Vendas não podem esperar pelo fim da crise

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Considerado o principal motor da economia brasileira nos últimos anos, o consumo das famílias registrou, no primeiro trimestre, a maior retração em 19 anos, desde 2001. O índice caiu 2%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O distanciamento social deixou muitos negócios de fora do radar dos consumidores. Bares, cinemas, academias e outras atividades foram interrompidas. Outros serviços prestados por decoradores e casas de costuras, por exemplo, deixaram de ser atraentes. Inevitavelmente, as vendas caíram, os investimentos foram interrompidos, as produções diminuíram, ao passo que as dívidas e o desemprego cresceram.

No olho do furacão, muitos empresários buscam inspirações para se reinventarem. Confinada há mais de três meses, a empresária e palestrante motivacional Leila Navarro faz parte dessa turma. “Sempre exercitei a imaginação para prever novos cenários. Mas nunca imaginei algo como o que estamos vivendo”, diz. “Entretanto, quem empreende não pode esperar. O pós-covid é agora”.

Leila foi uma das convidadas do programa SOS Empreendedor, do Fórum de Jovens Empreendedores (FJE) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na última terça-feira, 9/6, comandado por Alessandra Andrade, vice-presidente de relações com a juventude e inovação da ACSP e gestora do FAAP Business Hub, e Nando Gaspar, coordenador geral do FJE.

São tempos de incertezas, mas uma coisa é certa na opinião de Leila: muitos avanços tecnológicos devem marcar o consumo pós-covid. Para aqueles que sequer estavam presentes nas redes sociais, já não há mais opções.

A empresária destaca que mudanças de comportamento que já estavam em curso há algum tempo, mas que não eram reproduzidas em larga escala, passaram a fazer parte do processo de compra e venda de uma hora para outra. Perfil no Instagram, lives semanais, demonstração de produtos e serviços via internet e compras por videochamada se tornaram tão comuns quanto visitar uma loja física.

Usar a tecnologia para se aproximar de quem está distante se tornou comum também entre os empresários. Leila diz ter estabelecido novas parcerias e resgatado antigos contatos através da internet. “Um mar de oportunidades, um oceano de possibilidades e um universo de incertezas”.

Na tentativa de promover mais vendas e incentivar boas experiências de compra, a empresária alerta os donos dos próprios negócios a não esperar pelo fim da pandemia, a aprenderem a ouvir os clientes, a interagirem com o universo tecnológico, e estarem atentos aos países que já saíram do confinamento – provavelmente, eles nos ditarão o novo normal, na opinião de Leila.

PARCERIAS MULTILATERAIS


Com os recursos financeiros cada vez mais escassos, encontrar alguém que ofereça o que sua empresa precisa, e poder pagar com o que sua empresa produz, pode ser uma boa estratégia, de acordo com Rafael Barbosa, especialista em economia colaborativa, que também participou do SOS Empreendedor. O método, na opinião do especialista, pode funcionar bem por meio de parcerias multilaterais – uma vertente da economia colaborativa.

Definido como um modelo econômico sustentável, Barbosa acredita que à medida que os impactos da pandemia se aprofundarem, as empresas terão na permuta uma forma de promover suas atividades.

O modelo permite que empresas de todos os portes e profissionais liberais ofereçam e busquem os mais variados serviços e produtos em troca de outros num momento em que as empresas estão ociosas, especialmente as que não trabalham com itens essenciais.

“É preciso testar novos modelos de compra e venda. Quando a economia tradicional se retrai, a colaborativa entra em evidência e abre grandes oportunidades. É um bom momento para usar esse tipo de permuta para pagar alguns custos de mídia e ficar relevante no mercado sem sacrificar o caixa”, diz.

VÁ PARA A REDE

Com sua imagem associada a diversas marcas, Ciro Bottini, apresentador de vendas, foi um dos convidados do SOS Empreendedor e defende que a venda é a atividade que move qualquer empresa. Mesmo com o distanciamento e muitos comércios funcionando de forma parcial, Bottini acredita que é preciso entregar ao consumidor o mais próximo de uma experiência física. O conselho do especialista é simples: vá para rede.

Fotos, promoções, lembretes, vídeos e lançamentos são alguns dos recursos que ele sugere para manter a audiência interessada no seu negócio - uma comunicação quente tem o poder de dominar a mente do consumidor, argumenta Bottini. A seguir, veja algumas dicas do especialista para esse momento:

- Apaixone-se pelo seu produto

“Seja um apresentador do seu negócio, fale com encanto, entusiasmo, sorrindo, mantenha uma comunicação quente. Isso transmite confiança no produto”

- Esqueça a crise!

“Não fale com seu cliente sobre a crise, polarização política ou notícias ruins. Se ele (cliente) tocar no assunto, mantenha um posicionamento leve com foco num futuro promissor. Seja porta-voz da alegria”

- É barato e todo mundo recebe

“Envie tudo o que puder pelo Whatsapp. Peça ajuda para editar um vídeo, criar um banner ou criar uma foto interessante"

- Ouça seu cliente

“Assim somos capazes de entregar a melhor solução. Faça perguntas, processe as respostas e entregue a solução”

- Daqui a pouco tudo volta ao normal

“Não pense em retomada porque isso significa que você parou. Diversifique seus negócios e suas vendas. Quando quem parou, voltar ao normal, você terá novas atividades para suprir a deficiência do seu negócio principal”


Fonte: Diário do Comércio 


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