BRF e Carrefour estão entre empresas com resultados trimestrais afetados por greve

Leia em 2min 30s

Como resultado da greve, cerca de 167 fábricas do setor de carnes pararam as operações, causando 3 bilhões de reais em prejuízos para empresas processadoras de carne suína e de frango, segundo estimativas da associação que representa o setor, ABPA.

 

Isso veio em cima da decisão do governo brasileiro de suspender a exportação de algumas unidades da BRF e da proibição da União Europeia de importação de alguns produtos de carnes brasileiros que assustaram os investidores.

 

“Para o segundo trimestre, esperamos que a maior parte destas companhias, especialmente a BRF, mas também a JBS , mostrem pressões sobre as margens na comparação anual”, disse Benjamin Theurer, analista do Barclays, na Cidade do México.

 

Apesar da greve ter durado menos de duas semanas, os efeitos colaterais duraram muito mais tempo, acrescentou Theurer, com as filas de navios esperando para entrar nos portos recuando lentamente. Já analistas do BTG Pactual estimam que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da BRF caia cerca de 32 por cento na comparação anual.

 

Mais abaixo na cadeia de suprimentos, varejistas de alimentos como o GPA e o Carrefour Brasil, que pertencem respectivamente aos franceses Casino Guichard Perrachon SA e ao Carrefour SA, também sentirão o impacto.

 

“Produtos de alta rotatividade, commodities, produtos que vencem praticamente diariamente, foram atingidos pela greve de duas semanas”, disse Rogerio Soares, sócio na Eneas Pestana & Associados, uma das principais consultorias em varejo do Brasil.

 

Uma série de outros setores expostos ao varejo, como operadores de shopping centers, que incluem BR Malls Participações e Iguatemi, também deve mostrar efeitos da paralisação dos caminhoneiros nos resultados.

 

Nem tudo foi ruim

 

O cenário macroeconômico, no entanto, não foi totalmente negativo no segundo trimestre. Em antecipação ao início da Copa do Mundo da Rússia, as vendas de uma série de setores, incluindo cervejarias como a Ambev e a rede de móveis e eletrodomésticos Magazine Luiza, subiram. Além disse, algumas companhias viram efeitos positivos da greve dos caminhoneiros.

 

A proibição de exportações de carne de aves para a UE levou a políticas de preços extremamente agressivas no mercado doméstico. Mas a greve dos caminhoneiros reduziu a oferta das granjas que se viram forçadas a abater milhões de animais, reduzindo a pressão de sobreoferta no mercado interno, disse Theurer, do Barclays.

 

No início de julho, o GPA publicou forte crescimento de receita, apesar da greve dos caminhoneiros ter atingido 0,7 por cento do total das vendas do grupo. O desempenho foi apoiado pela bandeira de atacarejo Assaí.

 

Conforme muitas companhias de alimentos e bebidas não conseguiram entregar seus produtos diretamente aos clientes como resultado da greve, estes clientes recorreram às lojas de atacarejo. “As lojas de atacarejo ajudaram a preencher este vácuo”, disse Soares.

 

Fonte: Reuters

 

 


Veja também

Carne criada em laboratório deve chegar ao mercado até 2021

A carne criada em laboratório deve chegar ao mercado até 2021. A startup holandesa Mosa Meat, fundada pelo...

Veja mais
Em ascensão, carne em porções traz vantagens ao varejo e ao consumidor

Para sustentar a demanda de praticidade dos centros urbanos, muitos estabelecimentos têm optado por disponibilizar...

Veja mais
Citros: Seca prejudica qualidade das laranjas da safra 2018/19

Com o volume de chuvas abaixo da média durante o primeiro semestre deste ano em São Paulo, o desenvolvimen...

Veja mais
Ovos: oferta elevada reduz poder de compra de avicultor

O poder de compra do avicultor de postura frente aos principais insumos utilizados na atividade, milho e farelo de soja,...

Veja mais
Preços de mercado de suínos paulista voltam a aquecer

O mercado de suíno vivo nesta quarta-feira (18) deu sinais de que as quedas dos preços foram estancadas, s...

Veja mais
Suínos: Diferença entre preço do suíno vivo e do frango é a menor em 11 anos

O suíno vivo e o frango seguem se desvalorizando no mercado brasileiro. No entanto, na parcial de julho, o pre&cc...

Veja mais
Atacado: carne bovina sem osso não sobe no começo do mês

A carne sem osso não acompanhou a retomada dos preços do boi casado, iniciada no começo de julho. O...

Veja mais
Suínos: Alta do vivo e recuo de insumos elevam poder de compra

O poder de compra do suinocultor aumentou em junho na maior parte das praças acompanhadas pelo Cepea. A justifica...

Veja mais
Carne sem osso firme e com osso em queda

Mercado de carne sem osso mantém a firmeza que já dura onze semanas. Neste período nenhuma desvalor...

Veja mais