Cesta básica custa R$ 90 a mais do que no ano passado

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Com a pandemia do novo coronavírus, desvalorização cambial e incertezas em relação ao futuro, a economia vem sofrendo quedas em todo o mundo. Porém, o cenário também se reverteu na alta das compras do mês e acabou pesando ainda mais no bolso do consumidor. A cesta básica de maio ficou em R$ 726,50 no Grande ABC, praticamente R$ 90 a mais em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 86,57), alta de 13,53%.

Os dados são de pesquisa da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), que considera a cotação de 34 itens em mercados da região, baseada no consumo de uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.

A alta dos preços representa quase seis vezes a inflação nos últimos 12 meses - terminados em abril -, que ficou em 2,40%. No último mês, o IPCA (índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) chegou à deflação - queda de preços -de 0,31%, a menor desde agosto de 1998 (-0,51%). Neste ano, índice está em 0,22%.

De acordo com o engenheiro agrónomo responsável pelo levantamento, Fábio Vezzá De Benedetto, o aumento da maioria dos preços é resultado de diversos fatores. Do total dos 34 produtos com preços coletados, 20 tiveram alta, um permaneceu estável e 13 caíram. A alta foi de 3,70%, ou R$ 26,06 em relação a abril.

"Acho que é uma soma de incerteza económica, com toda essa especulação de como as coisas ficarão após a pandemia, inclusive a questão política, tudo isso dá uma bagunçada. As pessoas estão comendo mais em casa e diminuiu o consumo nos restaurantes, então os consumidores estão se abastecendo mais no mercado e uma demanda maior pode ter influenciado nos preços. Também tem a questão da desvalorização do real frente ao dólar, que impacta em diversos produtos", disse o especialista.

A questão cambial foi uma das principais a influenciar no preço da ’vilã’ da cesta deste mês. A cebola teve alta de 39,63% em relação a abril, chegando à média de R$ 5,99 o quilo.

O produto, que atualmente é importado da Argentina, tem um dos maiores preços de toda a série histórica, desde 2015, quando chegou à média de R$ 7,99 o quilo, já que precisou ser importada da Holanda. "Além do dólar alto, o processo também está mais demorado. A Argentina está restringindo essa questão por causa da pandemia", afirmou o engenheiro agrónomo.

O câmbio influencia nos preços dos produtos que são classificados como commodi-ties, ou seja, bens classificados como matérias-primas e que têm o preço determinado pela oferta e procura internacional. Entre eles está o boi gordo, que interfere no preço da carne (a de segunda teve alta de 9,20%, com o preço do quilo do acém em R$ 21,82, e o de primeira subiu 6,52%, com o quilo do coxão mole a R$ 28,52), do arroz (alta de 6,10%, com o pacote de cinco quilos a R$ 16,53) e da farinha de trigo (aumento de 16,06%, com o valor de R$ 4,46 a embalagem com um quilo).

A batata, que teve alta de 19,16% e custa em média R$ 6,32 o quilo, sofreu influência do tempo seco. Aliás, a onda de frente fria pode piorar ainda mais a situação do valor da cesta. "O dólar pode até recuar um pouco, assim como o consumo das famílias, mas as pessoas precisam comer. A nossa cesta é baseada no preço de alimentos e, dependendo de como será o período de inverno, teremos entressafra em muitos produtos, como o feijão (alta de 11,59%, a R$ 8,49 o quilo}. As famílias pobres são as mais impactadas e estão em uma sinuca de bico, sem alternativas. O que dá para fazer é tentar ao máximo incluir frutas de estação, como a laranja", afirmou.

Outras opções de mistura, como o frango e o ovo, também registraram alta neste mês. O primeiro, de 16,70% (R$ 7,68 o quilo) e, o segundo, de 2,10% (R$7,40 a dúzia). 


Fonte: Diário do Grande ABC 


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