Terceirização de cosméticos atrai estrangeiros

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O setor brasileiro de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos faturou em 2011 mais de US$ 43 bilhões, alta de 18,9% sobre 2010, se considerados os preços ao consumidor. Com o crescimento da demanda, cada vez mais empresas optam por expandir sua oferta de produtos sem investir em ativos fixos, recorrendo à terceirização da produção. De olho nesta oportunidade de negócio, companhias estrangeiras chegam para disputar o mercado nacional.

A francesa Fareva planeja ser a segunda maior terceirista do País ainda em 2012. Já a italiana Chromavis vem preencher uma lacuna do mercado local, produzindo maquiagem de alto valor agregado. A líder nacional em terceirização de cosméticos, Provider, uniu-se à portuguesa ColepCCL para fabricar aerossóis.

A Fareva inaugurou há duas semanas sua primeira fábrica no Brasil em Itupeva (SP), com investimento de 37 milhões de euros (R$ 92 milhões), valor que deve chegar a 41 milhões de euros ao fim de 2012. A empresa espera fechar o ano com capacidade produtiva de 310 milhões de unidades anuais e utilização de 70% desse potencial, empregando 280 pessoas no País. Numa próxima etapa de expansão, a fabricante planeja atingir capacidade produtiva de 400 milhões de unidades ao ano na unidade.

Além da planta própria, a companhia realizou uma fusão com a brasileira K&G, que possui duas fábricas e um centro de distribuição em Louveira (SP). O negócio, de valor não revelado, tem maior participação de capital da companhia francesa, que, no entanto, espera contar com o reconhecimento da empresa brasileira no mercado nacional - daí não se falar em "aquisição". A companhia afirma analisar oportunidades de aquisição, agora na área farmacêutica, em que também atua em sua região de origem.

"Esperamos chegar ao fim do ano com 300 milhões de unidades vendidas; calculo que seremos o segundo maior do Brasil", diz o gerente de Vendas da Fareva, Thibaut Fraisse. A fábrica em Itupeva produzirá perfumaria, aerossóis e cosméticos; já as fábricas da K&G complementam o portfólio, com xampus, cremes e amostras de perfume. "A única coisa que não temos hoje é maquiagem, mas temos planos para entrar neste segmento posteriormente", diz o executivo.

Com 31 fábricas no mundo e presença em nove países, a empresa foca sua expansão neste momento nos mercados dos EUA e do Brasil. "Estamos no Brasil porque clientes pediram isso", diz Fraisse, referindo-se à expansão dos mercados emergentes como alternativa à crise europeia. Ele não revela as empresas que atende, mas diz trabalhar com franquias, marcas próprias e, principalmente, empresas que atuam no setor de venda direta.

A Chromavis, por sua vez, inaugurou no segundo semestre de 2011 uma planta própria em Cotia (SP), com capacidade produtiva de 22 milhões de unidades ao ano, empregando 30 pessoas. Em 2012, a produção da empresa deve atingir 3 milhões de unidades. No Brasil, a companhia processa pós importados da Itália, que são compactados ou baked (cozidos, em inglês) aqui. A fabricante ainda oferece produtos importados de suas outras plantas - a empresa está presente em mais de 50 países -, como máscaras, lápis e esmaltes.

"Nossa particularidade é que somos mais uma empresa de desenvolvimento de fórmulas do que propriamente terceiristas", afirma o diretor de Operações Nicolas Wierdack. "Não estamos interessados em simplesmente terceirizar a produção para grandes marcas do Brasil, queremos oferecer fórmulas para esse mercado, trazer para o cliente novas tecnologias e tendências de cores e texturas, para que essas marcas tenham em mãos sempre um produto atualizado", diz.

A empresa italiana também não revela seus clientes. "Estamos trabalhando com as principais marcas brasileiras de cosméticos", afirma Wierdack. Segundo ele, a expectativa da companhia é que a operação brasileira seja a segunda maior no mundo em cinco anos, atrás da Europa e dos países do leste europeu. O crescimento no País deverá ser orgânico, não por meio de aquisições. "Estamos trabalhando com um turno, mas há a possibilidade de ampliar para mais dois turnos."

De acordo com o executivo, a demanda por produtos de valor agregado mais alto deve possibilitar esse crescimento. Outra característica do mercado nacional, diz ele, é a procura por full service. "Além de vender o semiacabado, o pó compacto, o blush, a sombra, o cliente quer que a Chromavis faça a montagem do produto no estojo. Percebemos que, além da diferenciação em termos de produto, o cliente busca diferenciação em termos de serviços", relata. A líder do mercado nacional, Provider, já sente a movimentação da concorrência. "Além das estrangeiras, o crescimento da demanda tem trazido um número grande de pequenas e médias empresas", diz o sócio Marcelo Matarazzo. Segundo ele, a companhia espera fechar o ano com a produção de 400 milhões de unidade, um crescimento pequeno (3% a 4%) em relação a 2011, por conta do ano mais difícil.

A companhia, que emprega 1,4 mil pessoas, conta com 30 linhas de produção. Desde 2010, firmou uma joint venture com a portuguesa ColepCCL, parte do RAR Group, para produzir aerossóis. Entre seus clientes, estão Avon, Natura, Hypermarcas, Unilever e P&G. Apesar o aumento da concorrência, Matarazzo vê potencial para crescimento. "Se o Brasil continuar crescendo, sim, mas na Europa, por exemplo, como resposta à crise, muita gente saiu do terceiro porque estava sobrando capacidade interna", pondera.


Veículo: DCI


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