Confiança do consumidor cai 2,3% e atinge o menor nível

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                                    Indicadores continuam apontando para cenário de incertezas econômicas, devido à inflação e aos juros elevados, além do aumento do desemprego



São Paulo - A confiança do consumidor brasileiro continuou a mostrar deterioração neste mês de julho, conforme apontou o índice da Fundação Getulio Vargas (FGV), recuando 2,3% na comparação com o mês anterior e atingindo o menor nível da série histórica.

O impacto da crise atingiu também o Índice de Confiança do Comércio (Icom), ou seja, a percepção do mercado entre os empresários. O indicador recuou 1,0% em julho na comparação com o mês anterior, representando a terceira queda seguida e atingindo também o menor nível do estudo, informou a FGV.

A percepção dos consumidores sobre a situação atual da economia é a pior desde setembro de 2005, quando teve início a série da Sondagem do Consumidor, apurada pela FGV. Ao todo, 82,7% das famílias apontam que a situação da economia é ruim. Outros 12,2% acham que o momento é "normal", o nível mais baixo da última década, apontou a instituição.

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu a 82,0 pontos em julho, contra 83,9 pontos em junho, registrando queda pela quarta vez neste ano. Depois de uma leve alta em maio, o índice voltou a mergulhar nos últimos dois meses. Só em julho, o recuo foi de 10,8% em relação ao mês anterior. Apenas 5,1% dos consumidores avaliam que a situação está boa. "A queda vem sendo influenciada pela insatisfação e pessimismo em relação à economia e piora da situação financeira das famílias", diz a coordenadora da pesquisa, Viviane Bittencourt.

Compras

Diante do quadro macroeconômico atual, parece que os consumidores não veem motivos para ir às compras. A intenção de consumo de bens duráveis caiu 3,5%, para 69,7 pontos. Trata-se do menor nível desde outubro de 2005, quando estava em 68,4 pontos. O quesito foi o que mais pesou para a queda nas expectativas em julho.

O clima de otimismo parece realmente ainda distante com relação aos empresários do segmento. "Não há sinalização de melhora da atividade do setor para os próximos meses", destacou o consultor da FGV/Ibre Silvio Sales.

"De modo geral, os indicadores se mantêm em patamar historicamente baixo e as expectativas prosseguem piorando, em linha com o contexto de redução no nível de emprego e desaceleração do consumo doméstico."

O cenário para o comércio brasileiro neste ano é de inflação e juros elevados, com desemprego aumentando. Diante disso, em maio as vendas no varejo brasileiro caíram 0,9%, no pior desempenho em 14 anos para esse mês. E segundo a FGV, o Índice de Situação Atual dos comerciantes (ISA-COM) caiu 5,2% em julho, para 71,2 pontos. Tudo indica que a baixa confiança tanto de consumidores como de empresários diante da fragilidade econômica e dificuldade de recuperação da atividade deve se manter ainda nos próximos meses. O Índice de Expectativas recuou 2,4%.

Empresas positivas

Apesar das pesquisas, vários setores do comércio varejista ainda mantêm boas perspectivas para este ano. Algumas empresas tentam evitar o pessimismo. Dizem que apesar da desaceleração do consumo, ainda esperam crescer, principalmente em setores como franquias, home centers, cosméticos e moda íntima.


Veículo: Jornal DCI


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