Plataformas de supermercado on-line buscam consolidação

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São Paulo - Plataformas de supermercado on-line surgidas nos dois últimos anos no Brasil começam a se consolidar em meio às varejistas tradicionais. Com diferentes modelos de negócio e um apelo em comum, o da praticidade, elas ocupam um nicho que parece não incomodar as redes de lojas físicas. Algumas até atuam em parceria com elas.

 

É o caso da Supermercado Now, fundada no fim de 2015 por Marco Zolet. “Começamos atendendo dez bairros e agora estamos em mais de 300 na cidade de São Paulo e no Grande ABC”, diz o empreendedor, que antes de abrir o negócio trabalhava na área de logística e finanças.

 

Zolet costurou uma série de parcerias com redes varejistas. Hoje, já são sete. Assim, conseguiu diversificar o portfólio de produtos e ampliar o raio de atuação da plataforma.

 

O saldo dessa movimentação pode ser observado no faturamento anual, que passou de R$ 800 mil em 2016 para mais de R$ 5 milhões em 2017. Parte do resultado será utilizada para aperfeiçoar estratégias comerciais e o marketing da plataforma, diz o empreendedor.

 

Para o coordenador do Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar/FIA), Claudio Felisoni, parcerias entre redes varejistas e plataformas de e-commerce podem se tornar vantajosas, no que diz respeito à competitividade, para ambos os lados, especialmente em tempos de crise.

 

“Pode ser mais interessante para uma rede de supermercados terceirizar e realizar parcerias do que internalizar essas atividades”, diz Felisoni. O especialista argumenta que startups com essa proposta demonstram mais eficiência e agilidade, uma vez que concentram todo o foco operacional no delivery.

 

A logística da Supermercado Now utiliza uma base de entregadores autônomos cadastrados na própria plataforma, que ganham uma taxa de comissão sobre cada entrega feita. Com cerca de 70 entregadores ativos, o CEO da Supermercado Now conta que ainda tem disponível uma base de 400 cadastrados em modo de espera. O “estoque” será ativado conforme a demanda de delivery que a startup receber.

 

Segundo Zolet, a plataforma vem apresentando uma taxa de crescimento de 20% a 40% ao mês, tanto em termos de faturamento como no número de pedidos.

 

O desempenho chamou a atenção de investidores. Entre o fim de 2016 e começo de 2017, a startup atraiu um aporte da ordem de R$ 1 milhão de um investidor anjo. No fim de 2017, a plataforma recebeu R$ 3,2 milhões de fundos geridos por famílias e executivos do mercado financeiro, de acordo com o empreendedor.

 

Com proposta similar, a startup Nuper diferencia-se em um aspecto: só aceita entregadores acima de 50 anos. De acordo com o fundador, Lucas Bittencourt, essa faixa etária está potencialmente ativa para “novas funções” devido à maior disponibilidade de tempo. É uma possibilidade de “reaquecer uma parte fria da economia”, diz.

 

Novata na comparação com as demais startups do nicho, que incluem nomes como Shopper e Superlist, entre outros, a Nuper entrou em operação em setembro de 2017, em São Paulo. A empresa tem oito entregadores ativos e uma base de 300 em modo de espera. Assim como a Supermercado Now, a plataforma pretende ativar os cadastros conforme a demanda.

 

A ideia da startup também atraiu o olhar de investidores. No início de 2017, os empreendedores ingressaram no programa da aceleradora ACE. Nos primeiros seis meses do processo, quando acontece a validação do modelo de negócio, houve aporte de R$ 120 mil na ideia. Além disso, a Nuper foi alvo também de investidores anjos, que injetaram R$ 500 mil na iniciativa.

 

Produtos frescos x industrializados

 

Por serem parceiras de varejistas, a Nuper e o Supermercado Now permitem ao usuário montar listas próprias de itens escolhidos entre todo o mix disponível nas lojas físicas das redes, inclusive alimentos frescos.

 

É uma proposta diferente da apresentada por outra pioneira das plataformas on-line no Brasil, a HomeRefill, lançada no segundo semestre de 2015, também em São Paulo, por Guilherme Aere.

 

A HomeRefill oferece itens básicos, como produtos de limpeza e alimentos industrializados ou de alto consumo, como arroz e feijão, que o cliente compra todo mês. A premissa da ferramenta é identificar o padrão das compras recorrentes de cada um.

 

Isso facilita o reabastecimento para o consumidor e permite à startup trabalhar com estoque próximo de zero. A empresa compra diretamente da indústria e conta com uma estrutura de logística mais complexa, que envolve centros de distribuição.

 

A plataforma oferece listas prontas de produtos básicos para diferentes perfis: solteiro, casado, gestante, lar com adolescentes, pequeno escritório, residência com idosos e república, por exemplo. É possível personalizar as listas e, sempre que necessário, incluir ou excluir itens.

 

Com cerca de 170 mil usuários cadastrados em São Paulo, a HomeRefill expandiu suas atividades para o exterior, em maio de 2017, em caráter de testes. Por meio de parcerias com empresas de logística e com indústrias locais, a plataforma se instalou na Arábia Saudita e em países do Golfo. “Até a metade de 2018 iniciaremos operações na África do Sul e na Índia”, diz Aere. O empreendedor não revela o faturamento.

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 


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