Empresas já trabalham para reduzir seu impacto ambiental

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                             Corporações, entretanto, reclamam da falta de políticas governamentais no Brasil que beneficiem quem já tem uma atuação mais sustentável em suas produções



Foz do Iguaçu - Falta vontade política para desonerar os tributos da produção e uso dos carros elétricos no Brasil e, assim, equiparar os preços destes veículos aos demais. A opinião foi dada na sexta-feira pelo diretor de veículo elétrico da Renault do Brasil, Carlos Santos

"O País investiu forte na matriz do álcool e agora no pré-sal. E ainda isenta de IPVA carros com mais de 20 anos, o que permite o acesso dos mais pobres à frota envelhecida, justamente a mais poluidora", disse durante debate promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) sobre o que as empresas estão fazendo para reduzir o impacto das mudanças climáticas nas cidades, incluído no 6º Fórum Mundial de Meio Ambiente, encerrado na sexta em Foz do Iguaçu (PR). O executivo ressaltou que a Renault investe para oferecer um carro 100% elétrico, "que não faz barulho nem emite poluentes", e com tecnologia capaz de abastecer em horários de menos sobrecarga do sistema. Santos acrescentou que a montadora também se dedica ao desenvolvimento de plataformas de compartilhamento de carros. "Até quando vamos continuar neste ritmo de crescimento de veículos em circulação nos centro urbanos?", questionou, lembrando os efeitos da poluição.

Uma maior atuação do poder público "na disseminação de políticas inovadoras com potencial para ampliar o engajamento do setor empresarial nas mudanças sustentáveis" foi ressaltada na Declaração de Foz do Iguaçu, documento final do evento. "A política tributária em todas as esferas de governo deve privilegiar sistemas de produção e o consumo de produtos sustentáveis, estimulando empresas a caminhar na direção da sustentabilidade."

Mesma relevância foi atribuída à política tributária de incentivo ao saneamento, com direcionamento de receitas de taxas como o PIS e a Cofins a investimentos na área, e desoneração de IPI para veículos com redução de uso de combustíveis e carros elétricos. A medida foi defendida pela coordenadora do Programa Rede de Águas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro: só neste ano as companhias municipais teriam R$ 198 milhões para investir no tratamento de água e esgoto, se o PIS e a Cofins dessas empresas fossem devolvidos ao setor.

Edificações

O avanço das edificações sustentáveis no País também depende de ações governamentais, sublinhou o diretor do Conselho Brasileiro de Construções Sustentáveis, Felipe Faria. "Ainda estamos no topo do setor da construção civil no Brasil. Para ingressarmos em uma nova fase, precisamos de incentivo público", disse, citando que o Brasil é o quinto país no mundo com maior número de projetos aprovados segundo as normas da certificação sustentável, com cerca de 300 edificações. "Felizmente, várias lideranças do setor já estão assumindo esta postura", acrescentou.

Este é o caso de Alexandre Frankel, presidente da Vitacon Empreendimentos, incorporadora imobiliária paulista entusiasta das soluções que aproximam locais de trabalho e moradias. "Ouço dizer que o mercado está mudando. E mudou mesmo. Menos carros estão circulando e cada vez mais são necessários menos escritórios", sublinhou o criador de um movimento na capital paulista com quatro mil seguidores, que trocaram o carro por outras formas de locomoção pela cidade. "O futuro é o compartilhamento de escritórios, de veículos e de moradias", comentou.

O diretor de meio ambiente da Tetra Pak América Latina, Fernando Von Zuben, destacou o papel cada vez maior das diversas certificações ambientais na produção econômica. "As empresas precisam entender que as cadeias de fornecedores devem ser certificadas", afirmou, citando que isso, além de preservar os recursos ambientais, garante espaço no mercado externo, cada vez mais exigente em relação a essas práticas no modo de produção econômica.

O poder de decidir por produtos e serviços menos prejudiciais ao meio ambiente deve ser mais exercido pelos brasileiros, que ainda não vinculam a ameaça de desabastecimento de água aos impactos das mudanças climáticas, ressaltou o fundador da Virada Sustentável, Andre Palhano. "Há uma falha na forma de comunicar as transformações ambientais. Mas, felizmente, está surgindo um novo tipo de ativismo nas cidades, diferente do tradicional, que ajudam a enfrentar mudanças, como a agricultura urbana, a busca de lazer longe do consumo em shopping center, as feiras de trocas", exemplificou. Segundo Palhano, a geração que nasceu com a internet, ou seja, os jovens de 20 anos, valoriza a economia compartilhada.



Veículo: Jornal DCI


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