Custo da produção de leite vai diminuir no ano

Leia em 3min 30s

A atividade será beneficiada pela redução dos gastos com suplementação do animais, devido a ampla oferta de milho no mercado interno, diz a executiva do IBGE, Ângela da Conceição Lordão

 

São Paulo - A queda dos custos de produção do leite e o aumento dos preços pagos ao produtor por litro devem garantir um bom ano aos pecuaristas. A junção desses fatores sustenta ainda a perspectiva de incremento na produção para este ano.

 

"O valor pago ao produtor registrou o quarto aumento consecutivo", afirmou o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Thiago Rodrigues.

 

A queda na produção no ano passado sobre 2015, para 33,6 bilhões, de litros aumentou a disputa pelo produto e, consequentemente, os ganhos do produtor. No fechamento do mês de maio, o preço por litro atingiu R$ 1,39, equivalente a alta de 9,4% em relação a janeiro, quando o valor médio pago ao produtor era de R$ 1,27. "Para junho, esperamos a manutenção dos preços, mas ainda assim o cenário é favorável", avalia Rodrigues.

 

O motivo é a entrada da safrinha de milho no mercado, o que deve reduzir os gastos com a alimentação dos animais. Conforme o assessor, há um ano a saca de 60 quilos do grão custava R$ 44, impactada pela quebra na produção que fez com que a cotação disparasse. Em junho deste ano, os preços cobrados pela saca estão na casa dos R$ 26, na média nacional, uma redução de 42%.

 

O milho é essencial em duas etapas da alimentação das vacas leiteiras. O concentrado responde por 30% a 40% dos custos. Contando com a silagem, o grão responde por 70% dos gastos do produtor. "Os preços do milho estão caindo desde o final do ano passado, mas o impacto vai ser sentido mais agora, com o inverno."

 

Nos últimos 12 meses o custo diário de alimentação das vacas leiteiras caiu 42%, incluindo a alimentação a pasto e a suplementação. Há um ano, o gasto era de R$ 3,73 por vaca por dia, considerando um animal com produção de 15 litros. "É uma economia de R$ 1,56", salientou Rodrigues.

 

A expectativa positiva é compartilhada pela superintendente de atividade pecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ângela da Conceição Lordão. "O aumento na oferta de milho deve reduzir o custo de produção também para aves e suínos", acrescentou ela.

 

Trimestre

 

O levantamento trimestral de abate do IBGE referente ao primeiro trimestre deste ano já começa a refletir esse impacto. Mas, segundo ela, a influência dos preços do milho deve se intensificar nos trimestres seguintes, caso a safra recorde no Brasil se confirme.

 

Segundo o IBGE, a aquisição de leite pelas indústrias de janeiro a março atingiu 5,87 bilhões de litros, quebrando a sequência de duas quedas consecutivas no período. O volume é 5,9% menor que do trimestre anterior e 0,1% maior que o do mesmo período do ano passado.

 

Os abates de frango também cresceram 0,3% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Foram abatidas 1,4 bilhões de aves. Já os abates de suínos somaram 10,4 milhões de cabeças, aumento de 2,6% ante o primeiro trimestre de 2016. Nos dois segmentos as exportações tiveram papel relevante para os resultados, assim como a opção do consumidor por carnes mais baratas.

 

Por outro lado, o abate de bovinos recuou 0,7% na comparação anual. Foram abatidas 7,3 milhões de cabeças, com aumento da participação de fêmeas. "Isso reflete o aumento do descarte de fêmeas que não emprenharam e a virada para o ciclo de baixa", complementa o analista da Scot Conultoria, Alex Lopes.

 

Ele acredita que a situação deve permanecer durante o segundo trimestre deste ano, já que o produtor deve liberar espaço para a criação de animais mais baratos.

 

 

 

Fonte: DCI 


Veja também

Mercado de cervejarias artesanais promete dobrar de tamanho em 5 anos

Premiada mundo afora, a cerveja brasileira está conquistando cada vez mais os consumidores. Com este mercado em e...

Veja mais
Indústria brasileira de vinho vê espaço para ampliar vendas

São Paulo - A indústria brasileira de vinhos quer ganhar espaço no mercado interno, apesar da fraqu...

Veja mais
Krug Bier completa 20 anos de mercado

Com um volume de produção que beira 200 mil litros por mês, a fábrica de cervejas artesanais ...

Veja mais
Preço do café robusta sobe com colheita lenta

Os preços de café robusta estão em alta no País apesar de a colheita já estar em anda...

Veja mais
Empresa de sucos Natural One quer crescer 100% em 2017

Com apenas três anos de vida, a empresa de sucos, Natural One projeta um crescimento de 100% este ano, afirma Clau...

Veja mais
Com grande safra, estoque de suco saltará após mínima histórica

Os estoques globais de suco de laranja do Brasil, maior exportador mundial, devem terminar a temporada 2017/18 (julho/ju...

Veja mais
Estoques de suco de laranja do Brasil devem crescer ao menos 185% na nova safra

São Paulo - Os estoques globais de suco de laranja do Brasil devem terminar a temporada 2017/18 (julho/junho) com...

Veja mais
Grapette de volta às prateleiras em Belo Horizonte

Presente na memória de muitos brasileiros, o refrigerante Grapette, que ficou conhecido pelo slogan "Quem bebe Gr...

Veja mais
Fabricante de bebidas Pouso Alto projeta expansão de 35%

São Paulo - A fabricante de bebidas Pouso Alto espera ampliar em 35% o faturamento neste ano, depois de investir ...

Veja mais