Com déficit de US$ 1,7 bi, balança comercial tem pior resultado para janeiro desde 2015

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O Brasil teve déficit comercial de US$ 1,745 bilhão em janeiro, pior dado para o mês em cinco anos, afetado pela forte queda nas exportações, divulgou o Ministério da Economia ontem.

O resultado também foi o primeiro no vermelho para o período desde janeiro de 2015 (-US$ 3,185 bilhões) e frustrou projeção de um superávit de US$ 100 milhões, conforme pesquisa Reuters com analistas.

No primeiro mês do ano, as exportações caíram 20,2% na comparação com igual período do ano passado, pela média diária, a US$ 14,430 bilhões. Em apresentação, o Ministério da Economia afirmou que a redução ocorreu principalmente pela queda de US$ 1,3 bilhão na comercialização de plataformas de petróleo.

Também pesaram na conta o recuo na venda de petróleo em bruto (- US$ 592 milhões), em um ambiente "de fraca demanda mundial e cotações em baixa", e de pastas químicas de madeira (- US$ 445 milhões), em função dos baixos preços praticados e menores volumes embarcados. Já as importações recuaram em um ritmo bem mais modesto, de 1,3% na mesma base de comparação, a US$ 16,175 bilhões.

Sobre janeiro de 2019, caíram as importações nas categorias de combustíveis e lubrificantes e de bens intermediários, com retrações de 15,3% e 3,4%, respectivamente. Em contrapartida, aumentaram as compras de bens de consumo (+6,9%) e de bens de capital (+6,6%).

O Ministério da Economia ainda não divulgou suas expectativas para a balança comercial em 2020, mas já indicou que a perspectiva para o saldo das trocas comerciais é de piora em relação ao superávit de US$ 46,674 bilhões de 2019 pela melhoria esperada para a economia brasileira, o que tende a aumentar a demanda por importações. O Banco Central, por sua vez, prevê um superávit comercial de US$ 32 bilhões em 2020, estimativa que foi feita em dezembro e que ainda não considerou fatores que podem afetar negativamente as exportações brasileiras, pressionando ainda mais o resultado da balança comercial.

Temores - Entram nesse grupo os temores de que o coronavírus impacte a economia global e o desenrolar efetivo da Fase 1 do acordo comercial entre Estados Unidos e China, que pode recolocar os norte-americanos como grandes competidores do Brasil na venda de soja aos chineses.

Quanto ao coronavírus, o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, afirmou que não há por ora relato de impacto em operações portuárias no Brasil por causa da epidemia que começou na China. "Estamos monitorando. Na medida em que houver algum efeito sobre a economia chinesa, assim como todos os países do mundo, o Brasil também pode ser afetado", disse ele.

Nesse contexto, Brandão pontuou que a exportação de alimentos seria menos afetada, ao passo que as vendas de insumos industriais poderiam ser impactadas.

Já em relação à competição com os EUA na venda de soja para a China, ele destacou que a demanda chinesa pela commodity já é menor por causa da peste que afetou o rebanho suíno naquele país.

"Não vejo isso (Fase 1 do acordo comercial EUA-China) sendo um grande fator a influenciar o embarque de soja", avaliou Brandão, pontuando que, com o maior apetite externo por carnes, o Brasil deve demandar internamente mais soja para alimentar os animais. Com isso, menos grãos devem sobrar para exportação, frisou.


Fonte: Diário do Comércio    


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