em 2006, até hoje não emite licenças para importar. Enquanto a China não abre efetivamente seu mercado, o frango brasileiro entra no país via Hong Kong, para onde as vendas têm crescido e devem seguir em alta, segundo previu Lobauer. 

 

Já no âmbito das oportunidades está a Índia, que abriu seu mercado para o frango brasileiro. Os entraves, neste caso, são as taxas de importação elevadas: de 100% para os cortes de frango. 

 

E, se 2009 é incerto, este ano já está praticamente definido. A projeção da Abef é de um crescimento de 18% nos volumes embarcados, para quase 4 milhões de toneladas, e de 55% na receita, que alcançará US$ 7 bilhões. 

 

No caso da carne suína, os negócios devem caminhar dentro de uma "quase normalidade", segundo Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (entidade que reúne exportadores de carne suína). E o problema segue sendo a Rússia. "Sempre temos maior tensão pois os importadores são mais especulativos e há uma queda de braço permanente entre compradores e vendedores". Ainda assim, Camargo Neto acredita que "o momento é propicio para o Brasil, pois o mercado interno continua aquecido, o fim de ano é um período de aumento de demanda e inexistem estoques no Brasil ou nos portos da Rússia". (AAR) 

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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