Salário formal tem 1ª queda em 11 anos

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                                  Piora no mercado de trabalho fez com que remuneração recuasse no primeiro semestre de 2015



A piora do mercado de trabalho provocou uma queda real (descontada a inflação) nos salários médios de admissão dos profissionais com carteira de trabalho. No primeiro semestre, a remuneração dos trabalhadores foi de R$ 1.250,39, abaixo do salário de R$ 1.2711,10 pago pelas empresas entre janeiro e junho de 2014, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A queda é a primeira da série histórica para esse indicador, iniciada em 2003.

O recuo no salário dos brasileiros com carteira de trabalho está diretamente associado à piora da atividade econômica e do emprego. O mercado já estima uma recessão para 2015 de 1,7% e, no primeiro semestre, o País fechou 345 mil postos o pior resultado desde 2002. "A deterioração do mercado de trabalho se mostrou mais rápida do que o esperado", afirma Fabio Romão, economista da consultoria LCA.

Em alguns Estados, como Pernambuco, Rondônia e Alagoas, a redução no salário de admissão chega a 5% de janeiro a junho (ver mais ao lado).

A Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, também apontou essa piora no rendimento dos profissionais com carteira de trabalho do setor privado. O recuo no salário desse grupo explicou 40% da queda real de 2,7% no rendimento total apurado na economia entre janeiro e abril, segundo um levantamento da consultoria Tendências. "Essa dado reforça o diagnóstico do Caged de que o salário de entrada no mercado formal tem diminuído", afirma Rafael Bacciotti, economista da Tendências.

A perda do poder de barganha do brasileiro na negociação salarial ocorre por causa da inflação elevada e também pela piora da economia, que leva mais trabalhadores a procurar emprego ao mesmo tempo em que as empresas ofertam menos vagas.

Em junho, por exemplo, o Indicador do Mercado de Trabalho Catho-Fipe apontou uma redução de 14,1% na quantidade de vagas abertas pelas empresas na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Em 2012, apesar do baixo crescimento, o número de vagas criadas pelas empresas rodava muito acima da taxa de admissão da economia", diz Raone Costa, economista responsável pelo estudo. "Agora, ocorre o contrário: a quantidade de vagas está caindo há um ano."

Precarização. Com a piora do emprego com carteira assinada, o mercado de trabalho brasileiro tem enfrentado um processo de precarização. Nos 12 meses encerrados em maio, segundo os dados do IBGE, 213 mil profissionais deixaram o emprego com carteira de trabalho na iniciativa privada. Nesse mesmo período, a quantidade dos trabalhadores chamados de por conta própria - com remuneração mais baixa - aumentou em 136 mil.

Um outro indicativo dessa precarização se dá pela piora da relação entre os salários de admissão e desligamento. A economia tem enfrentado um processo de substituição dos profissionais caros pelos menos custosos. "O salário de admissão concentra os jovens com pouca experiência e aquelas pessoas que perderam o emprego e aceitam uma remuneração aquém da desejada para poder se recolocar no mercado de trabalho", diz Romão, da LCA.



Veículo: Jornal O Estado de S.Paulo


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