Comércio em Minas acumula perda de R$ 10 bi

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As perdas do comércio de Minas Gerais devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19) já chegaram a R$ 10,03 bilhões. O Estado permanece na segunda posição em relação aos números negativos, atrás apenas de São Paulo.
Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e englobam o período de 15 de março a 2 de maio.


Em todo o Brasil, os prejuízos já somam R$ 124,7 bilhões, o equivalente a uma retração de 56% no faturamento habitual do varejo antes da pandemia.
As quedas mais acentuadas se deram nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, que concentraram nada menos do que 69,7% das perdas.

Decrescente – A entidade vem acompanhando semanalmente os recuos registrados no segmento comercial de todo o Brasil. Conforme destaca o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, perdas bilionárias são verificadas a cada nova pesquisa. Contudo, diz ele, já não são tão grandes como as vistas no fim de março.

Pelo menos dois fatores ajudam a explicar esse cenário, segundo Fabio Bentes. Um deles, diz o economista, tem a ver com o fato de que, de lá para cá, o varejo tem adotado estratégias de recuperação da receita, investindo em e-commerce, em m-commerce, vendas por aplicativo e serviços de delivery, por exemplo.

Além disso, a adesão ao isolamento social tem sido menor do que o registrado no fim de março, lembra ele. “As pessoas voltaram a circular mais. Isso, de certa forma, ajuda um pouco o varejo, mas não auxilia a economia. Se tem uma menor adesão ao distanciamento, prorroga-se o problema da pandemia por mais tempo”, ressalta ele.

Essenciais x não essenciais – Os dados da CNC também mostram que há uma grande discrepância entre as perdas nas vendas do varejo essencial – que engloba hipermercados, supermercados, minimercados, farmácias e drogarias – e do não essencial.

Para se ter uma ideia, entre os dias 15 e 21 de março, enquanto o varejo não essencial caiu 8,40% em todo o Brasil, o essencial não chegou a registrar qualquer tipo de queda.
Já entre os dias 26 de abril e 2 de maio, o varejo não essencial recuou 16,22%, enquanto o essencial retraiu 1,82%.

Nas sete semanas que se encerram no começo do mês de maio, os setores varejistas que comercializam itens não essenciais tiveram prejuízos na ordem de R$ 111,61 bilhões em todo o País. As perdas relacionadas às comercializações de medicamentos e alimentos, por sua vez, chegaram a R$ 13,12 bilhões na mesma base de comparação.

“As perdas nos setores de supermercados e de farmácias têm se dado em uma magnitude menor. Além de esses estabelecimentos terem permanecido abertos, existe também o fato de que, por mais grave que seja a crise, a última coisa que se costuma cortar são os gastos com alimentos e medicamentos”, destaca Fabio Bentes.

No entanto, frisa ele, mesmo assim houve retração no varejo essencial. Isso, afirma, é o reflexo das condições econômicas sobre o consumo. O economista lembra que muitas pessoas perderam emprego e renda, o que impactou todos os segmentos.

A situação de perda dos postos de trabalho ainda tende a piorar, segundo a CNC. De acordo com a entidade, se o cenário atual permanecer, 2,4 milhões de empregos formais poderão ser perdidos em um período de até três meses. No entanto, isso dependerá, ainda segundo a CNC, de como as empresas vão reagir diante das medidas governamentais e também da própria evolução da pandemia.

Vendas recuaram 2,1% no Estado em março


O comércio de Minas Gerais recuou 2,1% em março na comparação com fevereiro, na série com ajuste sazonal. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em todo o Brasil, a queda foi de 2,5%.

A supervisora de pesquisa econômica da entidade, Claudia Pinelli, destaca que a retração teve impactos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). O número, porém, diz ela, não foi maior porque as medidas de isolamento social foram tomadas apenas em meados de março. O começo do mês, portanto, seguiu o seu curso normal.

Os dados do IBGE também revelam que o comércio do Estado registrou queda de 1,3% na comparação entre março deste ano e o mesmo período de 2019. Já o desempenho acumulado do ano ficou estável e a variação acumulada em 12 meses apresentou um crescimento de 1,7%.

“O setor de comércio vinha apresentando taxas positivas. Agora, com a pandemia do novo coronavírus, é que veio essa queda”, destaca Claudia Pinelli.

Setores – De acordo com o IBGE, mesmo em meio à crise instalada pelas medidas de isolamento social adotadas como forma de combater a doença, alguns setores apresentaram expansão em Minas Gerais em março deste ano na comparação com igual período do ano passado.

É o caso, por exemplo, dos artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (15,3%), hipermercados e supermercados (4,6%) e equipamentos e materiais para escritórios, informática e comunicação (1,2%).

De acordo com Claudia Pinelli, o aumento nas compras de itens farmacêuticos e alimentícios em março não necessariamente tem a ver com uma corrida por estocá-los após o anúncio das primeiras medidas de combate ao novo coronavírus.

“O crescimento também se relaciona ao fato de as pessoas estarem por mais tempo em casa e aumentarem o consumo”, afirma.

Na variação acumulada no ano, os artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos também tiveram crescimento, de 11,7%, assim como na variação acumulada de 12 meses (10,6%). Hipermercados e supermercados apresentaram expansão, nos mesmos períodos, de 1,8% e 2,9%, respectivamente.

Do lado das quedas, alguns dos destaques de março deste ano em Minas Gerais em relação ao mesmo período do ano passado foram eletrodomésticos (-21,2%), tecidos, vestuários e calçados (-19,8%), móveis (-10,2%) e combustíveis e lubrificantes (-12).

Claudia Pinelli destaca que as pessoas passaram a concentrar as compras nos itens essenciais, o que ajuda a explicar a maior parte das quedas registradas no terceiro mês deste ano no Estado.

Os combustíveis e lubrificantes também apresentaram recuo na variação acumulada do ano (-10,2%) e na variação acumulada de 12 meses (-4,7%). O mesmo ocorreu com os eletrodomésticos, com retrações de 6,5% e 7,1%, respectivamente.

Já os móveis vinham mostrando crescimento e apresentaram expansão de 3,9% na variação acumulada do ano e de 7,7% na variação acumulada de 12 meses. Equipamentos e materiais para escritório e informática, nos mesmos períodos, registraram expansão de 6,1% e 10,7%, respectivamente.

Por sua vez, tecidos, vestuário e calçados tiveram uma variação no acumulado do ano de 0% e de -1 na variação acumulada de 12 meses. 

 

Fonte: Diário do Comércio 


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