Produção de cachaça artesanal em Minas deve aumentar 10%

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A produção de cachaça artesanal em Minas deverá crescer cerca de 10% em 2012. O aumento esperado se deve às boas perspectivas de mercado e às políticas criadas para estimular o desenvolvimento do setor. De acordo com os dados da Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq), em 2011, foram produzidos no Estado 240 milhões de litros de cachaça de alambique.

Segundo o presidente da Ampaq, Alexandre Wagner da Silva, as expectativas em relação aos próximos anos são positivas. A criação em 2011 do Fórum da Cachaça, pelo governo do Estado, é o principal fator que deverá alavancar a produção e promover a organização da cadeia da cachaça em Minas.

"Com a criação do Fórum já estamos planejando as ações que irão estimular o segmento. O trabalho em conjunto com o governo será fundamental para o desenvolvimento do setor e para que as políticas venham a atender realmente a demanda da cadeia", diz Silva.

O Fórum da Cachaça foi lançado em agosto de 2011 e reúne entidades governamentais e privadas do setor produtivo da bebida. O objetivo é estreitar o relacionamento entre esses segmentos e contribuir para a elaboração de políticas público-privadas para o crescimento do setor.

Segundo Silva, as reuniões entre os representantes do Fórum estão sendo produtivas e já foram traçadas metas fundamentais para o desenvolvimento da cachaça artesanal no Estado. As principais medidas começam a ser implantadas no segundo semestre. Até o momento foram estipuladas sete ações para estimular o desenvolvimento do setor.

Um dos principais itens projetados para este ano é a realização de um diagnóstico completo da produção mineira de cachaça artesanal. O objetivo é levantar dados exatos de quantos são os produtores do Estado, o volume gerado e as principais regiões. Os dados, que começam a ser coletados no segundo semestre, serão utilizados para a definição de políticas para o setor.

Minas é o maior produtor de cachaça artesanal do país, respondendo por cerca de 60% da produção nacional. Anualmente, são fabricados cerca de 240 milhões de litros da bebida. A estimativa mostra que cerca de 9 mil produtores desenvolvem a atividade. Deste total, apenas 10% são legalizados e têm marcas registradas no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). A produção em 2012 deverá ficar 10% maior que a obtida no ano anterior.

"A produção de cachaça em Minas é crescente, porém não temos dados concretos sobre o número de produtores, principalmente por a maioria estar na clandestinidade. Queremos fazer o levantamento para organizar a cadeia e incentivar a legalização das marcas", afirma.

Os investimentos em marketing e maior divulgação da bebida também estão nas prioridades para 2012. Segundo Silva, além de ampliar a participação em feiras nacionais, o objetivo é divulgar o produto em eventos internacionais.

Um dos principais entraves do segmento, a falta de mão de obra capacitada, também poderá ter uma solução. Segundo Silva, está prevista a construção de um alambique-escola. O local para a instalação ainda não foi selecionado. O objetivo é ampliar a capacitação dos envolvidos na atividade, formar especialistas em cachaça e com isso ampliar a produção mineira, conservando a alta qualidade.

Para que a produção no Estado continue em crescimento, o governo do Estado, através do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), irá criar uma linha exclusiva de financiamento para os pequenos produtores.

"A disponibilização de uma linha de crédito exclusiva será fundamental para que os pequenos produtores invistam nos alambiques, o que, além de estimular o aumento da produção, favorece a qualidade e a redução dos custos de produção, através da melhor utilização dos recursos", disse.


Cooperativismo - Também está entre as metas para 2012 o maior incentivo ao cooperativismo, o que é fundamental para promover a legalização da produção e para estimular as exportações, que hoje representam menos de 1% do volume gerado no Estado.

"Precisamos organizar os pequenos produtores em cooperativas regionais para que o volume de cachaça artesanal de qualidade seja constante, para abastecer o mercado internacional. Com isso, iremos agregar valor ao produto e gerar maior renda", defende Silva.

Outro desafio é a redução dos impostos incidentes sobre o produto. Segundo Silva, o governo do Estado já está estudando a possibilidade de reduzir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 12% para 7%.

Além disso, através do Fórum da Cachaça, os representantes pretendem negociar com o governo federal para que o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) também seja reduzido. Atualmente, a cada garrafa de cachaça artesanal produzida são cobrados R$ 2,90, enquanto o IPI incidente na cachaça industrial é de apenas R$ 0,17 por garrafa.

"Queremos ampliar a competitividade da cachaça artesanal, o que só será possível através da redução dos impostos", arguementa Silva.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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